Por: Adalberto Luque
A Polícia Civil realizou uma megaoperação, na manhã desta sexta-feira, 24 de outubro, contra integrantes da quadrilha que assaltou um condomínio de apartamentos de alto padrão, com um por andar, na rua Campos Salles, Centro de Ribeirão Preto. O assalto ocorreu em 24 de setembro.
Segundo o delegado responsável pelas investigações do caso, André Baldochi, foram cumpridos seis mandados de prisão temporária e 14 de busca e apreensão. Mais quatro integrantes da organização criminosa foram presos.
Outros dois identificados não foram encontrados e seguem sendo procurados. Outra identificada que segue foragida é Júlia Moretti de Paula. Policiais civis estiveram em Itajaí (SC), onde havia notícias de que ela estaria, mas a mulher não foi localizada.

Baldochi disse que um destes presos, Vinícius Lúcio dos Santos, integra o núcleo operacional, formado pelos homens e mulheres que participaram efetivamente do assalto aos moradores do condomínio. Ele é um dos que rendem um morador idoso.
Outro preso, integrante do núcleo logístico foi o responsável por fornecer os veículos clonados, usados no assalto. E outros dois seriam do núcleo financeiro. “Eles são receptadores das joias roubadas. Cerca de 20 minutos depois do roubo, um deles já estaria avaliando as joias”, explica o delegado.
A Polícia Civil apura se há ligação entre esses dois presos e outro joalheiro, preso há dois meses, por receptação de joias que, após roubadas, foram vendidas através de um programa de televisão produzido em Curitiba (PR).
O delegado conta que o grupo é extremamente organizado, mas que a Polícia Civil respondeu da mesma forma. Dos 17 integrantes já identificados, 14 estão presos.
Baldochi também disse que o grupo usa métodos sofisticados para planejar os assaltos – este não foi o único. Sem citar como, para não prejudicar as investigações, disse que não contaram, necessariamente, com informações de alguém que more ou trabalhe no prédio, mas obtiveram com outros métodos.
Além disso, o delegado explicou que eles utilizam equipamentos para clonar portões eletrônicos – o que também não teria ocorrido neste crime do Centro de Ribeirão Preto. E conseguem sintonizar a frequência da PM.

“Eles estavam calmos durante boa parte do roubo. Depois foi aquela correria, nas imagens que já foram divulgadas, na garagem do prédio, quando fugiram correndo. É que souberam que a PM havia acabado de ser avisada sobre o roubo em andamento”, revelou o delegado.
Segundo Baldochi, a princípio acreditava-se que os integrantes da quadrilha eram de outras regiões. “Mas depois constatamos que boa parte é mesmo de Ribeirão Preto”.
Pelo menos mais quatro pessoas ainda não identificadas teriam participado do núcleo operacional. E o delegado acredita que outros integrantes com participação efetiva ou eventual atuaram no assalto ao condomínio de luxo.

Todos os presos desta sexta-feira já passaram para audiência de custódia e foram levados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ribeirão Preto. As prisões são temporárias, por 30 dias, prorrogáveis por outros 30 dias. As defesas dos envolvidos não foram encontradas. Os nomes de três dos quatro presos não foram divulgados para não atrapalhar os trabalhos da Polícia Civil. As investigações prosseguem para identificar outros envolvidos e localizar os já identificados e procurados.
Entenda o caso
Na manhã de 24 de setembro, cerca de dez homens fortemente armados renderam moradores e funcionários do Edifício Jatiúca, condomínio de alto padrão na rua Campos Salles, Centro de Ribeirão Preto. O prédio tem 15 andares, um apartamento por andar.
Pelo menos quatro integrantes passaram a noite em um apartamento alugado, no 13º andar. Pela manhã, renderam zelador, porteiro, empregadas domésticas e moradores que desciam para a garagem. Depois subiam com as vítimas para os apartamentos, onde faziam os roubos e transferência via Pix usando celulares das vítimas.
Pouco antes das 9h30, o grupo fugiu nos três carros, dois encontrados dois dias depois do assalto já queimados e o outro, um Caoa Chery Tiggo azul escuro, foi encontrado horas depois do roubo, na garagem de um prédio da rua Itaguaçu, Ipiranga, Zona Norte de Ribeirão Preto, usado como base de apoio para parte dos assaltantes.

No apartamento foram encontrados vários objetos usados no assalto, como armas, perucas, capuzes, além de joias, R$ 75 mil em dinheiro e celulares.
Fabiana de Paula Fernandes Miranda e Pablo Rodrigues Cardoso, ambos integrantes do núcleo logístico, foram presos horas depois do assalto. A mulher teria feito o Pix do depósito caução para a imobiliária onde Júlia alugou um apartamento no prédio roubado, usando documento falso.
O núcleo financeiro inicialmente teve quatro homens presos. Eles seriam os responsáveis por ceder as contas bancárias para receber as transferências via Pix feitas durante o assalto. Sidney Américo Vieira e Felipe Moreira da Mata foram presos em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Já João Paulo César Freires de Oliveira e Widman Henrique Américo Barbosa foram detidos na Estação Sé do Metrô, na capital. Os quatro integrantes do grupo financeiro foram presos no dia do assalto.

O primeiro integrante do núcleo operacional foi Carlos Alberto da Silva. A prisão ocorreu no dia 26 de setembro. Depois, na noite de 30 de setembro, foi a vez de Luís Rinaldo da Silva, também apontado como participante do núcleo operacional, ser preso na Capital. Ele foi localizado na Vila Mariana, zona Sul da capital, com R$ 7 mil em dinheiro e várias roupas novas compradas em um outlet próximo a Ribeirão Preto.
Em 1º de outubro, André Luiz Pereira Nunes foi preso em Ribeirão Preto. Ele estava em um veículo que transitava pela zona Leste e foi parado pela Polícia Civil no cruzamento das avenidas Plínio de Castro Prado e Francisco Junqueira, no Jardim Macedo. Também foi apontado como integrante do núcleo operacional.

Quem também é acusado de participar do assalto no prédio foi Henrique Eduardo Loureiro Monteiro, preso em 3 de outubro, em um apartamento no Jardim João Rossi, zona Sul da cidade.
Até então, eram 10 presos, sendo dois do núcleo logístico, quatro do financeiro e quatro do operacional. E Júlia Moretti de Paula, que integraria tanto o núcleo logístico, quando operacional, identificada, mas foragida.
Após a Operação Cercado, mais quatro foram presos, totalizando então três do núcleo logístico, seis do núcleo financeiro e cinco do operacional. São 14 presos dos 17 já identificados.

