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Semas enfrenta fila de idosos e desafio social histórico

Júlio Balieiro lida com o desafio de tornar cuidado em política pública | Foto: Max Gallão Mesquita

Especialista em Administração Pública e Gerência de Cidades, e à frente da Secretaria de Assistência Social de Ribeirão Preto (Semas), o secretário Júlio Balieiro, tem como desafios desenvolver ações e projetos para a população em situação de vulnerabilidade do município.

Entre eles, está o de quantificar o total de pessoas em situação de rua na cidade, conhecer o que as levou a esta condição social, e criar políticas efetivas e eficientes de reinserção delas.

Também tem que correr contra o tempo para viabilizar vagas em asilos para 96 idosos cadastrados na Semas que há muito tempo esperam uma vaga. O mais recente chamamento para entidades interessadas em oferecer novas vagas, aberto este ano, não teve interessados.

 

Tribuna Ribeirão – O senhor está há quase dez meses à frente da Secretaria Municipal de Assistência Social. Como avalia este período à frente da pasta?

Júlio Balieiro – Estar à frente de uma pasta com tamanha responsabilidade tem sido um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma experiência enriquecedora. Desde o início da gestão, temos procurado manter o ritmo de trabalho determinado pelo prefeito Ricardo Silva, com foco na eficiência e na resolutividade. Visitamos todos os equipamentos da rede socioassistencial, reavaliamos fluxos e processos, e definimos estratégias para aprimorar o atendimento à população. Em nove meses, avançamos em diversos eixos e já colhemos resultados importantes. Ainda há muito por fazer — e novos equipamentos estão a caminho, como o Bom Prato, casas de acolhimento para crianças e adolescentes e três novas Casas de Passagem, que ampliarão significativamente a capacidade de atendimento e transformarão a realidade social de Ribeirão Preto.

Tribuna Ribeirão – Um dos problemas visíveis em Ribeirão Preto diz respeito às pessoas em situação de rua. Existe levantamento recente sobre quantos eles são e em que locais existe maior concentração?

Júlio Balieiro – Desde o início da gestão, reorganizamos o atendimento à população em situação de rua. As equipes do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) ampliaram e descentralizaram as ações, alcançando novos territórios e perfis de vulnerabilidade. Hoje, estima-se que cerca de 2.000 pessoas estejam em situação de rua no município. Destas, aproximadamente 72% estão cadastradas no programa Bolsa Família e residem na cidade há mais de um ano. Em 2026, realizaremos um censo específico para consolidar o número oficial e orientar políticas públicas baseadas em dados técnicos.

Desde o início da gestão, reorganizamos o atendimento à população em situação de rua. As equipes do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) ampliaram e descentralizaram as ações”

Tribuna Ribeirão – Que ações e projetos têm sido desenvolvidos pela Semas para este público?

Júlio Balieiro – Ribeirão Preto conta atualmente com o Centro Pop, que oferece banho, alimentação e acompanhamento psicossocial durante o dia, além de dois serviços de acolhimento feminino e cinco Casas de Passagem masculinas, que funcionam 24 horas com foco na reintegração social. Equipes de abordagem percorrem diariamente as ruas, ofertando acolhimento e encaminhamento para os serviços da rede. Em breve, três novas Casas de Passagem serão inauguradas, ampliando em 150 vagas a capacidade de acolhimento do município.

Tribuna Ribeirão – Por ser a maior cidade da região, Ribeirão Preto acaba atraindo mais pessoas em vulnerabilidade, como as em situação de rua?

Júlio Balieiro – Sim. Ribeirão Preto, por sua estrutura e importância regional, acaba atraindo pessoas de diversas localidades. No entanto, a Secretaria não faz distinção de origem: nosso compromisso é com a proteção social de todos os cidadãos em situação de vulnerabilidade. Trabalhamos nas ruas, com equipes especializadas, e na retaguarda, fortalecendo a rede de serviços e ampliando os equipamentos públicos para acolher e atender essa população com dignidade.

Balieiro reforça compromisso com a proteção social de todos os cidadãos em situação de vulnerabilidade | Foto: Max Gallão Mesquita

Tribuna Ribeirão – Como está o processo de concessão para o terceiro setor do Serviço de Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes?

Júlio Balieiro – A Prefeitura reestruturou o Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (SAICA), com a publicação de três editais voltados à celebração de parcerias com Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Duas delas já estão em fase avançada de implantação: a OSC *Acolher* está em operação e receberá as primeiras crianças em breve; a OSC *Evolução* aguarda parecer jurídico para iniciar suas atividades. Cada unidade contará com equipe multiprofissional, acompanhamento psicossocial e elaboração de Planos Individuais de Atendimento (PIA) para cada acolhido, totalizando 40 novas vagas.

Tribuna Ribeirão – Em relação aos idosos, qual o tamanho da fila de pessoas atualmente cadastradas pela secretaria à espera de vaga em asilos?

Júlio Balieiro – Ribeirão Preto dispõe hoje de 214 vagas em cinco instituições filantrópicas conveniadas para acolhimento de idosos, todas ocupadas. A fila de espera soma 96 pessoas. A Secretaria mantém diálogo permanente com as entidades e busca soluções conjuntas para ampliar o número de vagas e qualificar ainda mais o atendimento à população idosa.

Tribuna Ribeirão – A que o senhor atribui o fato de o chamamento público para contratar novas vagas em asilos não ter atraído nenhuma instituição interessada?

Júlio Balieiro – O chamamento público, de fato, não teve instituições interessadas, o que reforça a necessidade de ajustes e diálogo com o terceiro setor. Ainda assim, a Secretaria reafirma seu compromisso com a proteção integral da pessoa idosa e já conduz reuniões com entidades e parceiros para viabilizar novas vagas e garantir a continuidade da política de atenção ao idoso.

“Em 2026, realizaremos um censo específico para consolidar o número oficial e orientar políticas públicas baseadas em dados técnicos”

Tribuna Ribeirão – Nas ruas da cidade é visível a presença de refugiados venezuelanos pedindo esmolas. Quantos eles são atualmente e o que tem sido feito para tentar mudar a situação deles?

Júlio Balieiro – Atualmente, Ribeirão Preto acolhe 73 indígenas da etnia Warao, refugiados da Venezuela. A Prefeitura oferece acompanhamento nas áreas de saúde, educação e assistência social, garantindo vacinação, cuidados médicos, matrícula escolar e apoio à autonomia econômica — especialmente por meio da valorização do artesanato tradicional. Há também acompanhamento psicossocial e cultural permanente, com foco na integração social e no respeito às especificidades étnicas e culturais desse grupo.

Tribuna Ribeirão – A Semas tem números sobre o total de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza na cidade?

Júlio Balieiro – A Secretaria está consolidando um levantamento técnico e detalhado sobre os indicadores de pobreza e extrema pobreza no município. O objetivo é reunir dados atualizados que orientem o planejamento e a execução das políticas públicas de forma precisa, transparente e eficiente.

Balieiro afirma que alternativas para ampliar vagas para idosos estão sendo estudadas | Foto: Max Gallão Mesquita

Tribuna Ribeirão – Como está o projeto Banco de Alimentos este ano?

Júlio Balieiro – Em 2025, o Banco de Alimentos passou por uma ampla modernização estrutural e operacional. A adesão ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) ampliou em cerca de 10 toneladas mensais a distribuição de frutas, legumes e verduras provenientes da agricultura familiar. Parcerias com redes de supermercados também aumentaram o volume de doações, beneficiando 70 instituições assistenciais. Atualmente, são distribuídas 300 cestas básicas semanais aos CRAS e CREAS. Essas ações reforçam o compromisso da Prefeitura com a segurança alimentar, o combate ao desperdício e o fortalecimento das políticas públicas de inclusão social. 

Tribuna Ribeirão – Quais foram os dois principais projetos desenvolvidos pela Semas nestes nove meses de governo municipal?

Júlio Balieiro – Destaco dois grandes avanços: a reestruturação do Centro Pop e das Casas de Passagem, fortalecendo o atendimento às pessoas em situação de rua, e a ampliação das oportunidades de capacitação profissional. Inauguramos o Centro de Convivência do Jardim Cristo Redentor e dobramos o número de vagas e cursos oferecidos pelo Centro de Qualificação Social e Profissional. O novo Bom Prato, em fase final de implantação na Rua Lafaiete, trará inovações — como área pet, banho quente, corte de cabelo, doação de roupas e atendimento em saúde — e será um espaço de acolhimento e dignidade. São iniciativas que reforçam o compromisso da gestão com as pessoas em vulnerabilidade.

“Ribeirão Preto dispõe hoje de 214 vagas em cinco instituições filantrópicas conveniadas para acolhimento de idosos, todas ocupadas. A fila de espera soma 96 pessoas”

Tribuna Ribeirão – O que o levou a aceitar o convite do prefeito Ricardo Silva para ser o secretário de Assistência Social?

Júlio Balieiro – Aceitei o convite por acreditar na visão do prefeito Ricardo Silva, que tem pautado sua gestão na valorização das pessoas e na promoção da dignidade humana. A Secretaria de Assistência Social é fundamental nesse propósito: cuidar de quem mais precisa é a essência do serviço público. Contribuir para fortalecer essa rede é, para mim, uma missão e uma forma de retribuir à cidade tudo o que ela representa.

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