Por: Adalberto Luque
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou Elizabete Eugênio Arrabaça, de 68 anos, pela morte de sua filha Nathália Garnica, de 42 anos, por envenenamento. A promotora apresentou denúncia por crime de feminicídio, com três qualificadoras :emprego de veneno, meio cruel e mediante dissimulação e de recurso que dificultou a defesa da vítima.
O inquérito da Polícia Civil, concluído no mês passado, já havia indiciado Elizabete pela morte da filha. O delegado Fernando Bravo encaminhou o resultado da investigação para o Poder Judiciário em Pontal, onde a morte de Nathália ocorreu.

Na denúncia ao Judiciário, o MP cita a gravidade do caso, onde a mãe teria matado a própria filha por interesses financeiros. A promotora também destaca que Elizabete era viciada em jogos, razão pela qual não aceitaria o relacionamento de Nathália com o namorado e os planos para casar e ter filhos.
O advogado de Elizabete, Bruno Corrêa Ribeiro, foi informado no final da tarde desta quarta-feira, 29 de outubro, do oferecimento da denúncia contra Elizabete.
“Trouxe a ilustre Promotora de Justiça que Elizabete teria utilizado a substância carbofurano, popularmente conhecida como ‘chumbinho’. Importante expor que Elizabete sempre negou qualquer participação na morte de sua filha Nathália, motivo pelo qual essa defesa técnica trabalhará para preservar todos os seus direitos, a fim de que o processo tramite dentro dos padrões legais”, disse.

A defesa aguarda a análise do Poder Judiciário de Pontal para definir os pontos do trabalho da defesa de Elizabete. A Justiça ainda não se manifestou sobre aceitar ou não a denúncia do MP.
Ré duas vezes
Se a Justiça acatar a denúncia, Elizabete será ré pela segunda vez neste segundo semestre. Ela já responde pela morte de sua nora Larissa Talle Leôncio Rodrigues, morta por envenenamento com ‘chumbinho’ aos 37 anos.
Larissa foi morta em 22 de março e, após análise toxicológica, constatou-se que ela morreu envenenada. Elizabete e seu filho, o médico ortopedista Luiz Antônio Garnica, de 38 anos, que era casado com Larissa, foram acusados pelo crime.

O caso passou recentemente por audiência de instrução no Fórum Criminal de Ribeirão Preto. Durante três dias, testemunhas de acusação e de defesa foram ouvidas. Além das testemunhas, Elizabete e Garnica foram interrogados.
Agora corre o prazo para que o MP, o assistente de acusação e as defesas dos acusados apresentem suas considerações finais. Depois o juiz vai avaliar tudo e se pronunciar. Ele pode determinar que o caso seja apreciado por Júri Popular, pode dar a sentença em julgamento comum ou até pode concluir que não há elementos para que os dois sejam condenados. Essa decisão deve ser anunciada ainda em novembro.
Entenda o caso
Durante as investigações da morte de Larissa, a Polícia Civil concluiu, através de laudos do Instituto Médico Legal (IML) que houve envenenamento por chumbinho. O delegado do caso, Fernando Bravo, pediu exumação do corpo de Nathália.

Ela morreu em Pontal, região metropolitana de Ribeirão Preto, no dia 2 de fevereiro. Não tinha problemas de saúde, como a cunhada Larissa e morreu subitamente.
Os exames constataram que Nathália também foi envenenada por ‘chumbinho’. Elizabete estava com a filha no dia da morte. Ela teria discutido com a filha que, horas depois, estava morta. A Polícia Civil constatou que, ao invés de chamar socorro médico, ligou para os filhos Garnica e Viviane Garnica Miotto, em Ribeirão Preto.
Os dois chegaram a ser investigados, mas a Polícia Civil concluiu que ambos não tiveram participação no caso de Nathália. Filha e nora de Elizabete estão sepultadas no mesmo túmulo, em Pontal.

