Por motivo de saúde, o vereador Jean Corauci (PSD) desistiu de relatar o processo de cassação contra Bigodini
O vereador Jean Corauci (PSD) desistiu de relatar o processo de cassação instaurado no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Ribeirão Preto contra o colega Roger Ronan da Silva (MDB), o Bigodini, de 33 anos. A decisão foi anunciada durante reunião do colegiado, na tarde desta quinta-feira, 30 de outubro. A reunião foi rápida e durou menos de dez minutos.
Só serviu para indicar o Maurício Vila Abranches (PSDB) como substituto de Corauci na relatoria. No dia 2 de outubro, em reunião do conselho, foram sorteados para investigar o a denúncia Franco Ferro (PP), Maurício Vila Abranches e Jean Corauci, como relator.
O Conselho de Ética tem 180 dias para concluir os trabalhos e emitir parecer sobre o caso. Bigodini passou a ser investigado após o jornalista Rodrigo Leone da Silva impetrar um pedido de cassação por quebra de decoro. O vereador Jean Corauci se manifestou por meio de nota.
“Por determinação médica, estou afastado das minhas funções como vereador e comunicador por sete dias, período que teve início no dia 29 de outubro”, diz. “Em razão desse afastamento temporário e para não prejudicar o andamento dos trabalhos da comissão, especialmente no processo em que fui designado como relator, decidi declinar da relatoria. Tomei essa decisão com responsabilidade e respeito ao papel que exerço, entendendo que a população de Ribeirão Preto espera agilidade, seriedade e compromisso na condução de todos os assuntos da Casa”, explica.
“Com minha ausência momentânea, considero justo e necessário que outro membro da comissão assuma a relatoria, garantindo celeridade e total atenção ao caso, algo que, neste momento, não posso assegurar em razão do meu afastamento médico”, conclui. Bigodini deverá participar da sessão legislativa da próxima segunda-feira, 3 de novembro, mais de um mês depois de envolver em acidente de trânsito, na madrugada de 28 de setembro.
O terceiro atestado médico apresentado pelo parlamentar venceu na quarta-feira (29) e ele retornou ontem à Câmara e postou um vídeo gravado em seu gabinete avisando que havia voltado. O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara não havia confirmado, até o fechamento desta edição, se a Polícia Civil havia enviado cópia do inquérito que envolve o indiciamento do vereador, que apresentou três atestados médicos de ansiedade e chegou a ser internado em clínica particular para tratamento.
O laudo aponta transtorno de estresse agudo, caracterizado por uma resposta emocional intensa a um evento traumático. Na sexta-feira (24), delegado Gustavo André Alves, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), indiciou o vereador por embriaguez ao volante, falsidade ideológica e fraude processual, confirmando que ele não disse a verdade após o acidente. Somadas, as penas podem chegar a dez anos de prisão em caso de condenação.
O barbeiro e infuenciador também pode ficar inelegível por oito anos. Já a namorada dele, a assistente social Isabela de Cássia de Andrade Faria, de 29 anos, responderá por falsidade ideológica, fraude processual e autoacusação. O casal não será preso e acompanhará o trâmite do processo em liberdade. O delegado vai enviar o relatório final do inquérito para o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que pode optar por arquivar o caso ou oferecer denúncia à Justiça de Ribeirão Preto. Neste caso, o vereador e a namorada passam a ser considerados réus e serão julgados pelos crimes a eles imputados.
Como não houve morte, a possibilidade de júri popular está descartada. O acidente de trânsito envolvendo o Chevrolet Tracker cinza alugado pelo vereador ocorreu na madrugada de 28 de setembro, na avenida do Café, Zona Oeste. Na época, Bigodini disse a policiais que a namorada estava dirigindo. Ela não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O delegado disse que, através das imagens, é possível afirmar que era sempre Bigodini quem conduzia o carro. Eles foram a diversos bares e a Polícia Civil conseguiu levantar o que ele consumiu. Os vídeos foram submetidos à perícia comprovam que Bigodini estava ao volante do Chevrolet Tracker cinza alugado.
O rastreamento foi possível porque o carro que Bigodini dirigia era alugado e monitorado por GPS. Naquela noite, Bigodini ingeriu vodca, cachaça, uísque e cerveja. Na direção do Tracker, atingiu mais de 100 quilômetros por hora em várias vias da cidade, chegando ao máximo de 183 km/h na Rodovia Anhanguera (SP-330). Em nota distribuída a imprensa, os advogados Wesley Felipe Martins dos Santos Rodrigues e Paulo Roberto Pereira Marques dizem que tomaram conhecimento das imagens divulgadas pela Polícia Civil através da mídia. Citam que o processo tem 233 páginas, motivo pelo qual não houve tempo hábil para que a defesa procedesse à análise minuciosa de todo o conteúdo apresentado.

