No último mês, o preço praticado pelas distribuidoras para os postos revendedores acumulou alta de mais de 5%; gasolina também deve sofrer impacto
A Associação Núcleo Postos Ribeirão Preto, que reúne 100 revendedores da cidade e região, alerta para tendência de aumento no preço do etanol nos próximos dias. Desde o início de outubro, o preço do litro do biocombustível vem subindo gradativamente até acumular mais de 5% de alta, das distribuidoras para os postos.
“Com o preço mais caro, que já está sendo praticado pelas distribuidoras, a tendência deve ser de que os revendedores repassem parte do aumento, ou sua totalidade, para as bombas”, explica Fernando Roca, presidente da entidade que também destaca o início da entressafra como um fator agravante.
“Trata-se de um período em que as usinas param de moer cana para fazer a manutenção do maquinário. É justamente na entressafra que, historicamente, o preço do litro de etanol costuma subir”. Um alerta importante é que a subida de preço do etanol deve impactar diretamente no preço da gasolina que possui 30% de etanol em sua composição.
“Atualmente a produção do biocombustível precisa ser suficiente para atender a mistura obrigatória na gasolina e, ao mesmo tempo, o consumidor final nos postos. São duas demandas grandiosas”, diz o presidente da Associação Núcleo Postos.
“Para evitar um eventual desabastecimento, as usinas acabam elevando o preço do litro de etanol, para as distribuidoras, como forma de reduzir o consumo e manter os estoques reguladores equilibrados. E outra informação relevante: a maioria das distribuidoras ainda não repassou, aos postos, a redução (de 4,9%) no preço do litro da gasolina, anunciada recentemente pela Petrobras”, diz Roca.
A Petrobras anunciou queda de 4,9% no litro da gasolina em suas refinarias a partir de 21 de outubro, passando a custar, em média, R$ 2,71, desconto de R$ 0,14 frente ao valor anterior de R$ 2,85. “No acumulado do ano, caiu R$ 0,31 por litro ou 10,3%. Desde dezembro de 2022, os preços de gasolina para as distribuidoras foram reduzidos em R$ 0,36 por litro.
Considerando a inflação do período, esta redução é de 22,4%, diz a estatal. Usinas – Na última sexta-feira, 31 de outubro, o preço do álcool combustível subiu pela terceira semana seguida nas usinas paulistas. A alta foi de 0,92%, após altas de 0,59% e 0,77% nos períodos anteriores.
O valor do hidratado está acima de R$ 2,75, mas “encostou” nos R$ 3,90 no final de 2021. Agora, passou de R$ 2,7527 para R$ 2,7781 por litro. Já o valor do anidro – adicionado à gasolina em até 27% – está abaixo de R$ 3,20. Disparou 1,24% após alta de 1,07% e queda de 0,15% nas semanas anteriores. Agora, passou de R$ 3,1411 o litro para R$ 3,1801 em média.
Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
Contexto ampliado – Na safra atual, as usinas optaram por produzir mais açúcar do que etanol, de olho na rentabilidade gerada pela valorização do dólar e buscando, também, antecipar ao máximo as exportações no sentido de evitar o tarifaço imposto pelos Estados Unidos. A queda na produção de etanol também explica o motivo de o preço do litro do biocombustível não ter caído como o mercado esperava, ao longo de 2025.
Diesel – O preço do diesel também pode subir a qualquer momento, das refinarias para as distribuidoras. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do preço do litro de diesel, no Brasil, em relação ao mercado internacional, está em -10% nos principais polos privados brasileiros e de -11% nos polos da Petrobras, confirmando a pressão por uma alta.
Pesquisa – Segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizada entre 26 de outubro e 1º de novembro, o litro da gasolina vendida em Ribeirão Preto custa, em média, R$ 6,19 (mínimo de R$ 5,99 e máximo de R$ 6,59). O do diesel sai por R$ 6,05 (piso de R$ 5,74 e teto de R$ 6,39). Já o etanol é negociado por R$ 4,08 (mínimo de R$ 3,99 e máximo de R$ 4,29). A paridade está em 65,91%.
É vantajoso abastecer com álcool quando esta relação não supera 70%. A gasolina aditivada sai por R$ 6,32 (mínimo de R$ 5,99 e máximo de R$ 6,79). O litro do diesel S-10 é vendido, em média por R$ 6,09 (piso de R$ 5,69 e máximo de R$ 6,39). Marcelo Camargo-Ag.Br. Em Ribeirão Preto, a paridade entre etanol e gasolina está em 65,91%: é vantajoso abastecer com álcool quando esta relação não supera 70%

