Por: Adalberto Luque
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou 10 integrantes de uma quadrilha por atacar um carro-forte. O crime ocorreu em 9 de setembro do ano passado, na Rodovia Cândido Portinari (SP-334), próximo a Batatais, região metropolitana de Ribeirão Preto.
As penas, somadas, ultrapassam 120 anos de prisão. A maior pena foi aplicada a Ricardo Marques Trovão Lafaeff. Ele foi condenado a 46 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, roubo qualificado e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.
Lafaeff é o homem que buscou socorro médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade de Valinhos (SP), região de Campinas. Apesar do ferimento de um tiro de fuzil no pé, o homem alegava que se feriu ao pisar em um vergalhão de uma obra.

De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), as condenações incluem crimes de organização criminosa armada, roubo qualificado, adulteração de sinal identificador de veículo, lavagem e ocultação de bens e valores, além de falsidade ideológica.
O julgamento foi conduzido pelo juiz Ewerton Meirelis Gonçalves, da 2ª Vara Criminal de Franca. Apenas Denis da Costa Oliveira, que respondeu o processo em liberdade, vai poder recorrer da decisão também em liberdade. Ele foi condenado a 5 anos e 3 meses de prisão por lavagem e ocultação de bens e valores.
Entenda o caso
Em 9 de setembro, cerca de 15 homens armados atacaram um carro-forte na Rodovia Cândido Portinari, em Restinga. O veículo seguia de Franca para Ribeirão Preto e foi interceptado pelo grupo. Houve troca de tiros e o carro-forte foi explodido, mas o cofre pegou fogo e os criminosos fugiram sem levar nada. Durante a fuga, ocorreram três confrontos com a polícia, que deixaram cinco feridos – um PM, três vigias e um engenheiro.
No dia seguinte, um homem procurou atendimento na UPA de Valinhos, alegando ter se ferido com um vergalhão. Os atendentes suspeitaram que o ferimento fosse de fuzil e acionaram a PM. O paciente apresentou documento falso e foi identificado como Ricardo Marques Trovão Lafaeff, de Jundiaí, já preso em 2023 com armamento semelhante ao usado no ataque. Ele foi autuado em flagrante e denunciado pelo Ministério Público.

Em 11 de setembro, durante patrulhamento na Rodovia Altino Arantes, uma equipe do BAEP perseguiu um Mitsubishi Outlander marrom que fugiu ao ver os policiais. O cerco foi montado em Cajuru e houve intenso tiroteio. O sargento Márcio Ribeiro, do BAEP, foi baleado na cabeça e morreu em hospital de Altinópolis. Um caminhoneiro também foi atingido e morreu dias depois. Três suspeitos foram mortos e um arsenal apreendido.
Em 4 de outubro, a Polícia Civil deflagrou a primeira fase da Operação Carcará, cumprindo mandados em Paraisópolis e Praia Grande. Um dos investigados morreu em confronto e outro foi preso. Com o avanço das investigações, foram identificados participantes do ataque e pessoas ligadas à logística. Além de Lafaeff, foram presos Denis da Costa Oliveira e Luiz Carlos Oliveira, ambos em Franca, acusados de transportar o suspeito até Valinhos. Também foram detidos Cleusa Aparecida Duarte Ribeiro, que teria levado Lafaeff à UPA, e o gestor da unidade, Marcus Vinícius Cavalcante Pereira, acusado de tentar impedir a identificação do ferido.
A segunda fase da operação ocorreu em 16 de dezembro, com 48 mandados de busca e 14 prisões. Foram apreendidos mais de R$ 900 mil, meio quilo de maconha, nove veículos, computadores, celulares, armas, munições e uma máscara da série La Casa de Papel. A ação foi batizada em homenagem ao sargento Márcio Ribeiro.
Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo acatou denúncia do MPSP e tornou réus dez acusados de envolvimento no ataque, que responderão por roubo, organização criminosa, lavagem de dinheiro e tentativas de homicídio. Três seguem presos preventivamente e os demais poderão responder em liberdade mediante medidas cautelares. Ainda não há data definida para o julgamento.

