Por: Adalberto Luque
Os 17 integrantes identificados por participação no assalto ao Edifício Jatiúca, no Centro de Ribeirão Preto, ocorrido em 24 de setembro, se tornaram réus e vão responder na Justiça. A informação foi passada durante entrevista coletiva na sede do Ministério Público de São Paulo (MPSP) na Ribeirânia, zona Leste de Ribeirão Preto.
Participaram da coletiva membros do MP e da Polícia Civil, que concluiu o inquérito sobre o caso. Dos 17 acusados, 15 já estão presos – a última prisão foi de Júlia Moretti de Paula, na segunda-feira (24).
Durante a coletiva, MP e delegados deixaram evidente o grau de organização dos assaltantes. O esquema funcionava como uma grande empresa, com suas devidas sucursais. E alguns dos presos teria participado também de um assalto ocorrido em 17 de maio na Ribeirânia.
Profissionalismo
Segundo a promotora Ethel Cipele, o grupo utilizava a plataforma Rainha para procurar bens e patrimônios de possíveis vítimas. Desta forma, tiveram acesso ao patrimônio dos alvos dos assaltos praticados em Ribeirão Preto.
O promotor Paulo Freire Teotônio informou que os acusados tinham conhecimento em tecnologia e, desta forma, acessando as redes sociais, conseguiam clonar acessos biométricos. Acrescentou que o grupo fazia pesquisa prévia, com muito planejamento.
A capacidade de planejar as ações chegou a impressionar MP e policiais civis. No curso das investigações, os agentes descobriram que eles tinham pelo menos outros 13 potenciais alvos em Ribeirão Preto e os assaltos seriam praticados nos próximos meses.
O delegado responsável pelas investigações do assalto praticado no Edifício Jatiúca, André Baldochi, explicou que eles usavam câmeras de segurança para analisar a rotina das vítimas. Além disso, faziam pesquisas em redes sociais e na plataforma Rainha. “O aplicativo não foi criado para isso, mas para fazer análise financeira. Eles usavam indevidamente”, observou Baldochi. Além de todo esse repertório, eles também faziam campanas para observar a rotina das potenciais vítimas.
O princípio
Segundo o delegado Diógenes Santiago, que investigou o assalto à residência da Ribeirânia, foi constatado que o planejamento dos crimes era feito por um grupo de São Paulo, que convidavam criminosos de Ribeirão Preto para participar.
Segundo o delegado, o grupo de Ribeirão Preto já estava em processo avançado de planejamento para roubar a casa da Ribeirânia, a partir de investigações privilegiadas, quando foram convidados pelo grupo de São Paulo para a ação no Centro de Ribeirão Preto.
Os dois grupos se uniram para as ações, já que, segundo Santiago, o ‘know how’ dos paulistanos era maior. Assim, iniciaram com o assalto à residência, onde mais de 300 joias, oito relógios de luxo e dinheiro em espécie foram levados, acarretando um prejuízo de R$ 5 milhões.
Delação premiada e acusação
Um dos presos no assalto ao Edifício Jatiúca, na Rua Campos Salles, fez uma delação premiada, o que ajudou na identificação e prisão de envolvidos. A delação foi homologada pela Justiça.
O inquérito do roubo no Centro, onde os ladrões teriam levado bens avaliados em R$ 4 milhões, foi encerrado. O MP ofereceu denúncia para os 15 já presos e os dois procurados – que são receptadores, mas, segundo Baldochi, integram a organização criminosa. A Justiça já acatou a denúncia do MP e o caso vai prosseguir no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
No assalto à casa da Ribeirânia, o inquérito também foi concluído e o MP denunciou os 12 integrantes identificados. Contudo, o TJSP ainda não se manifestou quanto à denúncia. A defesa de Júlia Moretti de Paula, presa na região de Araçatuba, disse que ela teria sido ameaçada e obrigada a participar. O promotor Teotônio, todavia, descartou essa alegação. A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos demais envolvidos.
Relembre o caso
No dia 24 de setembro, um grupo de 10 pessoas fortemente armado praticou um arrastão no Edifício Jatiúca, na rua Campos Salles, Centro da cidade. Apenas Júlia, presa nesta segunda-feira, não usou disfarce. Os demais usavam perucas, gorros ou capuzes.
Eles teriam invadido seis apartamentos e fugiram levando cerca de R$ 4 milhões em joias, dinheiro e através de Pix feitas junto a moradores rendidos. No dia do assalto, duas pessoas já foram presas. Dos 17 identificados, 15 estão presos preventivamente. Outros dois são procurados e mais alguns ainda não foram identificados.
Roubo na Ribeirânia
No dia 17 de maio, quatro homens armados e agindo com violência invadiram uma residência a partir de um imóvel que estava para alugar, na avenida Costábile Romano, Ribeirânia, zona Leste. Eles levaram cerca de 300 joias, oito relógios de luxo e dinheiro. Levaram bens avaliados em R$ 5 milhões.
Dias depois, a vítima viu suas joias sendo oferecidas para venda em um programa de TV produzido em Curitiba (PR). Após investigações, o esquema foi desmontado e parte das joias recuperadas. Seis pessoas já foram presas e a Polícia Civil trabalha com a possibilidade de que integrantes das quadrilhas tenham participado dos dois roubos, além de outros na região.