Por: Adalberto Luque
O policial militar Maicon de Oliveira Santos, de 36 anos, será submetido a júri popular em 16 de março de 2026. Ele é acusado da morte da gerente de loja Júlia Ferraz Signoreto, então com 27 anos. O crime ocorreu em 14 de agosto de 2023.
A mulher estava atravessando a avenida Independência, no Alto da Boa Vista, zona Sul de Ribeirão Preto, quando foi atingida por um tiro de pistola 9 mm. A bala atingiu o coração e um dos pulmões da mulher, que morreu antes que pudesse ser atendida.
O tiro foi disparado pelo PM. Na ocasião, ele alegou que teria sido vítima de uma tentativa de assalto. Estaria em sua moto quando outra moto, com dois homens, emparelhou. A Polícia Civil, todavia, concluiu no inquérito que houve, na verdade, uma discussão de trânsito e indiciou o PM.
Ele chegou a ser preso, mas acabou solto e foi denunciado pelo promotor do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Marcus Túlio Nicolino. O juiz José Roberto Bernardi Liberal, da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, acatou a denúncia e tornou o PM réu.

O policial foi reincorporado e, atualmente, presta serviços administrativos. O júri popular vai analisar as denúncias de homicídio doloso qualificado e duas tentativas de homicídio doloso qualificado, contra os homens que estavam na motocicleta.
Os disparos também atingiram as pernas de Gustavo Alexandre Scandiuzzi Filho, de 27 anos, e Arthur de Lucca dos Santos Freitas Lopes, de 19 anos, mas a gerente de loja Julia Ferraz Signoreto, que atravessava o canteiro da avenida Independência, Alto da Boa Vista, Zona Sul, morreu no local. Júlia era casada e tinha duas filhas. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Maicon de Oliveira Santos.
Relembre o caso
Júlia Ferraz Signoreto foi morta quando saia de um bar, em 14 agosto de 2023. Estava em um bar próximo ao local onde foi baleada. Saiu de lá na companhia de um amigo e caminhavam pelo canteiro central da avenida rumo a um fast food de cachorro quente próximo à rotatória entre as Avenidas Independência e Professor João Fiúza.
Duas motos surgiram na pista sentido Centro-bairro e o ocupante de uma das motos teria sacado um revólver, atirando contra os ocupantes da outra moto, que fugiram após breve discussão. Eles estavam distantes cerca de 50 metros de onde Júlia e o amigo estavam, mas durante a fuga, passaram por ela.

Câmeras de segurança registraram o momento em que a mulher se abaixa e depois cai. Havia sido atingida pelo tiro, que foi fatal. Ela morreu antes mesmo da chegada do socorro médico.
O policial estava de folga e à paisana. Em seu depoimento na delegacia, disse que os dois na outra moto perguntaram se ele tinha seguro do veículo e anunciaram o assalto.
O PM, então, sacou arma e atirado contra os dois, que também estariam armados. Ele conseguiu ferir os dois ocupantes da moto. Porém, imagens de câmeras de segurança mostram que a dupla não sacou arma e nem fez gestos que indicassem essa ação. Os advogados dos jovens atingidos pelos disparos deles negam a tentativa de assalto.
Ele informou que um dos clientes é réu primário, nunca teve qualquer problema com a polícia. O outro rapaz, de 26 anos, disse que houve uma discussão de trânsito e que os dois quiseram intimidar o homem sozinho na moto quando tudo ocorreu. A perícia foi acionada e os envolvidos passaram por exames residuográficos.

