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A febre das figurinhas se aproxima com a chegada da Copa

Lucas e o sócio Adriano abriram neste mês o “Universo das Figurinhas”, já de olho no Mundial | Foto: Alfredo Risk

Por Igor Ramos

 

O ano que vem terá a Copa mais inusitada da história, com 48 seleções, o que já deixa ainda mais ansiosos aqueles que têm o hobby de colecionar figurinhas. De quatro em quatro anos, a febre da compra de álbuns, das trocas em grupos de amigos, da venda e das reuniões em lugares públicos é uma imagem comum nos quatro cantos do Brasil.

Em Ribeirão Preto não é diferente. São dezenas de “fanáticos” que saem em busca de preciosidades, da figurinha do seu jogador preferido e, obviamente, de completar o álbum.

Lucas Santilli compra figurinhas na “baixa” e vende na “alta”; por isso abriu seu negócio com o sócio Adriano Almeida | Foto: Alfredo Risk

Um desses colecionadores é o engenheiro e empresário Lucas Santilli Oranges, de 38 anos. Ele conta como começou cedo a se apaixonar pelas figurinhas das copas e por outros itens colecionáveis. E, como boa parte dos garotos da sua geração, buscava ampliar sua coleção através do famoso jogo do bafo — no qual as figurinhas são empilhadas e cada jogador bate com a palma da mão tentando virá-las; aquelas que virarem passam a ser do mais habilidoso.

“Quando criança jogava bafo com as figurinhas. Jogava muito, mas ao longo do tempo fui percebendo que isso estragava muitas figurinhas pelo manuseio. Foi quando parti mais para o lado do colecionismo. Ali, dos meus 6 a 7 anos até os 12 ou 13, joguei muito”, conta. “Passei então a jogar somente com as figurinhas que não me interessavam”, emenda.

Lucas Santilli é daqueles que mantêm uma estratégia diferente no seu hobby, embora, como todos, sempre almeje completar o álbum. “Eu as armazeno em fichários, naquelas folhas de 16 bolsos, e deixo o álbum vazio. Dessa maneira agrega-se muito mais valor à coleção do que colá-las no álbum”. Algo diferente dos colecionadores comuns.

 

Álbum raro original de 1966

Lucas se orgulha de ter todos os álbuns das Copas, mas boa parte são reproduções gráficas dos mais antigos. Porém, um álbum em especial é o xodó de Lucas: o da Copa de 1966, na Inglaterra.
“Tenho álbuns desde 1930 que são réplicas, feitas e que eu tenho a título de curiosidade, mas não são meus queridinhos porque não são originais. Eu gosto só dos originais e tenho um incrível de 1966”, diz, orgulhoso.

Todas as coleções de Lucas são completas, segundo ele.

Propostas para vender

Lucas conta que já recebeu propostas para vender alguns itens específicos — que também coleciona — afinal, o colecionismo é viciante e não se limita apenas às figurinhas de Copa do Mundo. Ele tem os mini craques, as bolinhas da Coca-Cola de espuma e palitos da Kibon da Copa de 1998.

Conservação vale mais do que álbuns completos, segundo Lucas

Como colecionador experiente, Santilli faz uma observação para quem pretende entrar nesse universo:
“Prezo pela conservação dos itens, e não necessariamente por um álbum completo. Porque às vezes o mesmo álbum da mesma coleção nunca é igual ao outro. Enfim, o nível de conservação da coleção, do colecionismo em geral, vale muito mais do que a raridade da coleção. Às vezes, uma coleção que não é tão rara tem um valor agregado pelo estado quase de perfeição, em comparação com uma coleção rara, escassa, mas que não esteja em boas condições”, completa.

 

Empresário investiu em loja e mercado segue na contramão do período de grande procura

Lucas Santilli Oranges foi além do “colecionismo amador”. Transformou o hobby em negócio lucrativo e estratégico. “Eu não sou só colecionador, sou vendedor e trato isso como segunda fonte de renda. De 10 anos para cá enxerguei um potencial negócio”, diz ele.

Na loja, apenas álbuns e figurinhas adquiridos ao longo dos três anos pré-Copa. Em sua casa, ele mantém os álbuns completos, mas com as figurinhas não coladas | Foto: Alfredo Risk

O seu trabalho tem estratégia na troca, venda e permuta. “Trabalho contra o ciclo. Durante a Copa está tudo mais inflacionado; a emoção está à flor da pele quando têm as figurinhas. Então vou contra isso. Ou seja, não coleciono em época de Copa. Nesse período, apenas vendo e movimento o mercado. Vendo, troco, faço barganha. Acumulo material fora de época de Copa”.

O engenheiro conta que fica anos comprando, no Brasil inteiro e até no exterior. “Uso três meses para esses negócios, porque é a época em que todo mundo quer e o preço está melhor. Compro quando ninguém quer e vendo quando todo mundo quer”, revela.

Incompletos

Lucas conta que não sabe precisar quais álbuns estão completos, exceto os que não estão à venda. “Pois tenho muito pacote fechado, mas os meus álbuns mesmo de coleção não ficam na loja. Eu só não colo as figurinhas neles. Eles ficam em casa. Tudo que expus na loja que acabei de abrir são materiais para venda.
Tenho uma parte da minha coleção intocável, toda em pastas, em folhas de 16 bolsos — um negócio muito premium — com alguns vazios, mas tudo em casa”, detalha.

Seus álbuns são de 1990 para frente.
“A ideia é buscar os mais antigos. Os meus álbuns pessoais estão completos porque compro coleções completas. Vejo o que cada coleção compensa por causa de tempo, de gastos. E eu tenho onde achar de Copas passadas, caso eu queira.”

Você pode conferir mais sobre trocas no Instagram @universo.das.figurinhas

 

Custos vão aumentar em 2026 e álbum completo pode chegar a R$ 1.600,00

Lucas Santilli Oranges faz uma previsão de custos para quem vai colecionar em 2026. “A Copa passada tinha envelope a R$ 4,00 e vinham 5 figurinhas. Saíam a 80 centavos cada figurinha. O álbum tinha 670 figurinhas e o álbum capa dura custava na casa dos R$ 60. Então você gastaria em torno de R$ 600 para completar o álbum se não saíssem repetidas — o que é impossível. Na última Copa gastaria de R$ 800 a R$ 1.000 para completar o álbum. O ano que vem ainda não tem nada oficial, mas é provável que o envelope venha com 7 figurinhas, com cerca de 980 figurinhas no álbum”, avalia.

O álbum mais raro é o de 1966, original e completo | Foto: Alfredo Risk

Sem tirar repetidas, somando-se 140 envelopes a R$ 980,00, mais o álbum capa dura em torno de R$ 80,00, o total seria R$ 1.060,00 — mas lembrando que não se completa nesse valor devido às repetidas. “Estimo então entre R$ 1.400 a R$ 1.600”, diz Lucas, com sua experiência comercial.

“Tudo que tenho é constante: troco, faço permuta o ano todo. O que está para troca e venda fica na loja. E ainda uso as plataformas Mercado Livre e Shopee. É um mercado interessante que mexe com o imaginário e com o bolso de todos”, finaliza.

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