Por Adriana Cristofoli
Felipe tem 33 anos, é publicitário e apaixonado pela cozinha desde a infância. Filho de Tony Miyasaka, da tradicional Miyasaka Fotografia, ele cresceu em Ribeirão em meio a uma família conhecida e conectada com a cidade. Ao participar do MasterChef, mostrou a força de suas referências familiares e culturais para todo o país.
No programa, Felipe destacou que cozinhar é mais do que técnica: é um ato de amor, identidade e cultura. Sua participação chamou atenção não apenas pelas receitas, mas também por trazer representatividade como uma pessoa gorda, amarela e LGBTQIAPN+ em horário nobre. Hoje, ele segue determinado a transformar sua paixão em projetos de conteúdo e colaborações, sempre com a ideia de que a comida conta histórias e aproxima pessoas.
Interesse por gastronomia
A cozinha sempre esteve presente na vida de Felipe, como se fosse uma “extensão de quem eu sou”, diz. Desde pequeno, adorava observar a mãe, sentir os aromas que saíam das panelas e se arriscava a criar algo com o que tinha à mão. Com o tempo, essa curiosidade se transformou em propósito. Ele passou a buscar conhecimento, entender de onde vêm os alimentos e descobriu a história da alimentação, um tema que o fascina.
Fotografia
A fotografia sempre fez parte da vida de Felipe. Cresceu cercado pelas lentes e imagens do pai e do avô, que registraram a cidade e suas transformações. Embora também goste de fotografar, principalmente arquitetura e paisagens, Felipe encontrou na cozinha a verdadeira forma de expressão. “Quando crio um prato, penso nas cores, nas texturas, nas camadas e no impacto que aquilo vai gerar em quem vê e em quem prova. É como se eu fotografasse com ingredientes em vez de com a câmera”, conta.
MasterChef Brasil
Para Felipe, participar do MasterChef foi uma das experiências mais intensas e transformadoras da vida dele. “Foi a chance de fazer algo por mim, de me colocar à prova e de descobrir que eu era mais forte do que imaginava”, fala. O que mais marcou foi perceber que, além da comida, a história dele também tocava as pessoas. Receber mensagens de quem se identificava com ele foi muito emocionante.
Significado de cozinhar
Para Felipe, cozinhar é um ato de amor e de memória. É reviver a infância nos aromas que saíam da cozinha da mãe, é sentir o cuidado das avós ao preparar um prato para toda a família. “Quando cozinho, não penso apenas no sabor, mas em como aquela experiência vai tocar quem está à mesa. É a maneira que encontrei de transformar ingredientes em lembranças e refeições em encontros”, define.
Alimentação caseira
Felipe acredita que a alimentação caseira está ganhando cada vez mais espaço na vida dos brasileiros. Nos últimos anos, principalmente depois da pandemia, muita gente redescobriu o valor de cozinhar em casa e de valorizar receitas que carregam memória e afeto. “Esse movimento é bonito porque mostra que a comida caseira não perdeu espaço. Pelo contrário, ganhou ainda mais significado”, acredita.
Produção de conteúdos e hábitos alimentares
Como produtor de conteúdo, Felipe acredita que seu papel na área gastronômica seja inspirar e impulsionar hábitos melhores, mostrando que a alimentação pode ser prazerosa e consciente ao mesmo tempo. Nas receitas que produz, procura sempre trazer um olhar contemporâneo, com releituras de clássicos. Utiliza muito o humor para promover seu conteúdo na internet, brincando com situações do dia a dia.
Moda
A moda é uma outra grande paixão de Felipe. Ele fez faculdade na área e trabalhou muitos anos com isso. Para ele a moda é uma forma de expressão tão forte quanto a gastronomia. “Moda e comida têm algo em comum: as duas são linguagens que revelam quem somos e como queremos nos conectar com o mundo”, define.
Identidade e diversidade
Sobre identidade e diversidade, Felipe reflete: “Representatividade é fundamental. Por muitos anos, cresci sem ver pessoas como eu em certos espaços, e sei como isso pode fazer a gente duvidar dos próprios sonhos”. Hoje, estar na cozinha, na televisão e nas redes sociais é também uma forma de abrir caminho para outros. “Na gastronomia, a diversidade está em cada ingrediente, em cada prato, em cada cultura que se mistura na mesa. É essa pluralidade que torna a vida mais bonita”, finaliza.

