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A Colômbia e sua Literatura (27): José Eustasio Rivera 

Rosemary Conceição dos Santos* 

 

De acordo com especialistas, José Eustasio Rivera nasceu na pequena cidade de San Mateo, hoje Rivera (Huila), em 1888, em uma família dedicada ao trabalho de campo e com ancestrais Huilense experientes; seu pai, Don Eustasio Rivera, era irmão dos generais conservadores Pedro, Napoleón e Toribio Rivera, que ocupavam posições importantes na administração, no Congresso e no campo educacional. Casado com Catalina Salas, o casal teve onze filhos. Rivera fez seus primeiros estudos em Neiva, primeiro na escola Santa Librada e mais tarde na escola San Luis Gonzaga, mostrando cedo sua propensão a cartas. Influenciado pelas correntes românticas e modernistas, já em seus primeiros poemas, ele revelou sua preocupação com a natureza. Diz em “Gloria”, por exemplo: “Eu carrego o céu em mim …” ou “Eu carrego a cachoeira que quebra na selva escura; moldei a planície em meu crânio e a cordilheira se fechou nela” . 

Por sua identificação com a geografia nacional, José Eustasio Rivera alcançou uma poesia cheia de emoção, sem pertencer aos movimentos de seu tempo como os Novos, nem à rígida geração centenária. Outros desses poemas escritos entre 1906 e 1909 são “Playing diana”, “En el ara”, “Duo of flautes”, “Triste”, “Aurora borealis” e “Diva, a virgem morta”. A visão da natureza serviu para interpretar e fortalecer sua própria personalidade. Mas ele não permaneceria na mera descrição do meio ambiente. Tanto neste primeiro trabalho quanto na poesia posterior, e em sua prosa, ele expressou seu trágico senso de existência humana, a natureza fugaz e limitada da vida. 

Em 1906, viajou para Bogotá para ingressar na Escola Normal com uma bolsa de estudos. Três anos depois, serviu como inspetor escolar. Nos Jogos Florais de Tunja, em que foi comemorado o centenário do grito de independência, Rivera obteve o segundo lugar com poemas épicos, altamente influenciados pela poética de Miguel Antonio Caro: a “Ode à Espanha” foi publicada em setembro 1910 por El Tropical de Ibagué. Retornou a Bogotá, onde, para se sustentar, trabalhou no Ministério do Governo, enquanto estudava na Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade Nacional, graduando-se em 1917 com a tese “Liquidação de heranças”. Seu drama teatral “Juan Gil” data dessa época. Alguns meses depois de se formar, Rivera recebeu, e aceitou, um assento em Neiva. Porém, logo um telegrama do bispo de Garzón, Esteban Rojas, pedindo que ele se demitisse “por causa da unidade católica”, fez o escritor exclamar: “Eles me levaram para fora do porão”. 

Seu romance “La vorágine “(O Vórtice, 1924), denúncia poderosa da exploração dos seringueiros na selva amazônica, é considerado por muitos críticos como o melhor dos muitos romances sul-americanos com cenários de selva. Tendo estabelecido sua reputação literária com “Tierra de promisión” (1921; “A Terra Prometida”), uma coletânea de sonetos que retrata a beleza indomável dos trópicos colombianos, em 1922 foi nomeado para uma comissão governamental para resolver uma disputa sobre a fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. Viajando pela região amazônica e ao longo do rio Orinoc, viveu por um tempo entre os indígenas e adquirindo um conhecimento íntimo da violência da selva e da luta constante necessária para sobreviver nela. Rivera contraiu beribéri na selva e, durante sua convalescença, escreveu “La vorágine”, combinando conhecimento de primeira mão com visão poética e talento para descrições vívidas. “La vorágine” é um sucesso tanto como romance de aventura quanto de protesto social. Traduzido para vários idiomas, trouxe reconhecimento internacional a Rivera. Foi seu único romance. 

Professora Universitária* 

 

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