Tribuna Ribeirão
Artigos

A Colômbia e sua Literatura (29): Rafael Maya 

Rosemary Conceição dos Santos* 

De acordo com especialistas, Rafael Maya foi um poeta, jornalista, ensaísta, escritor, crítico, advogado e diplomata colombiano nascido em Popayán (1897) e falecido em Bogotá (1980). Iniciou sua formação literária sob a tutela de seu pai, pedagogo e homem de letras, e completou seus estudos no Seminário Menor de Popayán, dirigido pelos padres lazaristas, notável comunidade europeia. Em 1914, ingressou na Universidade do Cauca para concluir seus estudos secundários e iniciar sua carreira jurídica. Era, então, já conhecido como poeta. Em 1916, um concurso literário foi realizado em Popayán para comemorar o sacrifício dos heróis, e Maya ganhou o primeiro prêmio com sete sonetos intitulados “Mártires”. Em 1917 publicou seus primeiros versos na revista Liras Hermanas. Aos vinte anos, mudou-se para Bogotá para continuar seus estudos de direito na Universidade Nacional. Por volta de 1920, Miguel Santiago Valencia fundou a revista Cromos em Bogotá. Sua sede reunia os intelectuais mais prestigiados do país. Maya conheceu então grandes nomes da literatura pessoalmente. Fez parte do grupo Los Nuevos, fundado em 1925. Este importante grupo de escritores era formado não só por poetas, mas também por jornalistas reconhecidos. 

Um de seus poemas? RAMO DE AÇO 

 

— Osso de teus ossos, mãe arquitetura, 

         eixo que sustenta tua abóboda surda, 

         oh céu do cálculo! Eu, Ramo de Aço, 

         centelha e sonora como uma água limpa 

         que corta a rocha com belos azuis, 

         a este diálogo feroz mesclo minha dialética 

         eu, Ramo de Aço. 

         Noite de granito, noite de diamante, 

         noite de carvão e noite de quartzo 

         conheci, habitando a entranha biológica, 

         quando eu era pó de estrelas desfeitas. 

         Noite fantástica! Que aconteceu com 

         minha dura paisagem de rochas profundas, 

         com vestígios de garras, de estrelas marinhas, 

         finos arabescos de ramos arbóreos, 

         e, às vezes, povoando as côncavas grutas, 

         calados relâmpagos de marfim e prata: 

         Recôndita noite! 

         A gota de água, caminhando séculos, 

         levava ao meu leito vulcânico 

         como um sol diminuto, a levar-me 

         notícia de espaços terrestres 

         cruzados de ventos, de nuvens, de anjos, 

         e de canções azuis que estendem 

         com remos de vozes, bandeiras de música. 

         Noite sonâmbula! 

         Peneirado através de mil anos 

         chegava a mim o rumor dos rios 

         que constroem países de espelhos 

         e cantam, levantando montanhas de arpas, 

         antigos idiomas de deuses e bestas. 

 

 Conservador na política, católico na religião e clássico na poesia, a obra poética de Rafael Maya destaca-se pela sobriedade expressiva e pelo apego inalterável a determinados temas, constante ao longo de sua produção. Sua cidade natal, Popayán; autores como Virgílio e Horácio; a renovação modernista, já temperada quando chegou à sua promoção; e um profundo conhecimento da literatura espanhola, bem como da literatura colombiana, para a qual contribuiu com estudos notáveis. 

Professora Universitária* 

Postagens relacionadas

Fragilidade e resiliência

Redação 1

Ribeirão dos buracos: como ganhar ($)

Redação 1

O epitáfio da educação básica

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com