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A Colômbia e sua Literatura (37): Jorge Gaitán Durán

Rosemary Conceição dos Santos*

De acordo com estudiosos, Jorge Gaitán Durán (1924 – 1962) é um poeta colombiano que teve papel fundamental na literatura colombiana moderna. Aos 16 anos, viajou para Bogotá para estudar Direito. Na capital, deu na vida cultural colombiana e, em 1945, começou a publicar críticas de arte e literárias, além de poemas e contos, em importantes jornais e revistas. Partindo para a Europa em 1950, conheceu seus países e depois a Ásia, envolvendo-se com a cultura por onde passava e sendo muito influenciado pelas polêmicas ideológicas e estéticas do pó-guerra em torno do existencialismo e do marxismo, das guerras coloniais e da Guerra Fria. Retornando a Paris, os cursos de cinema e as palestras proferidas por Merleau Ponty foras as atividades que mais frequentou. Em 1954, após breve estadia no Brasil, retornou à Colômbia para atuar como editor.

Dando início a sua participação como fundador da revista Mito em 1955, com ela permitiu, como editor, que seu país tivesse acesso assíduo às principais obras literárias e filosóficas do século XX. Pelas páginas de Mito, que só se encerrou no ano da morte do autor, Durán divulgou os trabalhos de Jorge Luís Borges e de Octávio Paz que, na ocasião, ainda eram de circulação restrita. Nesse contexto, também foi na Mito que Gabriel García Marquez publicou pela primeira vez “El coronel no tiene quien le escriba”.

Por sua vez, como poeta, buscou fundir, de forma impressionante, erotismo e morte, luz e sombra, características, estas, que denunciam sua angústia pela inevitável passagem do tempo. Em seus poemas, a presença da fugacidade apreendida pelos sentidos humanos é representada pela imagem, por exemplo, de uma borboleta branca sobre uma rosa vermelha, bem como, de gotas de suor sobre a pele ou da sensação que causa a fragrância de frutas maduras. Nessas percepções, a onipresença da morte intensificando a frágil vida desses instantes. A subtração do tempo pela finitude, portanto, levando o poeta a questionar o quanto dura uma vida. Até chegar à conclusão que a vida só dura no que é memória e poesia. Em 1962, retornando de Paris, o avião em que viajava caiu, pouco antes de pousar na ilha caribenha de Guadalupe.

Assumindo-se como um homem de seu tempo, Durán afirmava que “é preciso acabar com a ideia monstruosamente banal de que a qualidade intelectual é independente da qualidade humana”. Isso, segundo estudiosos, expressa um compromisso seu não com uma ideologia, mas com a condição humana, dentro de um conceito muito amplo de realidade e arte. Durán também se interessava pelo meio histórico, cultural e social de sua época. Alguns poemas seus?

 

O instante

O dia ardeu como uma rosa. E o pássaro da lua fugiu cantando. Nos olhamos nus. E o sol ergueu sua árvore vermelha no vale. Junto ao rio, dois corpos belos, sempre jovens. Nos reconhecemos. Tínhamos morrido e acordávamos do tempo. Olhamo-nos de novo, reparando. E voltou a noite a cobrir os memoriosos.

 

A terra que era minha

Unicamente para se reencontrar com Sofia Kühn, amante de treze anos, Novalis acreditou no outro mundo; mas eu acredito em sóis, neves, árvores, na borboleta branca sobre uma rosa vermelha, na grama que ondula e no dia que morre, porque somente aqui como um dom fugaz posso te abracar, por fim como um deus me criar em tuas pupilas, porque te perco, com a terra que era minha.

 

Sei que estou vivo

Sei que estou vivo neste belo dia deitado aqui contigo. É o verão. Acaloradas frutas na tua mão vertem seu cheiro espesso ao meio-dia. Antes de nos deitarmos não havia este mundo radiante. Nuncaem vão ao desejo arrancamos a paixão humana que as estrelas desafia! Eu corro no rumo ao azul do mar. Como ao sol, volto a ti, e a te enlaçar, e nasço no esplendor de conhecer-te.

Professora Universitária*

 

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