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A Colômbia e sua Literatura (38): Arturo Camacho Ramírez

Rosemary Conceição dos Santos*

De acordo com a Grande Enciclopédia da Colômbia, Arturo Camacho Ramírez (1910 – 1982) foi um autor colombiano que integrou o grupo Piedra y Cielo, movimento de manifestação colombiana contrário ao parnasianismo imperante no país, criador de um novo entusiasmo lírico nacional. Cursando Direito na Universidade Nacional, Camacho Ramírez atuou como diplomata, chegando a ocupar o cargo de Primeiro Secretário da Embaixada da Colômbia em La Paz, Bolívia. Como político, ocupou o cargo de Comissário Especial para La Guajira. Como jornalista, foi secretário editorial do semanário Sábado, colunista de El Tiempo, El Espectador, El Espacio e Acción Liberal, e colaborador da Revista de las Indias, entre outros. Até sua morte, trabalhou regularmente como jornalista, o que complementava sua vocação de poeta. Dois temas capitais marcam sua obra: o amor (“Fui com ela, irremediável, / desenfreado e gelado, / entre as sombras da rua / e as luzes do sacrifício. / Morder a noite a tragos, / envolver-me no seu tegumento, / como uma semente que tenta / germinar sob o gelo. / Buscar o caule infinito, / raiz e pétala do sexo, / minando-se mutuamente / no martírio do seu encontro”.

Em sua obra cultivou as formas clássicas espanholas, transcendendo-as com um tom muito pessoal, muitas vezes íntimo: “Eu era todo o silêncio da noite/amadurecido em dolorosa espiga de trigo”. Em 1935, publicou Espejo de naufragios (Espelho de naufrágios), sua obra inaugural, com a qual renovou a linguagem poética em franco desafio à geração Los Nuevos. Em 1939, ano em que surgiram os cadernos de Piedra y Cielo, incluiu os poemas “Cândida inerte” (Cândida inerte) e “Preságio de Amor”. Em 1941, a Revista de las Indias publicou sua “Vinheta de Bécquer”.Aventurou-se no teatro com a peça em versos “Lua de Areia”, que estreou no Teatro Colón, em Bogotá, em 1943,sendo traduzida para o formato de livro em 1948 e encenada inúmeras vezes desde então. Por sua lírica, recebeu o primeiro prêmio no concurso de sonetos da Revista de las Indias. Sendo justamente essa forma clássica que lhe rendeu a maior popularidade, o soneto “Nada é Maior que Você”, frequentemente incluído em antologias e tributos, é um testemunho de seu estilo lírico:

 

Nada é maior que você, somente a rosa

sua idade é suspensa, ilimitada;

você é a primavera desejada

sem ser primavera ou rosa.

Vago espelho do amor onde a rosa

inaugura sua forma desejada,

absorvido, imerso, puro, ilimitado,

imagem sim, mas não a rosa.

Sob sua pele rosa na primavera,

luz giratória, seu sangue silencioso

desdobra seu escarlate semelhante ao de uma árvore.

Nada é maior que você, rosa e não rosa,

primavera sem ser primavera:

arpejo na garganta da vida.

 

Em 1945, surgiu sua extensa e brilhante “Ode a Charles Baudelaire”, que reúne alguns de seus melhores momentos líricos. “Vida Pública” foi publicado em 1962, e “Limites do Homem” em 1964. Ao lado de Jorge Rojas e outros piedracielistas, participou do volume coletivo “Homenagem a Pablo Neruda” (1974). Em 1976, o Instituto Colombiano de Cultura publicou “Carrera de la vida” que, sem contar suas numerosas contribuições a jornais e revistas especializados, foi seu último volume (“Quando não tiver mais horizontes abertos, / nem canto nos lábios, nem dor para sentir, / marcharei sem sandálias nem vestimentas inúteis / e entrarei nu como um rio sem fim, / em uma floresta de cúmulos antigos e sábios / que me dão um novo florescimento vital / e que acendem lembranças tenazes, que me abraçam / como raízes teimosas de minha antiga errância”.

Quatro anos após sua morte, em 1982, foram publicadas suas “Obras Completas”.

Professora Universitária

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