Tribuna Ribeirão
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A Colômbia e sua Literatura (39): Augusto Pinilla

Rosemary Conceição dos Santos*

 

Poeta, romancista e ensaísta colombiano, Augusto Pinilla (1946- ) pertence ao movimento de poetas colombianos conhecido como Geração Sem Nome, grupo de poetas de classe média entusiasmados em reviver o espírito da poesia colombiana. Movimento, este, que conseguiu reinventar a poesia de um país então distraído pelos conflitos armados, pelo boom latino-americano e pela publicação de Cem Anos de Solidão, de autoria de Gabriel García Márquez (1967). Atuando na academia como professor de estética e literatura desde a década de 1970, alternou-se em cargos de consultoria para o Ministério da Educação Nacional nas áreas de espanhol e literatura. Segundo ele, “Com o tempo, percebi que meus estudos pessoais estavam muito correlacionados com o programa acadêmico“. Entre seus alunos mais notáveis desse período estão os escritores Mario Mendoza, Antonio García Ángel, Jorge Franco e Ricardo Silva Romero.

Sua obra mostra influência do argentino Julio Cortázar e do cubano José Lezama Lima. De tal forma que, em 1999, Pinilla publicou um livro intitulado “Cortázar y Lezama”, no qual, segundo ele, busca apresentar “em forma de ensaio os resultados de considerações sobre diversas circunstâncias e documentos que exigem mais um exame do que uma abordagem da história, do que o reconhecimento recíproco entre os dois autores indica, pode significar para a literatura da língua“. Nesta linha produtiva, muitos de seus ensaios e resenhas de livros foram publicados em revistas literárias colombianas.

Dentre seus livros de poesia merecem destaque “Canto y cuento” (1978), “Fábrica de sombras” (1987) e “El libro del aprecio” (1990). De seus romances, citamos “La casa infinita” (1979), onde uma mulher é revivida em outra e, portanto, a continuidade do amor entre os amantes não é possível, e “ El fénix de oro” (1982), merecem destaque. Com sua escrita versátil e profunda, construiu um legado literário que transcende gêneros, de ensaios a romances e poesias. Sua exploração crítica e seu compromisso com a renovação literária o tornam uma figura essencial no cenário cultural colombiano. Um poema seu?

 

Poema filosófico

 

Sempre acreditei que era

nas conversas com Sócrates

ou nos passeios com Hölderlin

pelas ruínas dos sóis, sem esquecer

que surgia o oráculo

de que

quem ama o que é mais vital pode pensar mais profundamente,

mas há a tua trança

que torna mais impossível

a existência da morte

e não direi nada do teu olhar

perdido no prado da juventude,

nada da tua cor,

apenas o teu passo estranhamente superior

à vida

idêntico à beleza.

 

Professora Universitária*

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