De acordo com especialistas, Jaime Jaramillo Escobar, filho mais velho de seis irmãos, passou sua infância na Antioquia (Turquia). Nas férias, passadas na Cordilheira dos Andes, localizada na América do Sul, entre os países Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, Escobar dedicava-se à leitura, ali conhecendo o escritor colombiano Gonzalo Arango, líder do movimento literário e cultural moderno conhecido como Nadaísmo, inspirado no surrealismo, no existencialismo francês, na geração beat, no dadaísmo e influenciado pelo escritor e filósofo colombiano Fernando González Ochoa. Sem concluir o ensino médio, trabalhou como secretário da Inspetoria Policial de Altamira, de onde acabou sendo demitido, mudando-se com a família para as cidades colombianas de Medellín e depois Bogotá e Cali.
Os participantes do Nadaísmo cultivavam as artes visuais e especialmente a poesia. Jaramillo Escobar, como muitos outros, relutou em se filiar a esse movimento, mas sua própria participação na revista e as referências escritas pelo próprio Gonzalo Arango o apresentam como mais identificável, sem deixar de reconhecer sua estranheza. A aparência física de Jaramillo Escobar estava longe do estilo informal, irreverente e desleixado de outros nadaístas e similares: ele usava um paletó, e dizia-se dele: “Ele paga o aluguel religiosamente no último dia do mês, assina cheques com dinheiro, usa um colete e, todas as manhãs, às oito horas, dá bom dia ao chefe.”. Tornou-se conhecido por seu primeiro livro, “Los poemas de la ofensa” (1967), escrito sob pseudônimo, com o Prêmio Nadaísta de Poesia Cassius Clay. Este livro foi escrito em 1963, quando ele morava em Cali, o cenário a partir do qual sua poesia, que recebeu diversos elogios da crítica, foi desenvolvida. Ele se inspirou em uma ampla gama de poetas, de Walt Whitman e Humberto Navarro a Vicente Huidobro.
Trabalhando como escritor, editor e tradutor, além de outras atividades práticas que lhe proporcionaram sustento financeiro, o autor adotou o pseudônimo de X-504, com ele apresentando duas contribuições para a revista Esquemas. Reza a lenda que o pseudônimo veio de uma placa de carro, e ele mesmo declarou em uma entrevista: “O X também é para perguntar quem eu sou. É um ponto de interrogação. O desconhecido que te questiona. Aquele que passa por suas mãos sem se revelar e vai embora depois de ter lhe dado tudo, exceto seu nome.”. Seus primeiros escritos também circularam na imprensa nacional: El Tiempo , El Espectador, com Escobar continuando a escrever poesias declaradas de vanguarda por especialistas nacionais e internacionais. A crítica da época chegando assim a manifestar-se sobre ele: “Este homem tímido e ordeiro, surgido em meio ao apocalipse nadaísta, tornou-se paradoxo supremo, o autor de uma obra que, sem negar o nadaísmo, o continua a um nível superior e ao mesmo tempo mais profundo: o da poesia autêntica”.
Com sua palavra situada e irônica, com a qual satirizou a sociedade colombiana, seus costumes e instituições, Escobar, em vida, foi agraciado com o Prêmio Nacional de Poesia Cote Lamus, em 1984, por sua obra “Con Sombrero de ahogado” (Com um Chapéu Afogado), e com o Prêmio da Universidade de Antioquia, um ano depois, por “Poemas de tierra caliente” (Poemas da Terra Quente). Graças ao esforço do gerente do Banco da República, em 1985 foi convidado a ministrar uma oficina de poesia na Biblioteca Piloto de Medellín, que manteve por mais de três décadas até sua morte, durante a pandemia, quando seu trabalho como formador de novos escritores foi realizado virtualmente. A biblioteca e seu sobrinho, Gabriel J. Henao, relataram que esse homem recluso morreu de um ataque cardíaco repentino em sua casa em Medellín, aos 89 anos. A mídia nacional e internacional divulgou vários obituários emocionantes, que se seguiram às reedições de sua obra.
Um poema seu? MANEIRAS DE GASTAR O TEMPO
“O empresário que gasta o tempo fabricando coisas, diz à pessoas que gastem consumindo suas coisas.
Não há sucessão de dias, pois o mesmo dia se repete e por isso os antigos afirmaram que o tempo não existe.
E os autores de livros querem que os empreguemos para ler o que todos eles escreveram.
E os cineastas nos dizem que a imagem é o único que merece o nosso tempo.
E os músicos creem que o tempo vai ser bastante para escutar toda a música que já foi composta.
Mas os agentes de viagem colocam anúncios nas revistas dizendo que viajar é a melhor maneira de gastar o tempo
O governo acredita, no entanto, que a pátria é a única merecedora de nosso tempo, com direito e lei.
Mas a nossa amada, ninguém mais que ela acredita ter direito sobre o nosso tempo.
Até nós mesmos pensamos em dispor de um pouco de tempo, quando isso for possível.
E meu pai me disse que não o desperdiçasse, senão que o guardasse para a eternidade.”

