José Eugenio Kaça *
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Inventaram a polarização na política nacional, mas polarização é o embate entre extremos, e ao que parece só há um extremo, que é a extrema direita, no outro lado é centro direita, e às vezes só direita, pois a esquerda e a extrema esquerda estão longe do poder. Na visão da extrema direita, o único problema que o Brasil enfrenta na atualidade é livrar os golpistas da cadeia, até parece que todos os problemas da população brasileira foram resolvidos; a saúde, a educação, a segurança pública, o saneamento básico, e a moradia, já foram todos resolvidos, e como todos os problemas da população “já foram resolvidos”; lutar parar livrar a bandidagem da cadeia passou a ser a principal prioridade dessa gente de “bem”.
E por falar em problemas resolvidos, a educação básica pública vive há décadas as mesmas agruras, de não conseguir resolver o problema do analfabetismo, e da evasão escolar. São problemas recorrentes que nos perseguem há séculos. A segregação sempre foi a marca registrada do nosso País, aquela ideia de Nação nunca se concretizou. A educação básica pública, nunca foi para todos, pois quando era respeitada pela sua qualidade, não era para todos. Para a maioria dos filhos dos pobres o curso primário, também conhecido como grupo escolar era a primeira e a única vivência com o mundo escolar, pois dai pra frente os vestibulares cuidavam de fechar as portas e os sonhos ficavam pelo caminho, alem disso grande parte deste público desistia da escola pela repetência e a necessidade de trabalhar para ajudar no sustento do lar.
E essa mácula do abandono escolar nos persegue há décadas, e continua nos perseguindo. Os nossos governantes têm o péssimo habito de mudar as nomenclaturas, na esperança de tudo se resolver com este simples ato, entretanto, os vicios continuam os mesmos. Em 1971, o governo resolveu criar uma nova nomenclatura e unificar o primário e o ginasial, que passou a ser chamado de ensino de 1º grau, com a duração de oito anos, e o ensino colegial, que era dividido em científico e clássico foi transformado no ensino de 2º grau. Entretanto, o fantasma da repetência e da evasão escolar continuou se aprofundando. Em 1977, foram matriculados 6.436 434 alunos na 1º série do primeiro grau, e concluíram a 8º série em 1984 865 149 alunos, apenas 13% concluíram o curso – nada mudou.
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) criado em 2007, cujo o objetivo principal era medir a qualidade da educação básica no Brasil, entretanto, os desvios de finalidades criaram falsos diagnósticos e uma realidade paralela, que servem apenas para disputas políticas.O IDEB é uma ferramenta criada para medir a qualidade do aprendizado e a eficiência do sistema educacional, e fazer os alunos progredirem sem retenções excessivas. A nota do IDEB é formada pelo desempenho dos alunos nas avaliações em Língua Portuguesa e Matemática, e pelo Fluxo Escolar (Rendimento/Aprovação), com as notas indo de 0 a 10.
Nestes dezoito anos de vigência do IDEB, a maioria dos estados e municípios não atingiram a média 5; uma vergonha. A política da obrigatoriedade das matriculas nos anos iniciais elevou o público nos anos iniciais, contudo, a porcentagem dos alunos que chegam ao final do ciclo é desoladora. E pelo visto os nossos políticos não estão preocupados com isso. Segundo denuncia de professores, governadores e prefeitos estão obrigado os professores a aprovar sem nenhum critério noventa e sete por cento dos alunos, mesmo os que não compareceram as aulas, e com isso melhoram o fluxo escolar, e sobem a nota do IDEB, um crime contra a educação básica pública.
Enquanto isso, o Congresso Nacional fica brincando de fazer política, e avacalhando o poder Executivo, para eles o único problema que o Brsil enfrenta é livrar golpistas da cadeia. O que aconteceu na Câmara dos deputados nesta semana mostra que alem de não se preocuparem com os problemas da população, estão mantendo viva a cultura do golpismo contra a democracia.
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação

