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A expansão das salas vip nos aeroportos 

Com serviço de bordo das aeronaves com cada vez menos opções, passageiros procuram salas vip nos aeroportos para obter conforto e economia (Ana Clara Albuquerque)  

Por Adalberto Luque 

 

A analista de gestão Kelly Santana e sua família usaram uma sala vip, pela primeira vez, no final de janeiro deste ano. “Fomos para Salvador e nosso voo saia do Aeroporto de Guarulhos. Então pesquisei e vi que, pelo meu cartão de crédito, tinha uma muito bem conceituada no Terminal 2, voos domésticos. Resolvemos experimentar”, explica. 

Kelly e seu marido Tamer em sala vip do terminal 2 em Guarulhos  (Arquivo Pessoal)

Ela já tinha ouvido de várias pessoas as vantagens das salas vip e resolveu testar. “Adorei. Tinha muitas coisas, como bebidas alcoólicas ou não, salgados, comidas, doces. Além do conforto de podermos esperar nosso voo, que sairia quase três horas depois de desembarcarmos em Guarulhos”, conta. 

Kelly, o marido Tamer e as filhas Isabela e Lívia, seguiam com amigos para Salvador (BA). Para ela, recorrer à sala vip que seu cartão de crédito dava direito, sem ter que pagar nada pelo que foi consumido foi a decisão mais acertada, afinal, no avião, num voo de quase três horas, serviram apenas água, refrigerante e dois cookies. 

“Simplesmente acabaram com o serviço de bordo. Há vários anos eu e meu marido fomos para Fortaleza. Tivemos um jantar inesquecível a bordo do avião. Em voos para os Estados Unidos ainda tem um serviço de bordo razoável. Desta vez, se não tivéssemos ido à sala vip, teríamos chegado de madrugada em Salvador e com fome”, observa Kelly. 

A família usufruiu do conforto por duas horas e meia. E ainda levaram uma garrafa de água cada um para o avião. “Baixei o aplicativo, vi o que tinha direito e o que era disponibilizado. Foi um atendimento excelente, que nos ajudou demais”, conclui a analista de gestão. 

Uma azeitona a menos 

O serviço de bordo já foi um grande atrativo nas companhias aéreas. No início, eram oferecidos somente aos passageiros da primeira classe. Depois todos desfrutavam de banquetes, mesmo em voos curtos, como os da Ponte Aérea Rio-São Paulo. 

Nos voos mais longos, sobretudo os intercontinentais, era um verdadeiro banquete. Mesmo na classe econômica. Afinal, o espaço era maior. Hoje os aviões diminuíram o espaço entre as fileiras de assentos para caber mais passageiros. 

E pensar que tudo começou a mudar com uma azeitona. Em 1987, o CEO da American Airlines, Bob Crandall, analisou dados operacionais e constatou que 72% dos passageiros não consumiam azeitonas nas refeições. Pensando no desperdício e na economia que isso representaria, Crandall cortou a azeitona do cardápio da American Airlines. 

Isso gerou uma economia de US$ 40 mil (hoje equivalente a mais de R$ 220 mil). A medida foi seguida por outras aéreas. Nos anos 1990, as companhias aéreas de baixo custo (low cost) passaram a ganhar mercado. 

Grandes companhias, como Latam e Gol, seguiram essa cartilha e o serviço de bordo diminuiu, passou a ter itens cobrados e praticamente acabou. Nem mesmo a famosa barrinha de cereal é vista com frequência no intervalo entre a decolagem e o pouco, quando ocorre o serviço de bordo. Como nos aeroportos o custo com refeições e bebidas é alto (uma garrafa de água custa mais de R$ 10), bancos, operadoras de cartão de crédito e as próprias companhias aéreas resolveram apostar num outro segmento: as salas vip, para oferecer conforto a seus clientes, em troca de fidelização. 

Chuveiros 

Carlos Vieira e a esposa Suely em sala vip de aeroporto em Madri, capital da Espanha ( Carlos Vieira/Arquivo Pessoal)

O empresário Carlos Alberto Vieira, do setor de alumínio, frequenta salas vip há vários anos. “Acho que as salas vip melhoraram e facilitaram bem nossas viagens de avião. Principalmente quando é voo nacional e é preciso fazer conexão, esperando três horas ou mais no aeroporto”, avalia. 

Segundo Vieira, o espaço para se alimentar, beber e aguardar o próximo voo em lugar mais confortável, deixa a espera menos cansativa do que se fosse no saguão do aeroporto. Isso, em sua opinião, deixa a conexão menos estressante. 

“Também utilizo nas viagens internacionais, principalmente se temos longas esperas entre os voos. São salas especiais para descanso, para tirar um cochilo. Fora a parte de alimentação que ajuda e muito”, admite o empresário. Ele lembra que, nos aeroportos internacionais, preços de alimentos e bebidas são ainda mais proibitivos que nos voos domésticos. 

Ele e sua esposa Suely também tiveram opções além da alimentação e descanso. “No exterior, já ficamos em sala vip onde, além do espaço reservado para poder dormir um pouco, tinha até chuveiro para quem quisesse tomar um banho. Sala Vip é um excelente negócio: pode-se dormir, tomar banho, se alimentar. É fantástico”, diz o empresário. 

Quase 90 anos 

A primeira Sala VIP que se tem notícia teria surgido nos Estados Unidos em 1939. Criada para atender clientes da primeira classe e de altíssimo poder aquisitivo, a pioneira delas foi instalada no aeroporto de LaGuardia, no Queens, em Nova Iorque. 

Com a redução e quase extinção por completo do serviço de bordo nas aeronaves, o serviço se tornou uma grande opção para quem tem um certo poder aquisitivo e quer evitar gastos dispendiosos nos aeroportos. 

Para se ter acesso às salas vips, existem algumas regras básicas. Uma delas é ter um cartão de crédito com gastos em patamares pré-estabelecidos. Os chamados cartões golden, platina ou black, dependendo da bandeira. 

E para ter direito ao benefício, o cliente tem suas escalas de gasto. Até determinado valor, podem usar duas salas vip por ano em suas viagens. Acima disso, vão aumentando até que se chegue ao teto de utilização, com frequência mais ampla. 

Apostando na fidelização dos clientes, operadoras de cartão de crédito, bancos, financeiras, empresas diversas – entre elas as próprias companhias aéreas -, investiram nesse segmento. Sem os serviços de bordo, a magia de se comer numa viagem aérea foi transferida para os saguões dos aeroportos e a ideia caiu no gosto popular. 

Fila de espera 

A executiva Carla Reis usa salas vip há vários anos e tem várias opções, mas em uma de suas últimas viagens enfrentou filas de espera e optou por espaço de companhia aérea (Carla Reis/Arquivo Pessoal)

“Em minha última viagem, próximo ao feriado de Páscoa, as salas vip no aeroporto de Guarulhos estavam lotadas. Eu tinha que aguardar conexão de um voo para Belém (PA) e precisava trabalhar, além de me alimentar. Fui a várias salas do Aeroporto Internacional, em Guarulhos e havia fila de espera em todas. Então avistei a da companhia aérea do meu voo de volta. Deu para entrar. Pude trabalhar, descansar e me alimentar até a hora do embarque”, conta a executiva de negócios Carla Regina dos Reis. 

Frequentadora de sala vip há vários anos, entende que é tudo muito bom, sobretudo pelo gasto que o passageiro teria no aeroporto. “Meu voo para Belém durou cerca de três horas e meia e o serviço de bordo foi um pacotinho de biscoito de polvilho, refrigerante e água. Mas dessa vez achei que não iria conseguir entrar em uma sala vip. Por conta das viagens frequentes, tenho três opções de cartão para várias salas vip, mas ainda assim, estava difícil.” 

Carla explica que apesar de ter aumentado muito a frequência de usuários, a sala vip não é acessível a todos os passageiros. “Apenas para pessoas com um padrão melhor, mas que têm que pagar anuidade de cartão, gastar pelo menos R$ 3 mil todo mês, dependendo do cartão. Isso tudo movimenta um grande mercado em busca de vantagens oferecidas e procuradas”, salienta a executiva. 

Opções 

As salas vip são opções para todos os gostos, mas nem todos os bolsos, apenas para os mais abastados. E se espalharam pelo País. Como em Ribeirão Preto, onde uma está instalada no saguão de embarque. A sala vip do Aeroporto Leite Lopes é uma das que atendem bandeiras de cartões de crédito e bancos. 

No Aeroporto Internacional Franco Montoro, em Guarulhos, os três terminais têm salas vip. Além disso, restaurantes instalados antes do embarque de voos domésticos oferecem opções de descontos ou convênio com bancos e cartões de crédito onde é possível consumir até US$ 32 em produtos por conta do benefício. O que passar disso fica por conta do cliente. 

No exterior também há várias opções. A grande maioria das salas vip só podem ser acessadas através de reservas feitas por aplicativo. Contudo, tais reservas não garantem ao cliente acesso imediato.  

Nas salas vip, Martha Jane alternou experiências ótimas e outras nem tanto (Foto: Arquivo Pessoal)

“Fomos para Santa Catarina no começo de abril. Saímos de Ribeirão Preto por volta de 10h00 e teríamos que esperar quase três horas pelo voo para o Aeroporto de Navegantes, nosso destino. Decidimos ir a uma das salas vip, a que nossa bandeira de cartão de crédito oferecia. Infelizmente não foi nossa melhor escolha. Primeiro, porque enfrentamos uma fila de espera de 20 minutos. Depois, com poucas opções de alimentos (só salgadinhos fritos), acabamos comendo mal. Apenas as bebidas eram variadas. Soubemos que havia outra sala, muito mais bem avaliada, mas nosso cartão não dava acesso”, explica a funcionária pública Martha Jane Araújo. 

A volta, todavia, foi muito mais agradável. Ela e o marido optaram por usar a sala vip do Aeroporto de Navegantes. “Tinha muitas opções. Até comida vegana e doces finos, que experimentamos e achamos muito bem preparados. Era mais aconchegante. Depois, na escala em Congonhas, ficamos pouco tempo no saguão, até embarcar para Ribeirão Preto e deu tudo certo. Mas pelos horários de nossos voos e conexões, usamos as salas vip justamente no horário de almoço. Se fôssemos nos alimentar nos aeroportos, nosso gasto seria muito grande. Valeu a pena”, finaliza Martha. 

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