Tribuna Ribeirão
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A filatelia tem futuro?

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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A filatelia é dos mais prazerosos hobbies, pois envolve a busca de exemplares de selos do mundo todo, propiciando cultura, conhecimento da história, nostalgia dos tempos passados, inserção numa comunidade nacional e internacional, além de preencher criativamente o tempo de lazer.

Quando jovem, comecei a colecionar esses impressos, amealhando considerável quantidade dos mesmos, atitude que foi abandonada durante meus anos de São Paulo, quando frequentava a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Retornando à minha cidade natal, dei-me conta de que possuía uma quantidade enorme de selos emitidos por todos os países, uma vez que a comunicação era feita por carta. Algumas nações utilizavam mesmo a emissão de selos comemorativos, belíssimos, como forma de obter receita, pois eram cobiçados por muitos. Perdido nesta imensidão, fui socorrido por Hélio Santana de Almeida, meu companheiro de Rotary e o único numismático que, àquele tempo, tinha a coleção completa das moedas emitidas pelo Brasil.

Quando havia exposições nacionais ou internacionais, o Banco Central pedia emprestado a ele as moedas que faltavam à coleção daquela instituição. Ele era também filatelista e me aconselhou que,face a tanta diversidade, a solução seria desenvolver coleções temáticas. Assim, elegi o automóvel e os cogumelos( atenção: nunca os usei para fins psicodélicos ! ) para objeto de minha escolha, juntando considerável coleção dos selos, que tenho até hoje e que manuseio de vez em quando.

O selo surgiu na Inglaterra, no ano de 1840 e resolvia um grande problema na entrega de correspondências, pois o pagamento do porte era feito pelo destinatário. Muitos deles se recusavam a pagar, gerando prejuízo para os Correios. Foi quando surgiu a ideia do pagamento antecipado do porte , emitindo-se um papelote que comprovava este pagamento: surgia o selo, o Penny Black.

O Brasil foi o segundo país do mundo a emitir selos, em 1843, quando lançou a série Olho de Boi, nos valores de 30, 60 e 90 réis. A partir daí, o selo se popularizou e foi adotado por todos os países que existem.
Com a internet e suas várias formas de comunicação instantânea, a carta foi sendo abandonada. Hoje, raríssimos são os casos de comunicação por esse meio.

Alguns países já abandonaram a emissão de selos, preferindo chancelar eventuais cartas e encomendas com carimbos impressos na hora, por máquina. Outros anunciam que encerrarão o recebimento da postagem de cartas.

Face à esta situação e à idade atual dos colecionadores, qual será o futuro
deste hobby ?  O hobby perdeu um dos seus mais desafiadores estímulos que era a busca
contínua de novos selos. Agora, existe somente o estoque enorme de exemplares, os quais, à medida em que o tempo passa, tornam-se mais raros e caros.

Assim penso que filatelia continuará a existir, porém com novo formato: um mercado de selos cada vez mais caros, com peças de grande valor, que perdurará ainda por bom tempo. O colecionador de selos será um administrador de objetos desejados por poucos, que se dispõe a pagar grandes
valores.

Hoje, nos surpreendemos quando o selo One-Cent Magenta da Guiana Inglesa, de 1856, é comprado em leilão por 9,5 milhões de dólares ou o Jenny  Invertido dos Estados Unidos, de 1918 (por erro de impressão mostra um avião da época de cabeça para baixo) é adquirido por 2 milhões de dólares. A partir de agora, será que muitos se aproximarão destes valores?

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília
Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de
Letras

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