Leandro Maia Marques *
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Desde o final do século XIX o Brasil e Ribeirão Preto, em especial, foram formados por várias influências culturais de vários países do mundo, dentre as quais hábitos, costumes e modos de vida da China foram absorvidas e formaram uma parte da identidade e comportamento dos povos brasileiro e ribeirão-pretano.
Na fase até a década de 1970 de um certo fechamento da China para o mundo foram assimiladas suas invenções ábaco, bússola, papel e pipa; na saúde acupuntura, na educação com o uso de nanquim das aulas de artes e a aprendizagem dos conteúdos de história sobre a milenar Muralha da China e de geografia da região do Tibete, os esportes kung fu, tai chi chuan, o tênis de mesa nomeado como “ping pong” e a jogada no vôlei feminino “china” jogada no Ginásio da Cava do Bosque.
Na gastronomia foram adicionados os ingredientes nativos chineses shitake, alho chinês, gengibre, ginseng, canela-da-china, pimenta-da-china e limão china; os pratos macarrão, yakissoba, lamem e pastel; doce gelatina chinesa, a instalação de restaurantes de franquia China in Boxe isolado Dragão do Bosque.
Na cultura, a música no gênero Verdade Chinesa de Emílio Santiago ouvida na rádio local Diário FM, expressão “fazer um negócio da China”, o lambdacismo de trocar a pronúncia do o r pelo l “tlês pasteis de flango”, provérbio “Apenas falar não cozinha arroz”; e filosofia, caso da teoria dos cinco elementos (terra, água, madeira, fogo e metal), Fengshui, i ching e tao (yin e yang).
A partir da década de 1980, no contexto da expansão do interesse pela cultura e tecnologia do sudeste asiático, japonesa e sul-coreana, em especial, da globalização e da consequente influência econômica, da mundialização cultural e da maior abertura da China para o mundo e da relação entre esses dois países em desenvolvimento membros dos BRICS aumentaram as conexões culturais e diminuíram um pouco as distâncias culturais sino-brasileiras, apesar da sua enorme distância geográfica do Brasil.
Exemplos da produção e de consumo de conteúdos em vídeo das reportagens e matérias jornalísticas de televisão emitidos pela TV Bandeirantes em parceria com a agência de notícias Chinese Central Television (CCTV) retransmitidas na região pela TV Clube e dos novos modos de produzir e consumir imagens em movimento em smartphones Huawei, drones Djie aplicativos de vídeos Tiktok.
Na saúde a produção de vacinas contra a Covid-19 Sinovac, na cultura com os filmes de Wong Kar-wai locados no generoso catálogo da Genius Videoe assistidos, também, no Cineclube Cauim e cuidar de animais domesticados, por exemplo, da raça de cachorro pequinês.
Em síntese, é necessário tolerância e conhecimento maiores para desconstruir os preconceitos e os estereótipos sobre a influência local da China, pois a cultura japonesa, na expressão “ Abre o olho japa!” já foi outrora menosprezada. De modo que haja uma menor sinofobia (aversão aos chineses) construída por uma parte da sociedade brasileira, caso do suposto pouco asseio dos bares de propriedade de imigrantes chineses no Centro e uma maior sinofilia (amizade aos chineses) este um costume tão valorizado dos brasileiros para as influências das culturas de todo o mundo para a formação de parte da civilização brasileira.
* Professor de História da Prefeitura, Mestre em História Econômica pela Universidade de São Paulo