Por: Adalberto Luque
O Fórum Criminal de Ribeirão Preto recebeu, a partir desta terça-feira, 14 de outubro, a terceira etapa de depoimentos da audiência de custódia que vai definir os rumos do caso da professora de pilates Larissa Talle Leôncio Rodrigues, de 37 anos, morta por envenenamento em 22 de março.
Os acusados, Luiz Antônio Garnica, de 38 anos, e sua mãe, Elizabete Eugênio Arrabaça Garnica, de 68 anos, foram ouvidos de forma online, das penitenciárias onde estão presos. Garnica está em Serra Azul e sua mãe está em Tremembé (SP), no Vale do Paraíba.

A audiência começou por volta de 09h30. Foram ouvidas cinco testemunhas. No período da manhã um taxista amigo de Elizabete e um amigo do casal Luiz Antônio e Larissa. Ambos foram convocados pelas defesas dos acusados.
Na parte da tarde, mais três depoimentos: uma amiga e uma prima de Elizabete, citadas por suas defesas e o mais esperado de todos, Antônio Luiz Garnica, pai do acusado e sua testemunha de defesa.
Antes da audiência, os dois advogados de defesa se mostraram confiantes e garantiram que irão comprovar a inocência de seus clientes. Júlio Mossin, que defende Garnica, garante que nos autos está provado que seu cliente não teve participação e não tinha motivação, financeira ou não. Ele citou que o patrimônio do casal era apenas o apartamento onde moravam, no Jardim Botânico, zona Sul da cidade, onde Garnica pagava mais de 80% da parcela de financiamento e Larissa pagava o restante, além do carro que cada um tinha. O restante do patrimônio, segundo o advogado, seria fruto de herança da família dele.

Já Bruno Ribeiro, advogado de Elizabete, disse que quer trazer para o contexto a personalidade de sua cliente, demonstrando ausência de vício em jogo ou que ela passasse por dificuldades financeiras. Ele também acrescentou que Elizabete vai falar sobre o que conversou com Larissa quando esteve com ela às vésperas de sua morte. “Depois que ela saiu, recebeu mensagens de Larissa, o que comprova que ela estava viva”, concluiu.
Já o promotor do caso, Marcus Túlio Nicolino, disse que a audiência de custódia é apenas pró-forma, já que a defesa nega a autoria dos acusados. O representante do MP disse que tudo já foi produzido e, no entender dele, as testemunhas foram levadas apenas para falar bem dos acusados.
A partir desta quarta-feira (15), o Ministério Público terá 10 dias de prazo para as alegações finais, que devem ser entregues por escrito. Depois os dois defensores também terão o mesmo prazo para argumentações finais.

O resultado da audiência de custódia deve ser conhecido até o dia 15 do próximo mês. O juiz vai decidir se o caso será levado para o Tribunal do Júri, se um juiz analisa a questão e aplica as penas ou se os dois são liberados por entender que não ficou provada a participação de ambos ou de um deles na morte de Larissa.
Entenda o caso
A professora Larissa Rodrigues foi encontrada morta em seu apartamento no Jardim Botânico, Zona Sul de Ribeirão Preto, na manhã de 22 de março. O corpo foi localizado pelo marido, o médico ortopedista Luiz Garnica, que afirmou ter encontrado a mulher desfalecida no banheiro. Ele a colocou na cama e acionou a Guarda Civil Metropolitana e o Samu, mas ela já estava sem vida.
O exame necroscópico não identificou a causa da morte, mas o laudo toxicológico confirmou envenenamento por “chumbinho”. Após ouvir testemunhas, o delegado Fernando Bravo pediu a prisão preventiva de Garnica e de sua mãe, Elizabete Eugênio Arrabaça, apontando ambos como suspeitos do crime. Na conclusão do inquérito, Elizabete e Garnica foram acusados de feminicídio. O marido da vítima também responde por fraude processual, por ter alterado a cena do crime.

Durante as investigações, Bravo também solicitou a exumação do corpo de Nathália Garnica, irmã de Luiz e filha de Elizabete, que havia morrido em Pontal, em 9 de fevereiro, aos 42 anos. Embora a morte tivesse sido registrada como enfarte, o delegado suspeitou de envenenamento, já que Nathália apresentava boa saúde. O laudo do Instituto Médico Legal confirmou a presença de “chumbinho”, apontando envenenamento.
Com o resultado, a polícia indicou que Elizabete Arrabaça deve ser indiciada pela morte da filha. Já o ortopedista e outra irmã, Viviane Garnica Mioto, foram isentos de envolvimento. O caso é tratado como homicídio qualificado, por motivo torpe e meio cruel.
A defesa nega a participação dos investigados. Uma das linhas de investigação aponta que a morte de Larissa pode ter relação com disputa por partilha de bens, já que ela havia solicitado o divórcio dias antes. No caso de Nathália, a suspeita é de que a mãe não aceitava que a filha constituísse família, também por motivos patrimoniais.

