Conceição Lima *
Imagine participar de uma reunião online sem precisar ligar a câmera, mas ainda assim estar “presente” com expressões, gestos e até mesmo um sorriso! Parece coisa de ficção científica?
Pois saiba que essa realidade já está entre nós!Em vez de mostrar seu rosto real pela webcam, você pode aparecer como um personagem 3D, que se move, pisca, sorri e até gesticula enquanto fala.
Essa mágica acontece graças a sensores e algoritmos de Inteligência Artificial, que captam seus movimentos e os traduzem em tempo real.
Os avatares virtuais (uma curiosa representação de uma pessoa, criada para interagir em ambientes digitais) estão ganhando espaço nas salas de reunião onlinee podem assumir diferentes formas, desde tipos realistas até opções mais estilizadas e caricaturais. Em termos de personalização, os tais avatares permitem que cada participante se destaque de uma forma única, escolhendo características como cor do cabelo, tipo de roupas e até acessórios.
A plataforma Zoom e o Microsoft Teams, por exemplo, já oferecem suporte a avatares. Por sua vez, a Metade Zuckerberg está investindo pesado em experiências imersivas com avatares no metaverso, com direito a salas de conferência digitais e interações quase reais.
Uma solução inovadora ou puro exagero? Com certeza, uma alternativa divertida, às vezes bem prática de “aparecer” sem mostrar a cara verdadeira. E muita gente está aderindo! Os motivos são vários, dentre eles privacidade e inclusão.
Na verdade,nem todo mundo se sente confortável em aparecer diante de uma câmera, seja por timidez, cansaço, ambiente inadequado e até limitações físicas que compliquem essa exposição.Assim, através de avatares, as pessoas podem incrementar o visual e preservar a autoestima. Prontos a auxiliarem a superar as barreiras da insegurança ou da ansiedade os avatares aí estão: em vez de mostrar seu rosto, os usuários podem exibir um avatar que os represente digitalmente.
Além disso, obtém-se o devido anonimato visual daqueles que querem preservar sua verdadeira magem. Além das reuniões online, os avatares podem ser usados em outros contextos, especialmente no trabalho remoto, onde, aliás,estão mesmo revolucionando a conexão. Em vez de usar apenas vídeo ou áudio, as pessoas agora podem interagir através de representações visuais personalizadas, o que torna as reuniões mais dinâmicas e envolventes, resultando numa comunicação mais clara e eficaz entre as equipes. Mas nem tudo são flores…
Apesar das vantagens, o uso de avatares ainda enfrenta alguns desafios. A tecnologia que os suporta costuma exigir dispositivos compatíveis e conexões estáveis, o que pode limitar seu uso em algumas regiões.Além, disso, a habilidade de operar as ferramentas de avatar podelimitar sua adoção.
Outro ponto importante é a padronização: como cada plataforma adota um sistema diferente, a experiência pode variar bastante, o que dificulta a adesão em larga escala. Outro desafio significativo é a falta de realismo. Em certas situações, avatares podem não transmitir a mesma autenticidade de uma imagem real, dificultando a expressão de emoções e intenções.
A comunicação pode ser afetada, especialmente em discussões mais intensas. Inclusive, há quem veja os avatares como uma distração ou uma ameaça à formalidade das reuniões. E o que vem por aí?O futuro promete ainda mais inovações. Imagine uma reunião em que seu avatar não apenas represente você, mas também entenda suas emoções, traduza sua linguagem corporal e até interaja com objetos reais e virtuais. Parece distante? Talvez nem tanto assim…
Conforme a tecnologia avança, a qualidade e a interatividade dos avatares também melhoram,através de experiências mais imersivas e cativantes.Avatares com inteligência emocional, capazes de reagir automaticamente ao tom da conversa, já estão em desenvolvimento.
A integração com a Realidade Aumentada e ambientes tridimensionais também está no horizonte, aproximando ainda mais o mundo físico do digital. Se você gostou da ideia e quiser “adotar” um avatar, aqui vão algumas dicas para o “clone” perfeito.
Primeiro, pense na sua personalidade: o seu avatar deve refletir exatamente quem você é. Em seguida, avalie o contexto de uso, antes de optar por um look mais sério ou mais divertido. Também, experimente diferentes estilos: é preciso encontrar a aparência que melhor represente sua identidade. Mas, convém manter a simplicidade: o menos muitas vezes é mais.
E, por último, verifique a qualidade: capriche nesse quesito. Em breve, ligar a câmera pode ser apenas uma das muitas formas de “aparecer” e, talvez, não a mais interessante.O futuro promete uma adaptação contínua dessas tecnologias. Assim, não subestime o potencial dos avatares para transformar a maneira como atuamos num espaço que, definitivamente, já não é mais o mesmo de alguns anos atrás.
* Doutora em Letras, com pós-doutorado em Linguística, escritora, conferencista e palestrante, membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia membro fundador da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras