Tribuna Ribeirão
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Bem-te-vi


Rui Flávio Chúfalo Guião *

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Um amigo muito querido, leitor de minhas crônicas, dentre elas a que elaborei sobre o sabiá, me sugere escrever sobre outro pássaro que está também sempre presente em nossos jardins, gosta de voar rasante sobre a superfície de nossas piscinas para pegar pequenos insetos e apresenta notável cor amarela no seu peito, o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus).

Ao contrário do sabiá, que ocorre em várias partes do mundo, o bem-te-vi é um pássaro americano, encontrado desde o Texas até a Argentina. Conhecem-no pela onomatopeia de seu canto: bem-te-vi, em português; bienteveo ou vinteveo, em espanhol e kiskadee, em inglês.

A ave tem um canto estridente, usado para atrair as fêmeas, demarcar o território ou mesmo avisar da existência de predadores.

Tem penas escuras na parte superior do corpo e ventre amarelado, com cabeça negra, entrecortada por faixas brancas e está constantemente realizando pequenas migrações em busca de melhor clima.

Monogâmico, o casal vive unido para sempre. A fêmea coloca de dois a cinco ovos, em ninhos geralmente feitos em árvores altas e de poucas folhas, sendo que a incubação dura cerca de vinte dias.

É muito comum os filhotes viverem no ambiente onde nasceram.

Na nossa casa anterior, pais e filhos se revezavam na tina de água e voavam baixo sobre a piscina, catando pequenos insetos que ali boiavam, isto feito por voos acrobáticos desde os galhos das árvores.

Quando nós usávamos a piscina, era uma gritaria enorme, um protesto pelo esbulho da sua lagoa particular, com os pássaros eriçando sua coroa de penas amarelas.

Como outras aves, o bem-te-vi é objeto de crenças populares, que variam de região a região, mas, que têm em comum duas ideias básicas: aviso e boa sorte. Assim, sua presença e seu canto dão aviso de boas novas.

Em alguns lugares, o seu canto significa que alguém da casa está grávida. Ele traz também proteção espiritual e é símbolo de renovação e mudança.

O bem-te-vi tem dois sósias, também frequentadores de nossos jardins: o siriri e o cambacica.

O siriri (Tyrannus melancholicus) é da mesma família do bem-te-vi, é muito parecido com ele e algumas vezes torna-se difícil diferenciá-lo do sósia.

Entretanto, o siriri não tem a face negra com faixas brancas e seu canto é diferente.

O cambacica, também conhecido como sebinho (Coereba flaveola ) diferencia-se dos dois primeiros pelo seu tamanho reduzido, embora se pareçam bastante.

Em minha casa nova, coloquei um comedouro e um bebedouro pendurados numa árvore frondosa e me divirto vendo o casalzinho de cambacica colocar o bico na flor plástica, em busca do néctar.

Saltitantes e agitados, os pássaros bebem o líquido, voam rápido para retornarem e iniciarem o ciclo novamente.

Os bem-te-vis fazem guarda nos muros, defendendo seu território e observam as inúmeras marias-pretas e o canários-da-terra que disputam a ração do comedouro.

A alimentação do bem-te-vi é extremamente variada, pois é uma ave onívora e generalista, o que significa que pode comer uma grande diversidade de alimentos dependendo da disponibilidade em seu habitat.

Sua dieta inclui insetos como base principal, mas também consome frutas, ovos de outros pássaros, minhocas, peixes pequenos, lagartos, sapos, pequenos roedores, e até mesmo carrapatos de bovinos e equinos.

Já a dieta do siriri é essencialmente insetívora, alimentando-se de insetos voadores como moscas, abelhas, vespas, borboletas, gafanhotos e cupins, embora algumas espécies também consumam frutos de árvores.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras

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