Tribuna apurou que o parlamentar decidiu retomar atividades após o vencimento do terceiro atestado médico
O vereador Roger Ronan da Silva (MDB), o Bigodini, de 33 anos, deverá retornar às atividades legislativas nesta quinta-feira, 30 de outubro, cerca de um mês depois de envolver em acidente de trânsito, na madrugada de 28 de setembro.
O terceiro atestado médico apresentado pelo parlamentar venceu nesta quarta-feira (29). Segundo o Tribuna apurou, Bigodini deverá participar de reunião com assessores em seu gabinete. As sessões ordinárias da Câmara acontecem às segundas e quartas-feiras. Ele ainda poderá renovar o pedido de licença nos próximos dias.
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara não havia confirmado, até o fechamento desta edição, se a Polícia Civil havia enviado cópia do inquérito que envolve o indiciamento do vereador. No dia 20, Bigodini protocolou na Câmara novo atestado médico com duração de mais dez dias para justificar sua ausência das atividades parlamentares.
Desde 29 de setembro, o vereador está afastado de suas funções legislativas e foi internado em clínica particular para tratamento. Ele apresentou atestados médicos de ansiedade e estresse. O primeiro, com prazo de quatro dias, venceu em 2 de outubro.
O segundo, de dez dias, expirou no dia 15. Aponta transtorno de estresse agudo, caracterizado por uma resposta emocional intensa a um evento traumático. Os atestados totalizam, até o momento, 24 dias de afastamento.
O parlamentar precisou de internação em clínica particular. Na sexta-feira (24), delegado Gustavo André Alves, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), indiciou o vereador por embriaguez ao volante, falsidade ideológica e fraude processual, confirmando que ele não disse a verdade após o acidente. Somadas, as penas podem chegar a dez anos de prisão em caso de condenação.
O barbeiro e infuenciador também pode ficar inelegível por oito anos. Já a namorada dele, a assistente social Isabela de Cássia de Andrade Faria, de 29 anos, responderá por falsidade ideológica, fraude processual e autoacusação.
O casal não será preso e acompanhará o trâmite do processo em liberdade. O delegado vai enviar o relatório final do inquérito para o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que pode optar por arquivar o caso ou oferecer denúncia à Justiça de Ribeirão Preto.
Neste caso, o vereador e a namorada passam a ser considerados réus e serão julgados pelos crimes a eles imputados. Como não houve morte, a possibilidade de júri popular está descartada. O acidente de trânsito envolvendo o Chevrolet Tracker cinza alugado pelo vereador ocorreu na madrugada de 28 de setembro, na avenida do Café, Zona Oeste.
Na época, Bigodini disse a policiais que a namorada estava dirigindo. Ela não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo o delegado Alves, as investigações reuniram diversas imagens de câmeras de segurança coletadas em diversos pontos por onde o vereador e sua namorada haviam passado naquela noite e madrugada que antecederam o acidente.
O delegado disse que, através das imagens, é possível afirmar que era sempre Bigodini quem conduzia o carro. Eles foram a diversos bares e a Polícia Civil conseguiu levantar o que ele consumiu. Os vídeos foram submetidos à perícia comprovam que Bigodini estava ao volante do Chevrolet Tracker cinza alugado.
O rastreamento foi possível porque o carro que Bigodini dirigia era alugado e monitorado por GPS. Naquela noite, Bigodini ingeriu vodca, cachaça, uísque e cerveja. Na direção do Tracker, atingiu mais de 100 quilômetros por hora em várias vias da cidade, chegando ao máximo de 183 km/h na Rodovia Anhanguera (SP-330) Já o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Ribeirão Preto aguarda o envio pela Polícia Civil dos documentos com a conclusão sobre as investigações feitas contra o vereador para decidir o futuro do parlamentar.
O colegiado é presidido pelo vereador Diácono Ramos (União Brasil) e conta com a participação de Franco Ferro (PP), Maurício Vila Abranches (PSDB), Brando Veiga (Republicanos) e Jean Corauci (PSD). A defesa de Bigodini pede a anulação do processo de cassação por falta de provas.
Na Câmara, passou a ser investigado após o jornalista Rodrigo Leone da Silva entrar com pedido de cassação. O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar em 180 dias para concluir os trabalhos e emitir parecer sobre o caso. Em nota distribuída a imprensa, os advogados Wesley Felipe Martins dos Santos Rodrigues e Paulo Roberto Pereira Marques dizem que tomaram conhecimento das imagens divulgadas pela Polícia Civil através da mídia.
Citam que o processo tem 233 páginas, motivo pelo qual não houve tempo hábil para que a defesa procedesse à análise minuciosa de todo o conteúdo apresentado.

