Por Hugo Luque
O Botafogo faz, neste domingo (23), às 16h30, o derradeiro e mais importante jogo de sua temporada. No Estádio Santa Cruz/Arena Nicnet, o Pantera encara o Avaí para evitar o rebaixamento e garantir sua permanência na Série B do Campeonato Brasileiro.
A missão é simples: uma vitória pelo placar mínimo no duelo, válido pela 38ª e última rodada da competição, assegura o “passaporte” do clube ribeirão-pretano para a segunda divisão nacional do ano que vem. Em caso de tropeço, ainda existem outras possibilidades de conseguir afastar o descenso para a Série C.
O Bota é o 16º colocado com 41 pontos, mesmo número do Athletic-MG, 15º, e um a mais do que a Ferroviária, que soma 40 e abre a zona de rebaixamento com 40. Em caso de empate com o Avaí, o Tricolor evita a queda se a Locomotiva não vencer o Operário-PR ou se o adversário mineiro perder para o lanterna Paysandu, já rebaixado.
Se for derrotado em casa, o Pantera precisará torcer para que a Ferroviária não vença o Operário – um empate basta por conta do critério de desempate de vitórias. Os três jogos ocorrerão simultaneamente.

Um receio nas arquibancadas é a “mala branca”. O Avaí, na região intermediária da tabela, não tem mais chances de brigar pelo acesso e nem pode ser rebaixado. Por isso, a equipe catarinense entra em campo apenas para cumprir tabela. No entanto, existe a possibilidade de incentivo financeiro para os jogadores do Leão da Ilha vindo de outras equipes. O zagueiro e capitão Ericson não acredita que isso será um fator relevante ao longo dos 90 minutos.
“Faz parte. A gente está dentro do futebol e isso acontece, mas eu só consigo enxergar o nosso lado hoje e pensar que, independentemente do incentivo que eles tiverem do outro lado, o nosso tem de ser muito maior para permanecer na divisão. Lá dentro [do campo], sinceramente, a mala branca não vai entrar, porque são 11 contra 11 e o bicho vai pegar”, afirmou.
Ascensão tricolor
O Botafogo chegou ao segundo turno da Série B na lanterna e tinha grandes chances de ser rebaixado. O técnico Allan Aal conseguiu fazer o time esboçar uma reação, mas uma queda de rendimento motivou a diretoria a trocá-lo pelo auxiliar Ivan Izzo, que comandou a equipe nas últimas sete rodadas como interino.
Foram três vitórias, três empates e uma derrotas com Izzo no banco de reservas. O revés veio somente na última rodada, fora de casa, diante do Criciúma, por 2 a 0. Mesmo com o tropeço, o Pantera chega à “decisão” com moral e na expectativa para comemorar com sua torcida após o apito final.
“Se nós formos olhar há sete rodadas e eu viesse falando que, na última rodada, nós só dependeríamos de nós, eu acredito que vocês não bancariam isso. A gente está muito satisfeito pelo que fizemos até hoje e, se Deus quiser, vamos conseguir o objetivo dentro de casa no domingo”, disse o treinador.
O Tricolor chega à última partida do ano com a menor probabilidade de queda neste segundo turno, segundo o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A equipe tem 15,4% de chance contra 76,9% da Ferroviária e 7,7% do Athletic. Mesmo com a possibilidade, Ericson garante que o elenco está tranquilo.
“Foi uma temporada difícil, mas o lado bom é que depende só de nós. O time está bem, todo mundo muito confiante, mas sabendo que há riscos. É um time que não briga por nada e vai vir muito leve, então a gente tem de ter atenção em tudo e entrar muito ligado, muito aceso, com a esperança de ver a casa cheia.”
Fator casa
Como mencionado pelo defensor, a expectativa é de casa cheia, mais uma vez, assim como contra o Amazonas, há duas rodadas. O Botafogo projeta cerca de 15 mil pessoas no Santão, o que seria o maior público no estádio neste ano – no momento, o recorde pertence à partida contra o São Paulo, no Paulistão, com 13.090 presentes.
Novamente, os ingressos estão à venda com valores promocionais: R$ 20 (R$ 10 a meia-entrada) na arquibancada, R$ 30 (R$ 15 a meia) no setor bronze, R$ 40 (R$ 20 a meia) no prata e R$ 50 (25 a meia) no ouro. Todo torcedor com camisa do Bota paga meia.

A comercialização acontece nas bilheterias até os 15 minutos do segundo tempo do jogo ou pelo site Total Ticket. Sócios-torcedores têm direito a dois ingressos adicionais, desde que tenham sido retirados até sábado.
“No jogo passado, a gente elogiou muito o torcedor, porque eles compareceram em grande número e jogaram junto com os atletas, principalmente nos momentos de dificuldade. Isso foi de suma importância para o resultado contra o Amazonas. É providencial que o torcedor possa comparecer em maior número ainda e entenda a importância do jogo, de jogar com os atletas, que volto a repetir: são extremamente comprometidos com o clube. Eles precisam desse apoio, todos nós precisamos desse apoio no domingo, no nosso estádio”, comentou Ivan Izzo.
Rival ‘indigesto’
O histórico contra o Avaí não é dos melhores. Em nove encontros, foram cinco derrotas, três empates e uma vitória para o Botafogo, que jamais bateu o adversário em casa. No primeiro turno, goleada catarinense por 5 a 0.
Agora, todavia, o cenário é outro e os avaianos já não disputam mais nada na Série B. A exceção é o atacante Cléber, que soma 13 gols e está um atrás de Pedro Rocha, do Remo, na briga pela artilharia.
“Para ele poder fazer o gol, há o início da jogada, então nossa preocupação é com o todo, independentemente de quem venha. Claro que a gente vai tentar neutralizar o máximo de finalizações dele, que deve estar se sentindo bem, numa fase boa. Mas, a princípio, é neutralizar o todo e não apenas um atleta”, projetou Ericson.
O capitão também destacou o aspecto mental do confronto deste domingo. Com o estádio cheio, a situação não pode sair do controle do Pantera. Por isso, o atleta pede paciência por parte da arquibancada e “cabeça no lugar” para o plantel.
“Acho que temos de ter um controle sobre não ficar com um a menos, conseguir controlar o jogo de maneira mais tranquila, mas pressionando bastante o time deles. (…) Sobre paciência, com certeza a gente vai ter de ter, o torcedor também, e o que a gente mais quer é que o gol saia no início, que seja tudo tranquilo. Mas o Botafogo é até o final e precisaremos de ‘coração gelado’ até a hora que o gol sair, para que a gente possa comemorar no final.”
“É o jogo do ano, então está todo mundo motivado. Todo mundo sabe o peso desse jogo, mas não quero que ninguém entre em campo carregado ao ponto de não conseguir desempenhar. É passar [na preleção] que esse jogo vale muito para nós e para toda uma cidade. Todo mundo tem ciência disso”, completou.
Para escalar a equipe, Ivan Izzo tem como dúvida o atacante Jefferson Nem, que perdeu o último compromisso com um edema muscular. O lateral-esquerdo Jean Victor, suspenso, é desfalque.
Uma provável escalação tem: Victor Souza; Wallison, Ericson, Vilar e Gabriel Risso; Gabriel Bispo, Wesley Dias e Alejo Dramisino; Jonathan Cafu (Jefferson Nem), Gabriel Barros e Léo Gamalho.

