Tribuna Ribeirão
Geral

Brasil regulamenta política de busca de desaparecidos

TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL

O Diário Oficial da União trouxe publicado na última quarta-feira (10) o decreto que regulamenta a Política Nacio­nal de Busca de Pessoas Desa­parecidas. A política define as atribuições dos órgãos federais e cria um comitê gestor.

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), coordenará as ações de cooperação operacional entre órgãos de segurança e autoridades estaduais. A pas­ta também vai consolidar in­formações em nível nacional, elaborar o relatório anual de estatísticas sobre pessoas de­saparecidas e gerenciar o Ca­dastro Nacional de Pessoas Desaparecidas.

A reformulação desse ca­dastro foi uma das principais mudanças trazidas pela Lei 13.812, aprovada em 2019, que instituiu a Política Na­cional de Busca de Pessoas Desaparecidas. A ideia é que o banco de dados tenha in­formações públicas, disponí­veis para o público em geral, e informações sigilosas, que deverão ser compartilhadas apenas por forças de seguran­ça e órgãos públicos envolvi­dos na política.

As denúncias de pessoas desaparecidas, especialmente de desaparecimento de crian­ças e adolescentes encaminha­das ao Disque 100 também comporão o cadastro. A in­terlocução nos casos de com­petência internacional será realizada pela Polícia Federal, inclusive a coordenação com a Interpol e com os demais ór­gãos internacionais.

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Huma­nos coordenará ações como atendimento psicossocial e ju­rídico às vítimas e aos familia­res, capacitação e educação em direitos humanos, registro civil e adoção segura.

O Comitê Gestor da Políti­ca Nacional de Busca de Pesso­as Desaparecidas atuará no de­senvolvimento de programas de inteligência e de articulação entre órgãos de segurança pú­blica, desde o desaparecimen­to até a localização da pessoa, com sistemas de informação e comunicação entre os órgãos e de divulgação sobre desa­parecidos. O comitê também poderá apresentar propostas de edição e de alteração de atos legislativos e normati­vos, além de elaborar estra­tégias de acompanhamento e avaliação da política.

O colegiado será composto por quatro representantes do Ministério da Justiça, quatro do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Huma­nos, além de um representante indicado pelo Ministério da Cidadania e outro pelo Minis­tério da Saúde. O comitê ainda contará com um integrante de institutos de identificação, de medicina legal ou de cri­minalística, indicado pelo MJSP; um do Poder Judiciá­rio, indicado pelo Conselho Nacional de Justiça; um do Ministério Público, indicado pelo Conselho Nacional do Ministério Público; um da Defensoria Pública, indicado pelo Colégio Nacional de De­fensores Públicos Gerais.

Também fará parte do co­mitê um integrante de con­selhos tutelares, indicado por entidade representativa; um de conselhos de direitos humanos com foco em segmentos popu­lacionais vulneráveis, indicado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos; e um espe­cialista com notório conheci­mento em prevenção e enfren­tamento ao desaparecimento de pessoas, indicado pelo Mi­nistério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

A coordenação do comi­tê gestor será exercida, com alternância a cada 12 meses, pelos representantes do MJSP e do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Huma­nos, e a secretaria-executiva ficará a cargo da Senasp. As reuniões ordinárias aconte­cerão a cada três meses.

Número de desaparecidos no Brasil em 2019 ultrapassou os 79 mil
O número de desaparecidos no Brasil em 2019 ultrapassou 79 mil pessoas. Para se ter uma ideia, esse número é 65% maior que o de assassinatos. A cada dia, no ano retrasado, 217 pessoas desapareceram no país, enquanto outras 130 foram assassinadas.

Esse levantamento é feito pelo Anuário Brasileiro da Segurança Pública, que só começou a conta­bilizar os desaparecidos em 2017.

O anuário, porém, fez uma retrospectiva de 2007 a 2016 e registrou uma média de 69 mil pessoas desaparecidas por ano. Esse fenômeno ainda recebe pouca atenção do Poder Público e da sociedade como um todo.

Somente em 2019 é que foi sancionada uma lei com uma política nacional para tratar do tema. Mesmo assim, o país ainda não tem, por exemplo, um cadastro nacional de pessoas desaparecidas.

A Cruz Vermelha Internacional auxilia algumas famílias de desa­parecidos e revela que a falta de dados impede traçar um diagnós­tico mais preciso do problema.

Larissa Leite, responsável pelo programa de pessoas desapareci­das da Cruz Vermelha Internacio­nal, conta que o problema atinge famílias das mais diferentes condições socioeconômicas.

Em 2019, o Anuário Brasileiro da Segurança Pública começou a contabilizar o número de pesso­as localizadas; em 2019, foram mais de 39 mil em todo o país. Isso apesar de nove estados da Federação ainda não apresenta­rem dados.

Não se sabe, porém, se essas pessoas encontradas constavam como desaparecidas, tampouco se tem informação do ano que elas haviam sumido.

Postagens relacionadas

Alckmin vai inaugurar ETE de Pitangueiras 

Redação 2

Desligamento de sistema analógico de TV poderá ocorrer até 21 de fevereiro

Redação

Temperatura despenca para 4 graus

Redação 2

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com