Sérgio Roxo da Fonseca *
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Taís Roxo Fonseca *
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Durante a semana passada o ilustre acadêmico Rui Flávio Guião publicou no nosso jornal um extraordinário texto no qual registrou que conviveu durante o seu curso jurídico em São Paulo com um colega que abraçou a carreira diplomática.
Durante um longo espaço de tempo temos comunicado aos nossos alunos de algumas faculdades de direito de São Paulo a importância da carreira diplomática, destacando que dois dos nossos familiares de Minas Gerais abraçaram essa importante carreira.
Eu, pessoalmente, fui colega de classe universitária, no Rio de Janeiro, de quatro alunos que se tornaram diplomatas. Um deles chamava José Guilherme Merchior. Depois de escrever alguns livros, encerrou sua brilhante carreira em Paris.
No segundo ano da Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara, ao ingressar na sala de aula, percebi que um colega tinha sob sua carteira o livro “Ulisses”, de James Joyce. Pedi para examiná-lo e fui atendido.
Após examinar, devolvi o livro para o seu jovem dono, perguntando onde havia comprado, porque eu, pessoalmente, não havia encontrado em nenhuma livraria.
Respondeu que havia comprado em Portugal porque o livro não era oferecido aos interessados no Brasil.
Mas, em seguida, perguntou-me onde encontrara notícia do “Ulisses”. Respondi que havia tomado ciência do livro lendo artigos de um desconhecido, chamado José Guilherme Merchior, publicado no Jornal do Brasil. O meu colega acrescentou educadamente que era ele o autor dos artigos. Tivemos uma boa convivência. José Guilherme abraçou a carreira diplomática. Fui o orador daquela nossa turma.
Outro jornalista daqueles tempos publicou um artigo, segundo o qual o Brasil agora se apresentava com dois gênios: Pelé e Merchior. Para ele os gênios nascem “gênios”. Para ele, Pelé ao nascer já sabia jogar bola. E Merchior, em seu nascimento, já chorava em vários idiomas.
Volto ao artigo do Dr. Rui Flávio para aplaudi-lo e para dizer que são raros os diplomatas paulistas. Insisto em dizer que o Brasil necessita de mais diplomatas paulistas. Muito mais! Temos que trabalhar neste sentido, tal como os cariocas.
* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras
** Advogada

