Conselho de Ética pediu à Polícia Militar e ao Ministério Público informações sobre acidente envolvendo vereador; prazo vence dia 17 O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Ribeirão Preto ainda aguarda documentos e informações da Polícia Militar e do Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre o acidente de trânsito envolvendo o vereador Roger Ronan da Silva`(MDB), o Bigodini, de 33 anos, para definir os próximos passos da investigação instaurada no Legislativo.
Bigodini se envolveu em acidente de trânsito e é suspeito de dirigir embriagado. O pedido de informações foi feito em 6 de outubro. O prazo para envio à Câmara é de dez dias úteis. Ou seja, termina na próxima sexta-feira, 17 de outubro.
A informação foi passada ao Tribuna nesta quinta-feira (9) pelo relator do caso no Conselho de Ética, o vereador Jean Corauci (PSD) Na segunda-feira (6), Bigodini apresentou novo atestado médico com diagnóstico de ansiedade e estresse, pediu mais dez dias de licença e estendeu o período de afastamento para 14 dias.
A solicitação foi aprovada em plenário por unanimidade. Como o período de afastamento não chega a 15 dias, o suplente não será convocado. O novo boletim médico aponta transtorno de estresse agudo, caracterizado por uma resposta emocional intensa a um evento traumático. Os sintomas incluem ansiedade, insônia, irritabilidade e dificuldade de concentração.
O vereador se envolveu em um acidente de trânsito na madrugada de 28 de setembro e é investigado pela Polícia Civil por supostas incoerências entre o que afirmou no boletim de ocorrência (BO) e as imagens do acidente divulgadas nas redes sociais.
Em 2 de outubro, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara definiu os vereadores que vão investigar as denúncias contra o Bigodini. O pedido de instauração de Comissão Processante foi aprovado na sessão de quarta-freira (1º) por unanimidade: com 20 votos a favor e nenhum contra. A comissão é composta por Franco Ferro (PP), Maurício Vila Abranches (PSDB) e Jean Corauci.
Terá 180 dias para concluir os trabalhos e emitir parecer sobre o caso. O conselho é o órgão encarregado de analisar e investigar o descumprimento das normas de decoro parlamentar pelos vereadores. No dia 3, o juiz Reginaldo Siqueira, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, determinou que a Câmara Municipal envie todas as informações sobre o processo instaurado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamenta para investigar Bigodini.
A decisão do magistrado atende a mandado de segurança impetrado pelo autor do pedido de cassação do parlamentar, o jornalista Rodrigo Leone da Silva. Questiona o rito adotado pela Câmara que, segundo ele, deveria ser o de instaurar Comissão Processante em vez de definir que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar analise o assunto.
Pediu também que, liminarmente, o atual processo seja suspenso e que seja instaurado outro com a criação de uma Comissão Processante. Leone afirma que com o atual rito adotado, existe a possibilidade de, em caso de cassação de mandato, o vereador escape de sanções ao questionar o processo judicialmente.
Na decisão, o magistrado estabelece prazo de dez dias para que a Câmara e o Conselho de Ética enviem as informações. Somente depois de analisar os documentos o magistrado analisará os documentos para verificar eventual ilegalidade.
Então, vai decidir se concederá ou não a liminar para suspender o modelo adotado no caso Bigodini. Por meio de nota, a Câmara Municipal de Ribeirão Preto informa que ainda não foi oficialmente notificada no âmbito do mandado de segurança.
Assim que houver a notificação formal, a Casa prestará todas as informações e esclarecimentos necessários dentro do prazo legal. A Polícia Civil já esteve em um restaurante na avenida Luiz Eduardo Toledo Prado, na Vila do Golfe, e em um bar e boate no Jardim Sumaré, ambos na Zona Sul de Ribeirão Preto, onde o vereador Bigodini jantou e se divertiu com a namorada, na noite anterior ao acidente.
Os policiais pediram imagens de câmeras de segurança e comandas para saber se o barbeiro e influenciador dirigia embriagado naquela noite. O acidente envolvendo o Chevrolet Tracker cinza alugado por Bigodini ocorreu na madrugada de domingo, 28 de setembro.
O carro, de acordo com o boletim de ocorrência (BO), era conduzido pela assistente social Isabela de Cássia de Andrade Faria, de 29 anos, namorada do vereador Bigodini. De acordo com o BO, o barbeiro e influenciador digital estaria como passageiro do veículo que ele próprio havia alugado.
O acidente ocorreu por volta de 4h35 na avenida do Café, na altura do número 120. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os dois se recusaram a fazer o teste do bafômetro.
No BO, consta que a Polícia Militar foi acionada e encontrou Bigodini e Isabela de Cássia ao lado do carro, cerca de 200 metros à frente do local do acidente, próximo ao número 300 da avenida, depois de derrubar uma árvore e bater num poste de iluminação.
A namorada de Bigodini, que não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH), afirmou que ela estava dirigindo o veículo. No BO, consta que ela não apresentava sinais de embriaguez. Os dois foram levados para a Central de Polícia Judiciária (CPJ), onde a ocorrência foi registrada.
A condutora deve responder pelo crime de dirigir sem habilitação ou permissão e ainda será investigada em inquérito por autoacusação falsa. Já o vereador vai responder por entregar a direção do veículo automotor a pessoa não habilitada.
Há uma contradição nos boletins de ocorrência elaborados pela Polícia Militar, que atendeu à ocorrência, e da Polícia Civil, responsável pela investigação.
A PM diz que Bigodini apresentava sinais de embriaguez – troca de palavras, odor etílico, fala pastosa, falta de equilíbrio –, e o outro não faz menção ao consumo de bebida alcoólica. O inquérito vai apurar embriaguez ao volante e se o parlamentar alterou a cena do crime, além das irregularidades já citadas. O casal se recusou a fazer o teste do bafômetro
Vídeos – Ainda no domingo, dia do acidente, vários vídeos começaram a circular nas redes sociais. Num deles, no momento da colisão, mostrou uma pessoa com camiseta branca no volante da Tracker. A namorada de Bigodini vestia blusa preta.
Já o vereador usava uma camisa branca. Em nota postada na redes sociais, Bigodini diz:
“Não vamos transformar um acidente de trânsito em um tribunal de exceção.Eu sigo firme. Não por orgulho, mas por respeito as 5.077 pessoas que acreditaram e ainda acreditam no meu trabalho por Ribeirão Preto. Essa tempestade vai passar”.

