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Cérebros co-nexus humanos e artificiais – II

Para “compararmos” um cérebro humano com um cérebro artificial, em primeiro lugar temos que entender como funciona nosso cérebro e sua imensa capacidade de processar dados simultaneamente. Ele consegue elaborar a resolução de problemas apresentados, ao mesmo tempo, em que capta e processa sons, cheiros e visões. Ainda armazena e transmite conhecimento. Tudo isso junto e misturado. Às vezes no meio de um tsunami emocional hamletiano ou, dependendo da situação, em plácida calmaria emocional. 
 
O cérebro humano começa a se formar na gestação, no prosencéfalo. Dali se deriva o telencéfalo, que dará origem ao cérebro. Na metade da gestação tem apenas 10% do volume que terá na fase adulta. Após o nascimento, de zero a três anos, o cérebro da criança passa por um processo acelerado de crescimento, chegando a 90% do tamanho adulto nesse período. Após a adolescência alcançará seu tamanho final. Sua composição orgânica pode ser dividida em massa encefálica cinza, externa e massa encefálica branca, interna. A substância cinza contém os corpos celulares dos neurônios. Já a substância branca é rica em axônios, que são como “micro-fios” interligando os neurônios em uma rede gigantesca e complexa. Os axônios são recobertos por uma substância inorgânica isolante chamada mielina, como se fosse a capa de um fio. 
 
O peso do cérebro de um adulto pode variar entre 900 e 2.000 gramas, podendo ter variações para um pouco mais ou pouco menos. Isso normalmente representa 2 a 3% do peso total de uma pessoa comum. Mas, prestem atenção nesse dado, apesar de seu tamanho, o cérebro é um dos órgãos mais energeticamente dispendiosos do corpo, consumindo cerca de 20% da energia metabólica total. Quando alguém disser que pensar cansa, acredite. E no caso dos boêmios como eu, dá uma sede danada. 
 
Funcionalmente o nosso cérebro tem 4 “áreas”. Cada uma faz um papel diferente, mas todas trabalham conjuntamente por toda nossa vida. A primeira dessas áreas é a Inteligência. Tem a capacidade de resolver problemas, adaptar-se a novas situações e aprender com a experiência. Tem várias habilidades, que chamamos de cognitivas: o aprendizado rápido, o planejamento, a compreensão de ideias complexas e o pensamento abstrato. Ela tem subdivisões; pode ser emocional, social ou lógica. A segunda área é o Raciocínio, o reinado da lógica. Ele pode ser Indutivo ou dedutivo. O raciocínio Indutivo parte de observações específicas para formar regras gerais. Já o dedutivo parte de regras gerais para chegar a conclusões específicas. 
 
A terceira área é a Memória, a nossa caixinha de estocar o passado. É nela que guardamos nossos estudos, vivências, experiências, imagens e sons. Daqui retiramos algo útil para determinado momento da vida. Sacamos os nomes e endereços que conhecemos, identificamos quem nos ama e quem amamos. Mas nem tudo é doce na vida. É ela que nos lembra das contas materiais ou espirituais que temos que pagar. Eita! 
 
A última região é especial. A Consciência. É o palco que nos apresenta aquilo no que a nossa inteligência está trabalhando e o resultado do nosso raciocínio. Ela nos mostra em cores vivas nossas memórias, com pitadas de dor ou amor. A Consciência é um show, que se inicia no primeiro sopro de nossa vida e só termina no nosso último alento. A cada ato consciente nosso, ela acusa e absolve. Ela elogia ou desmerece. Ela atormenta ou alegra. É nossa juíza, promotora e executora. É o bagageiro da alma, que armazena e um dia levará nossos pecados para serem pesados no Juízo Final.  
 
O nosso cérebro, portanto, é uma rede neural portátil e orgânica, capaz de ter sentimentos, interagir com o ambiente com inteligência, capacidade cognitiva, poder de raciocínio e memorização. Elabora e planeja nossos atos. É capaz de conceber conceitos morais e éticos, sejam eles religiosos ou seculares. E de segui-los ou não como regra de vida. Esse cérebro se desenvolveu através dos séculos, de forma eficiente para sobreviver e dominar o planeta. 
 
Espero que você esteja acompanhando, porque na próxima crônica começaremos a conhecer nosso adversário na batalha do futuro pelo domínio do planeta, a Inteligência Artificial Geral. “Antigamente”, cerca de quinze anos atrás, chamávamos isso de Futura Singularidade. Hoje arriscamos encontrar a Singularidade Digital logo ali, na próxima curva. E acredite, no mundo que vivemos hoje e no ponto de desenvolvimento da IA a que já chegamos, é melhor recolher o burro e botar barba e cabelo de molho. Nem taxa do Trump, esconjuro de papa e praga de ex vão resolver. 
 
P.S. – Me perguntaram se é verdade o que está acontecendo em Brasília. Acho que se tem uma coisa que não vale nada nos últimos tempos por lá, é essa tal da Verdade… Foi mal aí, Doutor Ulysses Mas não os perdoe, eles sabem muito bem o que fazem. 

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