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Cérebros co-nexus humanos e artificiais – III

Nos textos anteriores publicados aqui no Tribuna, vimos como é formado, como funciona e como se desenvolveu nosso cérebro ao longo da História. A Inteligência Artificial tem semelhanças estruturais com o nosso cérebro? Ela pensa da mesma maneira que nós? 

“Aquilo que conhecemos como IA, é uma “simulação” do nosso cérebro, que funciona de forma diferente. O conceito geral é simular em forma artificial as redes neurais humanas, permitindo que a IA trabalhe sob o conceito de “deep learning”. Essas camadas de “deep learning” são a espinha dorsal das redes neurais profundas, que simulam eletronicamente o funcionamento do cérebro humano para reconhecer padrões, tomar decisões e aprender com dados.” – IA da Microsoft. 

Essas camadas podem ser visíveis ao usuário ou não. A camada de “input” ou entrada de dados, é onde você insere o seu questionamento, problema, imagem, etc. Para a IA, cada “neurônio” é uma representação de uma característica do dado. Um píxel de uma imagem, por exemplo, seria um neurônio. Já a camada de “output”, ou saída, é aquela que apresenta o resultado computado para o seu “input”. Um bom exemplo da IA que está à disposição de todos é o Google Lens nos celulares Android. Aponte a câmera e identifique aquela flor ou crie um clip de vídeo, com narração por IA. Tudo depende da sua necessidade.  

Já as camadas ocultas são aquelas encarregadas de processar o que foi solicitado no “input” e entregar o resultado esperado. Quanto mais complexo é o pedido, mais camadas ocultas são necessárias para realizar o processamento. Por isso, é fundamental a criação e produção de placas de processamento e conexão de redes cada vez mais rápidas. A produção de um vídeo por Inteligência Artificial demanda uma quantidade de camadas infinitas vezes maior do que a simples resolução de uma equação de segundo grau. Dependendo do tipo de demanda, bilhões de dados têm que estar armazenados na “nuvem”. Aqui ocorre o aprendizado de máquina. Ao acessar esses dados armazenados e realizar processamentos cada vez mais complexos, as redes de IA criam e reconhecem padrões que poderão ser acessados e utilizados posteriormente. É como fazemos com nosso cérebro com o velho e bom “decoreba” escolar. Você não vai fazer a conta toda vez que precisar somar dois mais dois. Ou multiplicar três por dois. Nem perde o caminho de casa. Não gastará “massa cinzenta”, pois já decorou, memorizou o padrão. A IA faz o mesmo e assim economiza processamento, tempo e energia. 

Conceito  Humano (Biológico)  Artificial (Computacional) 
Inteligência  Adaptativa, emocional, contextual  Estatística, baseada em dados 
Raciocínio  Flexível, simbólico, emocionalmente influenciado  Algorítmico, lógico, limitado ao treinamento 
Consciência  Subjetiva, experiencial, integrada  Simulada, sem experiência ou subjetividade 
Memória  Associativa, afetiva, reconstrutiva  Indexada, precisa, não emocional 

 

Nosso cérebro tem maior capacidade de interagir com um ambiente em constante mudança, que exige a cada instante uma tomada de decisão corretamente apropriada a situações complexas e anárquicas. É o exigido para viver em nosso planeta. Nossa civilização é moldada por esse ambiente e essas tomadas de decisão, geração após geração. Se em poucos anos conseguirmos desenvolver exponencialmente a Inteligência Artificial, ainda teremos resultados inferiores aos conseguidos pelo nosso cérebro. Somos animais com uma inteligência capaz de ter sinergia adaptativa complexa com o meio ambiente, o que nos dá imensa vantagem sobre a IA. 

Um mundo artificial perfeito gerado pela IA parece ser o próximo passo das “big techs”. Cada uma com seu próprio mundo. Dizem ter conseguido criar óculos capazes de interagir realisticamente com o “mundo virtual”. Acho que vai ser tão chato quanto torcer em jogo de futebol no videogame. Ainda sou daqueles que pensam que uma pitada de imperfeição é necessária para alcançar a receita da harmonia, seja numa obra de arte, seja numa relação amorosa. A arte só é Arte quando transgride. E transgredir é incluir a imperfeição numa regra perfeita. Mundos perfeitos não existem, sua existência seria a própria negação da evolução.

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