Cetras Morro do São Bento recebe filhotes de macacos-prego resgatados de tentativa de tráfico
Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro do São Bento recebeu, no sábado, 29 de novembro, quatro filhotes de macaco-prego resgatados durante uma tentativa de tráfico para comércio ilegal na cidade de São Paulo.
Os animais foram apreendidos pela Polícia Militar Rodoviária na Rodovia Washington Luiz (SP-310), no município de Ibitinga, e encaminhados ao Cetras pela Polícia Militar Ambiental (PMAmb). Além do tráfico, os filhotes foram mantidos em cativeiro, o que comprometeu seu desenvolvimento e agravou o estado de saúde. Eles chegaram ao centro em condição gravíssima e estão recebendo tratamento intensivo.
Em razão da gravidade do quadro, um dos animais não resistiu. Os outros três seguem em tratamento, sendo dois deles em estado gravíssimo.
“Os macacos chegaram extremamente debilitados, desnutridos e desidratados. Por serem filhotes, esse tipo de crime afeta ainda mais a saúde deles, e o risco de óbito é muito maior do que em animais adultos. Estamos realizando cuidados intensivos há quatro dias, mas apenas um está estável”, explica o responsável técnico pelo Cetras, Alexandre Gouvea.
Segundo a Polícia Ambiental, há suspeita de que os animais tenham sido retirados diretamente da natureza, e não nascido em cativeiro. Os filhotes foram encaminhados ao centro de Ribeirão Preto devido à capacidade técnica da equipe especializada em reabilitação de fauna silvestre.
O tráfico de animais silvestres é crime ambiental, sujeito a detenção e multa. Denúncias podem ser feitas à Polícia Militar, pelo telefone 190; à Polícia Ambiental de Ribeirão Preto, pelo (16) 3931-1070; e à Guarda Civil Metropolitana, pelo 153. O Cetras, ligado a Secretaria do Meio Ambiente, Agricultura e Sustentabilidade e instalado no Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio Barretyo, em Ribeirão Preto.
No último dia 19 de novembro, oito filhotes de diferentes espécies chegaram ao Cetras: três tucanos, um quati, duas cutias e dois gatos-mourisco. Os animais permanecerão na unidade recebendo cuidados integrados para garantir pleno desenvolvimento cognitivo e físico antes de serem reinseridos na natureza. Os tucanos foram encaminhados pelos municípios de São Simão e Araraquara, enquanto o quati foi encontrado em Caconde.
Os gatos-mourisco vieram da região de Ribeirão Preto – a fêmea de Cruz das Posses e o macho de Serrana. Todos são animais vitimados, recolhidos após serem encontrados em situação de vulnerabilidade em áreas urbanas ou próximas a elas. Até o dia 14 de novembro, a instituição realizou mais de 1,3 mil atendimentos e 674 solturas de animais.
O fluxo de trabalho registrado pelo centro reflete o aumento da demanda por resgate, triagem e cuidados especializados com animais silvestres. Com mais de 670 animais devolvidos ao habitat natural, o Cetras reafirma seu impacto positivo na conservação ambiental, garantindo que espécies resgatadas, tratadas e reabilitadas retomem seu papel no equilíbrio ecológico.
O desempenho parcial do mês de novembro (até o dia 14) reforça a diversidade de espécies atendidas e reintroduzidas. Nesse período, 121 animais foram soltos, incluindo representantes de topo de cadeia alimentar e importantes reguladores biológicos, como mamíferos, répteis e aves de rapina. Entre as espécies com maior número de solturas em novembro, destacam-se 25 periquitos-de-encontro-amarelo, 15 gambás-de-orelha-branca e seis suindaras.
O sucesso na reabilitação de espécies predadoras – entre elas gavião-carijó, diferentes espécies de corujas e serpentes peçonhentas, como a cascavel – é fundamental para a saúde dos ecossistemas e para o controle de populações naturais.
Os animais atendidos no Cetras são vítimas de maus-tratos, do tráfico, da caça ilegal e de incêndios e atropelamentos. Em casos de denúncias de contrabando ou criação de animais silvestres, a população deve entrar em contato com a Polícia Ambiental pelo telefone: 3996-0450.
O trabalho desenvolvido pelo Cetras é essencial para a conservação da fauna, oferecendo atendimento clínico e cirúrgico a animais silvestres que chegam debilitados, em sua maioria após contato com áreas urbanas.
Grande parte do atendimento envolve aves que passam por tratamentos clínicos e nutricionais específicos para recuperar o tônus muscular e voltarem a voar. O Cetras Morro do São Bento faz parte da rede de 28 unidades do Estado de São Paulo.
Os animais silvestres precisam de autorização dos órgãos estadual e federal para retornarem para a vida na natureza. Caso não estejam aptos para retornarem aos habitats, representando risco para a manutenção de suas vidas, ficam no Bosque Fábio Barreto.

