O Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro do São Bento, mantido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, recebeu na última segunda-feira, 25 de agosto, dois filhotes de urubus resgatados durante o combate a incêndios no município de São Simão, na Região Metropolitana de Ribeirão Preto.
Os animais foram encaminhados pela Polícia Militar Ambiental (PMAmb) devido à referência da unidade no atendimento e recuperação de fauna silvestre vitimada. Os filhotes permanecerão sob os cuidados da equipe até atingirem condições plenas de saúde e desenvolvimento para retornarem ao seu habitat natural.
“Os exames iniciais indicaram danos nos bicos e nos pulmões dos filhotes. Já iniciamos o tratamento necessário, incluindo medicação específica e uma dieta balanceada para este período crítico, que garantirá o desenvolvimento saudável e a recuperação dos animais”, explica Alexandre Gouvea, responsável técnico do Cetras Morro do São Bento.
Com o período de estiagem, o Cetras está preparado para receber e tratar animais silvestres afetados por queimadas, conforme previsto no Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (PPCIF), que já teve cerca de 70% de suas ações executadas em Ribeirão Preto. Entre as medidas, destaca-se a capacitação de brigadistas do Parque Municipal Morro do São Bento, realizada nesta semana.
Para coibir incêndios, a Secretaria de Meio Ambiente, em parceria com a Fiscalização Geral e a Guarda Civil Metropolitana, intensifica a fiscalização em 17 áreas consideradas de alto risco, enquanto a Secretaria de Infraestrutura segue com ações de zeladoria preventiva, especialmente em regiões vulneráveis a queimadas.
O incêndio na Estação Ecológica de Santa Maria, em São Simão, foi controlado nesta terça-feira (26). No entanto, as chamas, que começaram na última sexta-feira (22), atingiram uma área equivalente a ao menos 600 campos de futebol. O fogo foi combatido por equipes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, com ajuda do helicóptero Águia e de um avião agrícola.
Criada em 1985, a Estação Ecológica de Santa Maria é uma área de preservação permanente do estado, com vegetação típica de Cerrado e Mata Atlântica, incluindo árvores ameaçadas de extinção como cedro-rosa e sucupira-preta, além de 120 espécies de aves e primatas como o sagui-de-tufos-pretos e o sauá.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 1º de agosto até esta segunda-feira (25), o estado de São Paulo já teve 418 focos de incêndio. O número é oito vezes menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando houve uma onda de incêndios com mais de 3,4 mil ocorrências, principalmente nas regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, mas superior ao registrado em 2023, com 343.
Nos três primeiros meses de 2025, o Cetras Morro do São Bento, instalado no Bosque Zoológico Municipal Doutor Fábio Barreto, em Ribeirão Preto, reintroduziu 115 animais em seus habitats naturais. São bichos vítimas de maus-tratos, do tráfico, da caça ilegal e de incêndios e atropelamentos.
O trabalho desenvolvido pelo Cetras é essencial para a conservação da fauna, oferecendo atendimento clínico e cirúrgico a animais silvestres que chegam debilitados, em sua maioria após contato com áreas urbanas. Grande parte do atendimento envolve aves que passam por tratamentos clínicos e nutricionais específicos para recuperar o tônus muscular e voltarem a voar.
Desde sua criação, em 2024, o Cetras Morro do São Bento já atendeu cerca de 1.700 animais silvestres, promovendo reabilitação e soltura sempre que possível. Quando a reintegração à natureza não é viável, os animais recebem assistência no Bosque Zoológico Municipal Doutor Fábio Barreto, onde o centro está instalado.

