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Começa júri de mulher que matou o namorado em RP

Júri popular vai decidir se a fotógrafa Brenda Caroline Pereira Xavier é culpada por homicídio qualificado; família da vítima quer pena máxima

Brenda foi condenada por homicídio e recebeu pena de 24 anos de prisão (Fotos: Redes Sociais)

Por: Adalberto Luque

O juiz José Roberto Bernardi Liberal, da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, iniciou às 10h00 desta segunda-feira, 20 de outubro, o júri popular que vai definir se a fotógrafa Brenda Caroline Pereira Xavier e culpada pelo homicídio do namorado, o corretor Carlos Felipe Camargo da Silva, ocorrido em 3 de março do ano passado.

Logo cedo, familiares de Felipe se reuniram na frente do Fórum, onde ocorre o julgamento, para protestar e pedir justiça. O advogado da família e assistente de acusação, Mário Badures, disse que a expectativa da família é pela pena máxima, relatando que Felipe era um jovem calmo, de valores, educado, batalhador e disciplinado.

“Um contraste com quem se senta no banco dos réus, marcada por sua possessividade, seu materialismo”, disse, referindo-se a Brenda Caroline. Para Badures, trata-se de um crime macabro e sanguinário, onde Carlos Felipe foi vítima de nove golpes de faca, havendo inclusive seu evisceramento, o que derruba qualquer tentativa de provar que houve legítima defesa.

Familiares acompanham tribunal do júri e clamam por justiça (Foto: Max Gallão Mesquita)

“A maneira pela qual o homicídio se deu, somado a toda dinâmica, somado a toda postura da ré, somado à questão da alteração da cena do crime […] a expectativa é que os jurados de Ribeirão Preto reconheçam, de fato, as três qualificadoras: motivo fútil, meio cruel e recurso que dificulta a defesa de Carlos Felipe”, conclui.

O advogado de Brenda Caroline, Alexandre Durante, não foi visto pela imprensa. Ele também não retornou às solicitações da reportagem. Brenda, que está presa na Penitenciária de Pirajuí (SP) desde abril do ano passado, alegou legítima defesa.

Advogado da família de Carlos Felipe e assistente de acusação, Badures espera condenação da ré à pena máxima, com confirmação dos agravantes (Foto: Max Gallão Mesquita)

O promotor do caso é Marcus Túlio Nicolino. Ele manifestou que quer a condenação por homicídio triplamente qualificado. Afirma que as provas são muito evidentes e as agressões que diz ter sofrido, no entender do MP, foram provocadas depois, como forma de mascarar a situação.

A expectativa é que o resultado seja conhecido somente na terça-feira (21). São sete jurados que vão ouvir testemunhas de acusação e defesa. Brenda está presente, vindo de Pirajuí, a 230 km de Ribeirão Preto.

Advogado de defesa, Alexandre Durante evitou contato com a imprensa antes do tribunal do júri e a acusada veio de penitenciária distante 230 km de Ribeirão Preto (Foto: Alfredo Risk)

Relembre o caso

Carlos Felipe Camargo da Silva nasceu em Praia Grande e tinha 29 anos. Veio para Ribei­rão Preto com a mãe e o irmão há cerca de um ano, onde co­nheceu Brenda Caroline, tam­bém de 29 anos. Havia sete me­ses que os dois moravam juntos, mas a relação era conturbada.

De acordo com o boletim de ocorrência (BO) que registrou o homicídio de Silva, o casal teria rompido em 2 de março. No dia seguinte, a mulher foi até a casa da mãe do corretor de imóveis, para onde ele tinha se mudado, no Adelino Simioni, Zona Norte de Ribeirão Preto.

Após conversarem no carro por dez minutos, ele entrou na casa da mãe dizendo que ele e a namorada voltariam a morar juntos, depois de a mulher re­conhecer que precisava mudar. Pegou suas roupas e foi embora para o Complexo Ribeirão Ver­de, Zona Leste, onde Brenda Caroline morava.

Ainda segundo o BO, no final da noite a mãe de Brenda Caroline teria ligado para a mãe de Silva informando que ele ha­via sofrido um acidente e estava na Unidade de Pronto Atendi­mento Nelson Mandela (UPA), no Adelino Simioni. A família foi até lá e encontrou Silva mor­to. Ele foi atingido por nove gol­pes de faca entre a cintura e o pescoço, segundo laudo oficial.

Carlos Felipe e Brenda Caroline tinham reatado relacionamento horas antes da morte do rapaz (Foto: Redes Sociais)

Na casa de Brenda Caroline a polícia não localizou celular e notebook da vítima. Também não encontrou Brenda. Havia si­nais de sangue em várias partes da residência. Um dos cômodos havia sido lavado. O laudo apon­tou que Silva teria recebido pelo menos nove facadas no tórax, costas, pescoço e face. O jovem foi sepultado na Praia Grande, em clima de revolta entre seus familiares e amigos.

Brenda Caroline compare­ceu à Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) no final da tarde de 6 de março. Estava acompanhada da mãe e de seu advogado, Alexandre Durante, que foi assistente de acusação e advogado de Arthur Paes Marques, pai do menino Joaquim, no julgamento mais importante na história de Ribei­rão Preto.

Com um olho roxo e mui­to abalada, segundo Durante, Brenda Caroline alega legítima defesa. Disse que fraturou o na­riz e a costela devido às agres­sões que sofria constantemente por Silva e, no final de semana, usou uma faca para se defender. Ela alegou ter dado três facadas na vítima após ser agredida, embora o laudo aponte pelo menos nove facadas.

“Eu jamais tiraria a vida dele, mas isso teve que ser feito para salvar a minha. Não foi a pri­meira agressão que sofri. Já teve outras e tenho prova disso”, disse à imprensa. O irmão da vítima, o entregador Bruno Camargo, re­bateu as acusações de Brenda Ca­roline. Disse que a ex-namorada sumiu com a carteira, o notebook e o celular do corretor de imóveis.

Brenda Caroline está presa desde 4 de abril, quando se apresentou à Polícia Civil acompanhada do advogado A prisão preventiva foi decretada no dia 3 de abril pelo juiz José Roberto Bernardi Liberal, da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, o mesmo que conduziu o Tribunal do Júri,

Foi detida por quatro motivos: comportamento agressivo comprovado durante a investigação; alteração da cena crime – limpou a casa onde o casal morava e local do crime –, “excesso doloso” no número de facadas desferidas – a ré diz que foram três, laudo apontou nove, descartando a legítima defesa – e possibilidade de fuga, já que ela não se apresentou logo após o crime.

Alexandre Durante, advogado de Brenda Caroline Xavier, alega que a acusada sofreu constrangimento ilegal com a prisão e era vítima constante de violência doméstica, inclusive sofrendo fratura no nariz e na costela no dia da morte de Carlos Felipe Camargo da Silva. Também alega que sua cliente é ré primária, possui domicílio, emprego e compareceu espontaneamente à delegacia

A defesa de Brenda teve dois pedidos de habeas corpus negados pela Justiça. O delegado Rodolfo Latif Sebba disse que, além do número excessivo de facadas, a Polícia Civil também considerou as regiões do corpo da vítima onde os golpes foram desferidos. A Justiça acatou o pedido feito pela Polícia Civil e endossado pelo promotor Marcus Túlio Nicolino.

Rodolfo Latif Sebba indiciou a acusada por homicídio. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou a suspeita por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, premeditação e sem dar chance de defesa à vítima. Em depoimento, a vendedora admitiu ter matado o namorado em legítima defesa.

O delegado já havia descartado essa tese. A família de Silva questionava o desaparecimento do celular, da carteira e do notebook do rapaz e, nove dias depois do crime, dois dos três pertences foram entregues à polícia. O material passou por perícia.

Segundo informações, a família de Brenda Caroline Pereira Xavier encontrou a carteira e o celular na casa onde ocorreu o homicídio. O computador não foi localizado. O celular de Brenda Caroline passará por nova perícia. Seguindo a Polícia Civil, mensagens foram apagadas após o crime.

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