Por Hugo Luque
O Comercial entra em campo neste domingo (7), às 15h, no Estádio Palma Travassos, para enfrentar o São José. O confronto é válido pela primeira partida das quartas de final da Copa Paulista, competição na qual o “patinho feio” alvinegro tem crescido e começado a “ficar mais bonito”.
Quem disse isso foi o técnico da equipe, Roberval Davino, logo depois da classificação nas oitavas de final diante da Inter de Limeira, na última terça-feira, também na Joia. Inicialmente desacreditado por conta dos seguidos rebaixamentos no Campeonato Paulista, o Leão do Norte tem empolgado sua torcida.
Com uma reformulação no plantel e a chegada de Davino após queda para a Série A4 do estadual, os comercialinos não sabiam o que esperar do time. Na primeira fase, o Bafo foi bem, superou as adversidades e voltou a ganhar clássicos. O Alvinegro derrotou o Botafogo em duas oportunidades e quebrou o tabu de uma década sem levar a melhor no Come-Fogo.
O conjunto do Palma Travassos terminou o estágio inicial na segunda posição com 17 pontos, dois atrás do União São João, líder da chave. Nas oitavas, perdeu para a Inter de Limeira fora de casa por 1 a 0, mas devolveu o placar em Ribeirão Preto e avançou nos pênaltis. Herói da partida, o goleiro João Lucas, que defendeu duas cobranças do Leão da Paulista, atribuiu o sucesso à torcida, que surpreendeu o plantel.
“Viemos desacreditados contra a Inter de Limeira, que é um baita time e disputa o acesso na Série D [do Campeonato Brasileiro], e a gente veio com a derrota. Mas a torcida fez um show, nos apoiou do início ao fim e foi essencial. Vindo de dois rebaixamentos, a gente não esperava todo esse apoio da torcida. A gente está trazendo todos de volta. Estamos mostrando que um time com pouco investimento para a Copa Paulista, com jogadores não tão conhecidos e atletas da base, tem potencial e pode dar alegrias ao torcedor”, celebrou.
Nem mesmo os desfalques impediram o guerreiro Comercial de sacramentar sua remontada diante da Inter. Principal jogador do time, o meia-atacante Carlos Bajé perdeu os dois jogos das oitavas com uma lesão no pé. Ele chegou a participar do aquecimento para a volta, mas sentiu dores e foi cortado de última hora. Os desfalques obrigaram Roberval Davino a se reinventar.
“Eu acredito que a torcida não conhece nem os jogadores que estavam no banco. A gente está usando quase o mesmo grupo e a [categoria de] base que estava no banco. Não tinha o Bajé e o [Léo] Coca, experientes para um momento desse. A maioria era jogador da base que não jogou ainda, embora eu dê oportunidades para todos”, comentou o técnico.
Adversário forte
Assim como o Bafo, o São José fez uma grande primeira fase. Líder do Grupo 4 com 20 pontos, o Formigão do Vale tem a vantagem de decidir o confronto em casa por ter campanha superior à dos ribeirão-pretanos. No último mata-mata, também houve emoção: a equipe também precisou dos pênaltis para eliminar o São Bento e chegar às quartas após dois empates em 1 a 1.
Porém, mais uma vez, o próprio Comercial joga o favoritismo para o outro lado do campo. Com um alto investimento para a competição, o time de São José dos Campos quer o calendário nacional em 2026 e deve partir para cima mesmo fora de casa.
“Já tem de virar a chavinha e estudar o adversário, que também passou nos pênaltis. É uma das equipes que mais investiu para essa Copa Paulista. Vai ser, como todos os jogos, muito difícil. Temos o primeiro jogo em casa, diante do nosso torcedor, e temos de fazer valer a pena. Tenho certeza que o Roberval e toda a comissão vão fazer um trabalho para podermos estudar a equipe deles para a gente fazer um bom resultado em casa”, disse João Lucas após a classificação de terça-feira.
Para aproximar o torcedor do clube na mesma fase em que o clube se despediu da Copa Paulista no ano passado, contra o Monte Azul, a diretoria comercialina repetiu a promoção realizada contra a Inter de Limeira. Lotes de mil ingressos para a arquibancada e para a cativa têm sido vendidos na loja Garra do Leão, anexa ao Palma Travassos, por R$ 20 e R$ 30, respectivamente.
Apesar das dificuldades enfrentadas em uma agremiação com problemas financeiros, Roberval Davino acredita em seu plantel, no impulso proporcionado pelas arquibancadas da Joia e na camisa do Alvinegro, que para ele vale tanto quanto qualquer trabalho na elite.
“O São José é um time que investiu forte, assim como o Noroeste, mas o nosso é forte no coração, no profissionalismo. O Comercial para esse grupo é como a seleção brasileira, inclusive para mim. Estou com 60 ou 70 times, nem sei onde foi que trabalhei, mas a satisfação de trabalhar aqui pela terceira vez é que é a minha seleção brasileira. Eles pegaram esse desejo e vão até o fim”, exaltou o treinador.
Histórico e escalação
O Leão do Norte leva vantagem nos confrontos com o São José. Em 28 encontros por competições oficiais, foram 11 vitórias ribeirão-pretanas, 12 empates e cinco triunfos joseenses. O problema é que o último triunfo comercialino ocorreu em 2018, na semifinal da Segunda Divisão do Campeonato Paulista. O resultado sacramentou o acesso da equipe para a Série A3 de 2019.
O principal desafio de Davino para ampliar a vantagem no histórico e voltar a vencer o adversário é ter o máximo possível de jogadores à disposição. Desde terça, o comandante estuda possíveis escalações de acordo com o que possa ter em mãos para frear o melhor ataque do torneio, autor de 21 gols.
“A ideia é que foi modificando. Quando viemos para esse jogo [contra a Inter de Limeira], já sabíamos que [o adversário nas quartas] seria o São José. Eu e o grupo somos bem interessados, sabemos quem é quem e já temos um trabalho em cima do que precisamos e do que vai acontecer, porque o São José vai jogar aqui para buscar o resultado”, projetou o técnico durante a semana.
“Primeiro, vamos descansar o pessoal e vamos tentar recuperar todos porque a luta não foi fácil. (…) Já estamos podendo treinar no campo, o que fazia cerca de um mês que a gente não conseguia por conta de outras situações, e vamos trabalhar dentro do que a gente viu. Foi muito interessante a formação de hoje (terça-feira) e a ideia é que eles estejam inteiros e dispostos para fazermos um grande jogo. Com o apoio da torcida, que está incentivando e apoiando, tenho bastante confiança”, acrescentou.
Carlos Bajé é a grande dúvida. O meia ensaiou um retorno no meio de semana, mas perdeu mais um jogo por conta das dores sentidas. Agora, a expectativa é de ter o jogador ao menos no banco de reservas. Uma provável escalação tem: João Lucas; Wellington Petuba, Sergipe, Cristopher e Alex Silvério; Felipe Mian, Matheus Prado e Carlos Bajé (Fofão); Frank, Marcelinho e Felipe Rodrigues.

