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COP 30 – Será que faremos o suficiente?

Luiz Paulo Tupynambá *
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Em 1972, sob o patrocínio da ONU, foi realizado em Estocolmo o primeiro encontro mundial para discutir a relação da nossa civilização com o meio ambiente e a nossa responsabilidade em manter o planeta habitável e ecologicamente equilibrado. Somente vinte anos depois, tivemos uma sequência dessa primeira reunião, então realizada no Rio de Janeiro, a Rio 92. De lá para cá, com mais ou menos boa vontade dos nossos governantes de plantão, o Brasil se tornou a principal liderança do movimento para a preservação do planeta. Muito por termos em nosso território, sob nossa guarda constitucional, a maior floresta contínua, a maior biodiversidade e a maior bacia hidrográfica do planeta. Além disso, temos uma área agricultável capaz de produzir alimentos variados, o que poderia abastecer quase toda a humanidade. É nossa vocação, mais do que obrigação, preservar este espaço, pois vivemos, sim, num país tropical, abençoado por Deus e lindo por natureza, como o definiu Jorge Benjor.

O presidente Lula propôs, em seu discurso na abertura da cúpula dos estados da COP 30, a criação de um fundo de investimento para financiar a preservação das florestas perenes e dos povos que nelas vivem. Também seriam beneficiados os investidores e fazendeiros dos países participantes, como prêmio por trabalhos de conservação e melhoria de suas propriedades. Portanto, trata-se de uma abordagem nova para o financiamento da preservação ambiental. Em vez de doações a fundo perdido, países e investidores do mundo todo poderão participar desse fundo, conseguindo lucro com seus resultados. No início, o fundo proposto por Lula atenderia às massas florestais conhecidas como “rainforests”, existentes no norte da América do Sul (Amazônia), na África Central (Bacia do Rio Congo) e a floresta da Sondalandia ou Bornéu (Ásia, Indonésia, Malásia e Brunei).

É o objetivo da COP 30, conseguir dinheiro para atingir os objetivos fixados nas COPs anteriores. Isso num mundo onde recursos estão sendo drenados para guerras inesperadas, como a da Ucrânia. Nela foram gastos bilhões de euros e dólares em armamentos. Outro tanto foi destinado para o aumento de gastos com defesa das nações europeias assustadas com a possibilidade da expansão do conflito.

Porém, mesmo tendo assumido compromissos anteriores, os países industrializados tem encontrado mil desculpas para não cumpri-los. Alguns alegam falta de dinheiro ou outros, como os Estados Unidos, por simples atitude ideológica. Isso apesar dos sinais alarmantes das mudanças climáticas. Todos os países do mundo, com mais ou menos intensidade, tem passado dissabores e eventos dramáticos por conta do aumento da temperatura global. Negar isso é negar a existência de um futuro para todos. E não estou dizendo se é um futuro ruim ou bom. Estou dizendo que não teremos futuro.

Agora vai ser definido quem vai pagar ou financiar tudo o que foi planejado. Redução das emissões globais de gases estufa, mitigação de problemas ambientais, financiamento de populações prejudicadas por eventos climáticos, acesso à água potável, destinação de dejetos prejudiciais, urbanos, industriais e agrícolas, preservação de ecossistemas, financiamento especial e incentivos para atividades econômicas eco sustentáveis das populações nativas e compensação financeira para a captura de carbono, entre muitos outros que foram levantados e que são prioridades. Também será definido como serão captados esses recursos, inclusive com a criação de fundos de investimento empresariais e iniciativas privadas.

Se chegarmos lá vai ser ótimo. Se tenho certeza disso? Redondamente, respondo que não. E por que digo isso, que é uma contradição daquilo que falei? Por falta de espaço, explicarei na próxima semana. Só adianto umas coisinhas: quando começamos a falar sobre mudança climática, vivíamos num mundo diferente. Era um mundo industrial, com economia baseada na manufatura e comercialização de bens mais ou menos duráveis. Carros andavam com gasolina ou diesel, navios navegavam com óleo, aviões voavam com gasolina de alta octanagem e jatos voavam com querosene de aviação. E o mundo mudou de lá para cá.

* Jornalista e fotógrafo de rua

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