Brasil segue na segunda posição no ranking dos países com o maior juro real do mundo, com 9,51% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 15%. O anúncio foi feito no início da noite desta quarta-feira, 17 de setembro, depois de uma reunião de dois dias entre o presidente do Banco Central (BC) e seus diretores. Na reunião anterior, nos dias 29 e 30 de julho, o Copom decidiu interromper o ciclo de alta da taxa de juros, mantendo a Selic em 15% ao ano, sob a justificativa de que o ambiente externo está mais adverso, por conta das políticas comerciais e fiscais adotadas pelos Estados Unidos (EUA). A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permanece em 15% pela 12ª semana consecutiva, após o Copom ter mantido os juros neste nível na mais recente reunião, em 30 de julho.
Considerando apenas as 103 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, no fim deste ano também se manteve em 15%. A taxa está no maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto, três de 1 ponto percentual, uma de 0,5 ponto e outra em 0,25 ponto.
Juro real – O Brasil continua a ter o segundo maior juro real do mundo, formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal subtraída a inflação prevista para os próximos doze meses. Assim, segundo levantamento compilado pelo MoneYou, os juros reais do país ficaram em 9,51%. A primeira colocação do ranking continuou com a Turquia, que registrou uma taxa real de 12,34%. Em terceiro, está a Rússia, com juros reais a 4,79%.
A Argentina, que havia registrado um juro real de 6,70% na última medição da MoneYou – ficando na terceira posição do ranking de julho – caiu para a sexta posição em setembro, empatada com a Índia, com um juro real de 3,54%. Já no ranking nominal de juros, o Brasil ocupa a quarta colocação. Com 15% ao ano, o país está atrás da líder Turquia, com 40,50%, da Argentina, com 29,00% e da Rússia, com 17,00% ao ano.
A pesquisa considera os 40 países mais relevantes do mercado de renda fixa mundial nos últimos 25 anos. Inflação – A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Houve deflação de 0,11%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada em doze meses é de em 5,12%. Está 0,62 ponto percentual acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, de 4,50%. A inflação acumulada no ano é de 3,15%.
Selic – Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a Selic. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Os bancos consideram outros fatores além da Selic na hora de definir os juros a serem cobrados dos consumidores, entre eles risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

