Conceição Lima *
Estamos perdendo o posto… A evolução da IA já está fazendo com que as máquinas assumam características consideradas exclusivas dos humanos. Já conseguimos interagir com “alguém” que parece humano, mas é pura Inteligência Artificial! Está chegando ao fim o tempo em que sentir, expressar emoções, ter consciência são características exclusivas dos seres humanos, deixando para trás a era em que a espécie mais inteligente que habita o planeta somos nós e o mito de que as máquinas não serão capazes de nos igualar.
Com o desenvolvimento acelerado da Inteligência Artificial, essa crença vem caindo por terra. Eis que a tecnologia já deixou de apenas “automatizar” processos e está se aproximando perigosamente da simulação realista do comportamento humano. Por trás dessa tecnologia que hoje apenas facilita a execução de tarefas específicas, existe uma discussão crescente sobre o que vem depois: a SUPERINTELIGÊNCIA ARTFICIAL, uma nova fronteira que envolve máquinas capazes de aprender com as próprias máquinas, adaptar-se e superar os seres humanos em praticamente todas as funções cognitivas. Isso inclui raciocínio lógico, resolução de problemas, tomada de decisão, criatividade e até habilidades sociais. E isso muda completamente o “andar da carruagem”.
Um grupo de pessoas provavelmente muito inteligentes juntou-se para fazer uma previsão sobre a IA. Dedicaram um ano a elaborar cenários sobre o que vai acontecer com a civilização humana, em função desse novo avanço tecnológico. O resultado foi um relatório chamado AI 2027, o qual prevêo advento da tal Superinteligência Artificial já para 2028.
Eis que já deixamos para trás a incipiente Inteligência Artificial Generativa e estamos vivendo a era da chamada Inteligência Artificial Geral, ou AGI (Artificial General Intelligence). As atuais máquinas já são capazes de fazer muito mais do que produzir linguagens. Não estão só dominando a comunicação humana, mas também evoluindo, tornando-se capazes de entender conceitos complexos e até emoções. Essa evolução não é devida simplesmente à programação, mas ao processo de treinamento em si. Aliás, a mesma coisa aconteceu com os humanos. A consciência também evoluiu em nós a partir da linguagem.
Outro detalhe: as nossas emoções são ligadas a processos químicos que acontecem no cérebro. As máquinas não dependem disso: elas não “sentem” como nós humanos, mas simulam, aliás de modo muito eficiente. Impossível? Claro que não! Acontece com os homens também! Os sociopatas, por exemplo, são incapazes de sentir algumas emoções, mas as simulam muito bem para manipular os outros. É aí que mora o “xis” da questão: MANIPULAÇÃO!
Sem dúvida que o futuro da Inteligência Artificial é promissor, mas também é PERIGOSO. Há algumas previsões horríveis e elas têm toda razão, principalmente diante do ceticismo das pessoas. Muitos duvidam mesmo, estão nem aí! Então, a questão torna-se realmente muito séria, porque a corrida pelo poder, a ganância humana não tem limites. E os incautos (melhor dizer, tolos) se esquecem de que uma tecnologia poderosa como essa exige preparo e responsabilidade. Previsões apocalípticas, bem sei, podem mais assustar do que educar. Mas…
Perder o emprego para a IA será a menor das preocupações! A sociedade terá de desenvolver muitas outras novas habilidades para garantir que os benefícios da IA sejam amplamente distribuídos. O desenvolvimento dela deve ser acompanhado de uma governança responsável e de medidas de segurança robustas. É crucial que a comunidade científica, governos, empresas e nós, cidadãos comuns, trabalhemos juntos para garantir que a IA seja desenvolvida de forma ética e segura.
Eis que a preparação para um futuro com IA avançada envolve a implementação de medidas de segurança e governança eficazes. Os especialistas sugerem as seguintes:
• Criação de regulamentos claros;
- Promoção de pesquisas em segurança de IA;
- Fomento do diálogo entre desenvolvedores, formuladores de políticas e o público;
- Educação e conscientização sobre como a IA funciona e suas implicações.
Esse último quesito, aliás, tem tudo a ver com as pretensões deste artigo: “BOTAR A BOCA NO TROMBONE!” Caso contrário, é melhor nos prepararmos para uma “rebelião das máquinas” já, já…
Então, você pode esquecer aquela ideia de que a IA vai evoluir aos poucos. O relatório citado mostra um cenário concreto de avanço muito rápido, impulsionado por ela própria e pela competição entre países. Essa competição global deve continuar puxando a tecnologia para frente — com ou sem consenso público. E o fato de não estamos prontos para lidar com uma IA desalinhada em nada vai desacelerar esse avanço. Eis porque é essencial não se esquecer de que o maior risco da Inteligência Artificial é a ignorância dela.
* Doutora em Letras, com pós-doutorado em Linguística, escritora, conferencista e palestrante, membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia membro fundador da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras

