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Em nome dos Reis: a festa de Olívio e Cresceulla

A fé e a celebração compartilhada (Arquivo de família)

Devotos fervorosos dos Santos Reis, eles transformavam a data em um verdadeiro ritual de celebração e partilha

Lúcio Mendes

Todo 29 de junho, por décadas, Jardinópolis se iluminava com um brilho especial que não vinha apenas da fogueira acesa no quintal, mas da fé e da generosidade de um casal cuja devoção transcendeu o tempo: meus avós, Olívio Silvério Guimarães e Cresceulla Morenghi.

Devotos fervorosos dos Santos Reis, eles transformavam a data em um verdadeiro ritual de celebração e partilha. No cair da tarde, enquanto o céu ganhava tons alaranjados, hasteava-se com solenidade a bandeira dos Três Reis Magos. Era o sinal de que a festa ia começar, e ela só terminava na madrugada seguinte.

Reunia-se a vizinhança, a família inteira, e até quem passava desavisado acabava ficando. O quintal ganhava vida: havia quentão borbulhando no fogão a lenha, café forte passando na hora, canjica, bolo de milho, pamonha, paçoca, pipoca, tudo feito com carinho e abundância. As crianças corriam com as mãos cheias de guloseimas, os adultos trocavam causos, e todos, sem exceção, paravam para rezar o terço, um momento de silêncio reverente, de fé partilhada.

E então vinha a sanfona.

Meu avô, com o sorriso nos olhos e a alma nos dedos, puxava o fole como quem contava histórias. A quadrilha se armava no terreiro improvisado, e lá estavam todos dançando: de chapéu, vestido rodado, camisa xadrez, com alegria genuína, sem pressa de acabar.

Foi assim, ano após ano, como um calendário da memória afetiva da cidade. Até que, um dia, minha avó, já cansada da lida da vida, sofreu um derrame. Nunca mais saiu da cama. Mas nem por isso deixou de ser cuidada com amor, todos os dias, pelo homem que ao seu lado celebrou não só os Reis, mas a própria realeza da vida simples e cheia de sentido.

Hoje, quando penso em festa junina, não penso em arraiais grandes nem em balões no céu. Penso em Jardinópolis. Penso em fé com bandeira. Em sanfona com alma. Em terço rezado com a mesma mão que acende a fogueira. Penso na comunhão de Olívio e Cresceulla, uma sintonia que, como os preparativos para uma boa festa, começa no raiar do dia…E se entrelaça em um compromisso terno e indivisível.

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