O homem emigra por necessidade, obedecendo a seu instinto de sobrevivência. E a história da Humanidade se inicia com emigrações constantes.
Desde o surgimento do Homo Sapiens e por 2,5milhões de ano, ele, caçador e coletor, povoou a África, partiu para o Crescente Fértil, a Europa, a Ásia e as Américas, sempre nômade, em busca de novos alimentos e novas caças. Há 10 mil anos, o Sapiens descobriu a agricultura. Com ela, vieram excedentes que precisavam ser guardados em silos primitivos. Para vigiá-los, nasceram as primeiras cidades, o homem deixou o nomadismo e se tornou gregário. Surgiram então as tribos, que se reuniram em nações, conjunto de um povo unido pela mesma língua, cultura e costumes. A nação, quando se organizou politicamente transformou-se no Estado, surgindo os países e o forte sentimento de nacionalidade, característica que abraçamos até hoje.
Milhões de homens morreram defendendo seu país. Até criamos símbolos para representar nossa tradição e nossa cultura, como a bandeira e o hino. Amamos a terra onde nascemos. Sentimo-nos responsáveis pelo seu destino. E algumas vezes, entretanto, somos compelidos a abandoná-la e partir para outras paragens.
Na história há inúmeros exemplos de grandes emigrações. No século XII aC , os israelenses escaparam do jugo egípcio e emigraram em busca da Terra Prometida. Os muçulmanos saíram da Península Arábica para conquistar a Espanha, no século VII. Os vikings, depois de uma longa existência de ataques e saques a povos estrangeiros, emigraram do Norte para levantar colônias na Europa. Com a descoberta e colonização das Américas, surge uma mancha negra na História, que é a emigração forçada de negros africanos para as novas terras, emigração esta também feita por portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, holandeses que buscavam fortuna no novo continente.
No séculos XIX e começo do XX, uma grande fome se alastrava pela Europa, em decorrência de más colheitas. Havia também constantes guerras. Entre 1880 e 1910, cerca de 17 milhões de europeus emigraram para os Estados Unidos. E nosso país recebeu, no mesmo período, 4 milhões de estrangeiros. Vieram principalmente para a região Sul e Sudeste do Brasil, substituindo a mão-de-obra escrava e em busca de “fazer a América”. Foram portugueses, italianos, alemães, sírios, libaneses, japoneses e espanhóis.
Nossa região foi privilegiada por este grande contingente de europeus. Durante todo o período de escravidão, a mão de obra era exclusiva do escravo. A elite julgava aviltante o trabalho manual. Com a chegada dos imigrantes, que apesar de poucas posses materiais, traziam consigo uma vasta cultura europeia e a vontade férrea de prosperar na nova terra, o trabalho passou a ser visto como valor social. Esta revolução de pensamento moldou todo o desenvolvimento regional. Ribeirão Preto acolheu enorme quantidade de italianos, espanhóis, portugueses, foi pioneira no acolhimento dos japoneses, povos que nos ajudaram a formar uma população diferenciada.
Quando a Revolução de 1930 apeou os coronéis do café, que formavam a elite política local, a cidade já havia absorvido os imigrantes. E se tornara uma cidade aberta, sempre receptiva aos de fora. Com a fundação da Faculdade de Medicina e a vinda de professores das mais variadas partes do mundo, esta característica de cidade aberta se consolida. Ribeirão-pretanos de nascimento ou por adoção não se distinguem na nossa jornada, formando-se então uma comunidade pujante que comandou e comanda o nosso desenvolvimento. Podemos afirmar que, sem os imigrantes, não teríamos chegado à posição que ocupamos atualmente.

