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Entrevista: Desafios no comando da GCM

O superintendente da Polícia Civil Metropolitana é especializado em gestão pública, é autor de dois livros e também diretor operacional da Pasta entre os anos 2005 e 2008 | Foto: Max Gallão Mesquita

O superintendente da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de Ribeirão Preto, Edson Ferreira da Silva, é o responsável por uma corporação que atualmente tem 262 integrantes. Com 30 anos de atuação na Corporação ele foi escolhido pelo prefeito Ricardo Silva (PSD) para imprimir uma nova fase da GCM.

Especializado em gestão pública é autor de dois livros. Também foi diretor operacional da Pasta entre os anos 2005 e 2008 e tem, entre suas prioridades, valorizar a categoria e colocar a corporação mais presente no dia a dia da população.

Por mês a Corporação atende cerca de 5 mil ocorrências que vão da captura de foragidos, flagrantes de roubo e furto, recuperação de veículos, apreensões de drogas, medidas protetivas e apoio à fauna.

 

Tribuna Ribeirão – O senhor está há dez meses à frente da Guarda Civil Metropolitana. Como avalia este período?

Edson Ferreira – Preparei-me muito para este momento. Foi um período intenso de grandes desafios e aprendizados. Assumi uma tropa desmotivada e sem perspectivas de crescimento, mas, com a liberdade e a confiança que o prefeito Ricardo Silva me concedeu, conseguimos reverter esse cenário com trabalho, perseverança e união.

Superintendente da GCM, Edson Ferreira | Foto: Max Gallão Mesquita

Nos primeiros meses, priorizamos o resgate da dignidade dos nossos agentes, com uma gestão humana, imparcial e sem perseguições. Criamos um ambiente leve e fraterno, de respeito e proximidade, com eventos mensais de confraternização. Sem abrir mão da disciplina, promovemos harmonia entre todos.

No campo estrutural, superamos uma carência histórica ao conquistar uma nova base operacional — no prédio que antes abrigava o Departamento de Água e Esgoto (DAEE), garantindo mais segurança para os agentes, viaturas e equipamentos. Hoje, temos um espaço moderno, confortável e compatível com o crescimento da instituição. Esses investimentos, humanos e físicos, transformam a rotina dos nossos profissionais e refletem diretamente na qualidade dos serviços prestados à população.

 

Tribuna Ribeirão – Quais foram os principais desafios enfrentados?

Edson Ferreira – Foram muitos. O primeiro foi resgatar a autoestima e a motivação da tropa. O antigo espaço físico já não comportava nossas necessidades, e os agentes precisavam deixar seus veículos nas ruas, o que colocava em risco sua integridade e seu patrimônio.

Assumi uma tropa desmotivada e sem perspectivas de crescimento, mas, com a liberdade e a confiança que o prefeito Ricardo Silva me concedeu, conseguimos reverter esse cenário”

Outro grande desafio foi recuperar áreas centrais da cidade, como a Praça Francisco Schmidt, o entorno do Mercadão e do Centro Popular de Compras (CPC), que estavam há anos degradadas e dominadas pelo tráfico e pelo uso de drogas.

Por fim, enfrentamos uma situação jurídica complexa: uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) sobre a última reforma administrativa da GCM, que não havia sido informada pela gestão anterior. O processo, atualmente no Supremo Tribunal Federal, pode exigir uma reestruturação administrativa e operacional completa da instituição. Nosso desafio é garantir a manutenção do modelo atual, que tem se mostrado eficiente.

 

Tribuna Ribeirão – No início do ano, a GCM chegou a mudar de nome para Polícia Civil Metropolitana (PCM). Por que a alteração ainda não foi efetivada?

Edson Ferreira – Após a aprovação da lei pela Câmara, a Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo ingressou com uma ADIN, alegando que a norma contrariava a Constituição Estadual e a Federal. O desembargador concedeu liminar considerando decisões semelhantes do Tribunal de Justiça em outros municípios. A Procuradoria-Geral do Município recorreu, e aguardamos a decisão do Supremo Tribunal Federal.

“Nunca as guardas municipais tiveram tanto reconhecimento: estão nas pautas do STF, do Congresso, do Senado e do Governo Federal. Essa visibilidade é fruto do trabalho sério e profissional realizado em todo o país”

 

Tribuna Ribeirão – As Guardas Municipais ganharam poder de polícia. Essa mudança foi importante para a segurança pública da cidade?

Edson Ferreira – Sem dúvida. Essa evolução fortalece o sistema de segurança pública e soma-se às demais forças policiais, atendendo às múltiplas demandas da sociedade moderna. Nunca as Guardas tiveram tanto reconhecimento: estão nas pautas do STF, do Congresso, do Senado e do Governo Federal. Essa visibilidade é fruto do trabalho sério e profissional realizado em todo o país.

As guardas municipais são o futuro da segurança pública no Brasil. Por sua proximidade com a população e profundo conhecimento do território, são instituições essenciais na prevenção, no patrulhamento e na resposta rápida às ocorrências.

 

Tribuna Ribeirão – Ribeirão Preto conta hoje com 262 guardas. Esse número é suficiente para a cidade?

Edson Ferreira – O efetivo atual está abaixo do ideal para uma cidade do porte e da complexidade de Ribeirão Preto. Nossa população cresceu, e as demandas surgem constantemente — especialmente nas áreas de patrulhamento preventivo, rondas escolares, apoio às fiscalizações e ações integradas com outras forças policiais.

Foto: Max Gallão Mesquita

 

Essa é uma pauta que temos tratado com prioridade junto ao prefeito Ricardo Silva, que compreende a importância do fortalecimento da corporação para que Ribeirão Preto continue avançando em segurança e qualidade de vida.

 

Tribuna Ribeirão – Quantas ocorrências são registradas por mês e quais as mais comuns?

Edson Ferreira – A GCM atende cerca de 5 mil ocorrências mensais, das mais diversas naturezas. Entre as mais comuns estão capturas de foragidos, flagrantes de roubo e furto, recuperação de veículos, apreensões de drogas, medidas protetivas e apoio à fauna. Também realizamos prisões e ações conjuntas com outras forças de segurança.

 

Tribuna Ribeirão – Qual a avaliação do senhor sobre o trabalho da Patrulha Maria da Penha?

Edson Ferreira – É um trabalho extraordinário, com resultados muito positivos. A Patrulha realiza visitas, rondas preventivas e acompanhamento das vítimas, evitando que situações de violência evoluam. Até outubro, registramos 926 atendimentos, entre prisões, boletins de ocorrência e ações preventivas. Ainda há muitas mulheres que não conseguem denunciar, por medo ou dependência, e nosso trabalho inclui palestras e orientações para incentivar a denúncia e romper esse ciclo.

“Ainda há muitas mulheres que não conseguem denunciar o companheiro agressor (referindo-se a Lei Maria da Penha), por medo ou dependência, e nosso trabalho inclui palestras e orientações para incentivar a denúncia e romper esse ciclo de violência”

 

Tribuna Ribeirão – A GCM está preparada para fiscalizar a lei “Sossego é Lei”?

Edson Ferreira – Sim. Essa lei é importante para restabelecer a harmonia social e proteger o direito ao sossego e à saúde pública. Ela prevê atuação conjunta entre a GCM, a Polícia Militar, a Polícia Civil e órgãos municipais como a Fiscalização Geral e a Vigilância Sanitária. A Guarda está preparada para atuar de forma integrada, garantindo o cumprimento da legislação em todo o município.

 

Tribuna Ribeirão – Existe integração entre a GCM e as Polícias Civil e Militar?

Edson Ferreira – Mantemos excelente relação institucional e realizamos ações, operações e treinamentos conjuntos. Para o próximo ano, planejamos ampliar essa integração com cursos, palestras e troca de informações. Acreditamos que a união das forças é essencial para enfrentar o crime organizado, que tem se mostrado cada vez mais estruturado. Segurança pública se faz com parceria e integração.

“Mantemos excelente relação institucional com as polícias Militar e Civil e realizamos ações, operações e treinamentos conjuntos. Para o próximo ano, planejamos ampliar essa integração com cursos, palestras e troca de informações”

 

Tribuna Ribeirão – A GCM também se destacou pelo grupamento de cães adestrados. Como funciona esse trabalho?

Edson Ferreira – Atualmente, contamos com três cães em atividade e quatro em treinamento. Eles atuam em diferentes tipos de ocorrência: faro e busca de drogas, guarda e proteção, manifestações públicas, policiamento de eventos e busca por pessoas. Vamos iniciar um curso de cinotecnia para capacitar mais profissionais e ampliar o grupamento. Os cães são aliados indispensáveis — sua sensibilidade e precisão fazem a diferença nas ações policiais.

 

Tribuna Ribeirão – E quanto ao atendimento a pessoas com deficiência?

Edson Ferreira – A acessibilidade é uma preocupação constante do prefeito Ricardo Silva e uma prioridade na nossa gestão. Adaptamos nossa nova base operacional para garantir acessibilidade plena e já contamos com guardas intérpretes de Libras. Queremos ampliar esse número e promover mais capacitações, garantindo atendimento humanizado e inclusivo para todas as pessoas, especialmente as com deficiência auditiva ou mobilidade reduzida.

 

Tribuna Ribeirão – Como está o projeto de construção das duas bases da GCM no centro, ao lado da Rodoviária e no Calçadão?

Edson Ferreira – O processo está em fase final na Secretaria de Justiça, com elaboração do edital e trâmites legais. No caso do Calçadão, há restrições de tombamento histórico que exigem aprovação de conselhos específicos. Assim que as liberações forem concedidas, iniciaremos as obras.

 

Tribuna Ribeirão – O que o motivou a aceitar o convite do prefeito para comandar a GCM?

Edson Ferreira – Foram minha trajetória e experiência, somadas à sintonia com o pensamento do prefeito Ricardo Silva. Estou há três décadas na corporação — uma vida inteira — e sempre acreditei que poderia contribuir ainda mais. Quando o convite veio, senti que era a oportunidade de retribuir tudo o que a instituição me proporcionou. Já havia sido diretor operacional entre 2005 e 2008, período em que despertei meu potencial como gestor.

Depois disso, busquei me preparar melhor: estudei, observei, ouvi meus colegas e refleti sobre o que poderia ser diferente. Essa vivência me forjou e me preparou para este momento.  Hoje, desempenho minha função com lealdade, honra e orgulho. Nosso lema é “Ninguém fica para trás” — e trabalho todos os dias para que meus atos confirmem minhas palavras.

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