Tribuna Ribeirão
Economia

Exportação de cafés especiais despenca

Marcello Casal Jr./Ag.Br.
A exportação brasileira de café especial aos Estados Unidos despencou no mês de agosto, após a entrada em vigência do tarifaço de 50% de Trump

Brasil remeteu no mês passado 21.679 sacas de 60 quilos desses cafés diferenciados aos EUA, queda de 79,5% em relação a agosto de 2024 e de 69,6% ante julho 



A exportação brasileira de café especial aos Estados Unidos despencou no mês de agosto, após a entrada em vigência do tarifaço de 50% imposto pelo governo norte-americano de Donald Trump sobre o produto a ser exportado aos EUA.

O Brasil remeteu no mês passado 21.679 sacas de 60 quilos desses cafés diferenciados aos norte-americanos, representando queda de 79,5% na comparação com o mesmo mês de 2024 e de 69,6% ante julho deste ano, informou a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), com base em dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Os EUA lideraram o ranking mensal deste ano como principais importadores dos cafés especiais brasileiros até agosto, tanto que ainda são o maior destino do produto no acumulado de 2025. Entretanto, no mês passado, os norte-americanos desceram ao sexto lugar na tabela, atrás de Holanda, com 62.004 sacas; Alemanha, com 50.463 sacas; Bélgica, com 46.931 sacas; Itália, com 39.905 sacas; e Suécia, com 29.313 sacas.

“Muitos contratos que haviam sido assinados vêm sendo suspensos, cancelados ou adiados, a pedido dos importadores americanos, uma vez que a taxação de 50% sobre os cafés especiais brasileiros torna praticamente inviável a realização desses negócios, por causa dos preços extremamente elevados, o que justifica essa queda expressiva no desempenho das exportações aos Estados Unidos”, disse em nota a presidente da BSCA, Carmem Lucia Chaves de Brito, a Ucha.

De acordo com ela, o impacto do tarifaço não será sentido somente por produtores, exportadores e demais elos da cadeia produtiva brasileira, mas, principalmente, pelos consumidores norte-americanos. “Já observamos elevação no preço do café à população americana, gerando inflação à economia do país”, disse.

“Isso é uma pena, pois afetará o maior mercado consumidor global, que é o principal parceiro dos cafés do Brasil, podendo fazer ruir parte dessa estrutura madura e consolidada, a qual foi edificada com alto custo e esforço dos diferentes elos da indústria cafeeira de Brasil e Estados Unidos. Trabalhamos intensamente na estruturação da cadeia de suprimento de todo esse mercado e, com esse cenário mantido, teremos que empenhar novos e enormes custos e esforços para voltar a vender nos níveis de até então aos EUA”, lamentou Ucha.

A presidente da BSCA comentou que é vital que o Poder Executivo brasileiro faça o trabalho de aproximação e abra diálogo com o governo Trump, em especial após ordem executiva assinada pelo presidente americano no dia 5 de setembro, que informa que as tarifas recíprocas de importações consideradas estratégicas podem ser reduzidas a zero, desde que os países tenham compromissos firmados em acordos comerciais com os EUA e que isso atenda aos interesses americanos e à emergência declarada pelo governo local.

“É crucial que nós, enquanto setor privado, representado por todas as entidades de classe, mantenhamos as conversas com os parceiros industriais e importadores nos EUA e o Departamento de Estado americano, assim como o governo brasileiro precisa abrir, de fato, negociações com a gestão Trump para encontrar uma solução, por meio do diálogo, para o restabelecimento do fluxo do comércio de nossos cafés, em condições justas, entre Brasil e EUA”, declarou Ucha.

A exportação brasileira de café solúvel alcançou o equivalente a 2,508 milhões de sacas de 60 kg, de janeiro a agosto, para 88 países, volume 3,9% inferior ao registrado nos oito primeiros meses de 2024 (2,610 milhões de sacas).

“Esse desempenho já tem impacto do tarifaço de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos para a entrada do produto nacional no país”, informou em comunicado o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo Lima.

Em receita cambial, contudo, o desempenho é positivo, com o ingresso de US$ 760,776 milhões sendo 33% superior ao montante aferido entre janeiro e agosto de 2024 (US$ 572,130 milhões). 

”

Quando analisamos os valores, notamos que o crescimento se deve aos elevados preços do café como um todo, inclusive do solúvel, no mercado internacional, o que nos faz crer que poderemos superar US$ 1 bilhão em 2025, ultrapassando os US$ 950 milhões do ano passado e estabelecendo uma nova marca histórica”, estimou Lima.

Após a entrada em vigência do tarifaço de 50% imposto pelo governo Donald Trump ao café solúvel brasileiro a ser exportado para os Estados Unidos, os embarques do produto nacional ao mercado americano, em agosto, despencaram 59,9% na comparação com o mesmo mês de 2024 e 50,1% em relação a julho deste ano, somando o equivalente a apenas 26.460 sacas de 60 kg.

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