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Fé, Frustração e Prejuízo: Agência de Franca dá calote em jovens católicos

Vítimas do calote no Distrito Federal (Reprodução)

Grupos do interior de São Paulo, Distrito Federal e Rondônia se mobilizaram por anos para participar do Jubileu da Juventude, no Vaticano. Mas agência Kairós Viagens, agora sumida, deixou mais de 90 peregrinos no prejuízo de R$ 1,5 milhão.

O que começou como um sonho de fé e união terminou em silêncio, frustração e prejuízo. Jovens católicos de diferentes partes do Brasil, interior de São Paulo, Distrito Federal e Rondônia, se organizaram por anos para viver uma experiência única no Jubileu da Juventude, em Roma, com o Papa. Rifas, venda de bolos, bazares e quermesses foram realizadas para arrecadar os valores. Mas tudo ruiu quando a agência Kairós Viagens e Peregrinações, com sede em Franca (SP), comunicou que não levaria mais ninguém. Fechou as portas, desativou redes sociais e site, e deixou um rombo financeiro de mais de R$ 1,5 milhão.
A justificativa oficial da empresa: “crise financeira” e dívidas impagáveis. Mas para as famílias que juntaram centavo por centavo, o nome disso é calote. O Procon-SP foi acionado, o Ministério do Turismo reconhece possível infração ao Código de Defesa do Consumidor, e há indícios de estelionato. No entanto, até agora, nenhuma prisão, nenhum ressarcimento, nenhuma resposta concreta aos lesados. Apenas portas fechadas e um advogado que apareceu em videoconferência para dar a má notícia.
A promessa
O pacote prometido incluía passagens, hospedagem e roteiro religioso na capital italiana entre os dias 26 de julho e 11 de agosto. Os grupos embarcariam para participar do Jubileu da Juventude, evento que acontece a cada 25 anos, com encontros espirituais, workshops, orações e convivência com jovens de todo o mundo e o Papa.
O grupo de Orlândia (SP), por exemplo, embarcaria no dia 28 de julho, com retorno no dia 5 de agosto. O investimento individual variava entre R$ 16 mil e R$ 18 mil.

Vítimas do calote no interior de São Paulo (Reprodução)

O calote revelado
No dia 1º de julho, os peregrinos começaram a questionar a agência sobre a não emissão das passagens. A resposta veio fria: em uma videoconferência, o advogado da empresa disse que não haveria mais viagem, alegando dificuldades financeiras.
Sem comunicação oficial anterior, sem tentativa de remanejamento, sem explicação detalhada, os jovens ouviram apenas que o sonho havia sido cancelado, e que as dúvidas seriam “esclarecidas depois”.
Os números do prejuízo
Orlândia e São Joaquim da Barra (SP): 29 pessoas e prejuízo de R$ 464 mil
Porto Velho (RO): 31 pessoas e prejuízo de R$ 558 mil
Taguatinga (DF): 30 pessoas e prejuízo de R$ 540 mil
Total: R$ 1.562.000,00
A reação das vítimas
Muitos dos jovens jamais estiveram fora do país e viram nesse Jubileu uma rara oportunidade de vivência espiritual e cultural. Em Orlândia, a coordenadora Isabel Piloto afirma que o grupo não vai desistir: “Vamos tentar levantar o máximo de dinheiro novamente, nem que vá só metade. É um dever com a nossa fé”.
No Distrito Federal, o sentimento é de traição. Jovens venderam bolos, organizaram eventos, pediram doações. Em Rondônia, o grupo fala em revolta e pede investigação rigorosa.
O sumiço da Kairós
Após as denúncias, a Kairós Viagens simplesmente desapareceu. As redes sociais foram apagadas. O site saiu do ar. O endereço físico da empresa em Franca, na Vila Aparecida, estava com portas fechadas.
O Ministério do Turismo confirmou que a empresa tem registro ativo no Cadastur, mas reforçou que “há possível prática de estelionato” e que isso deve ser investigado pelas autoridades policiais, a partir de boletins de ocorrência.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou não ter registro consolidado de denúncias contra a Kairós. As pastas de Rondônia e do DF não responderam.
O que resta agora?
O que resta é um vazio. Não só financeiro, mas emocional. O Jubileu ainda vai acontecer. Mas dezenas de jovens brasileiros não estarão lá. Foram vítimas de um modelo de negócio que, sob a desculpa da pandemia, guerra no Oriente Médio e instabilidade econômica, desmoronou sem responsabilidade.
O caso é emblemático não só pela dimensão do prejuízo, mas pela simbologia: enganar fiéis que venderam doces para ver o Papa.
Enquanto autoridades não agem com a celeridade que o caso exige, o rastro deixado pela Kairós Viagens é de frustração, indignação e, paradoxalmente, fé. A fé de que justiça será feita, e de que algum dia, esses jovens ainda chegarão a Roma. Mesmo que sem agência.
Denúncias sobre agências de viagem podem ser feitas no site do Ministério do Turismo ou diretamente no Procon de cada estado.

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