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Futuros possíveis: reflexões que nascem entre livros, vozes e diversidade

Foto: Arquivo

No coração de Ribeirão Preto, as artes se encontram e fazem pulsar mais forte os corações. Pela vigésima quarta vez somos agraciados pela Feira Internacional do Livro (FIL), que neste ano trouxe o tema: “Futuros Possíveis – Entre linhas e parágrafos.”

Acompanhar todas as atividades é quase impossível, já que muitas acontecem de forma simultânea e em diferentes pontos da cidade. Mas fica a pergunta: quais seriam os futuros possíveis para um mundo tão desigual, conflituoso e dividido? As respostas são muitas, as alternativas também. E talvez o simples ato de parar para refletir já seja um ótimo começo.

Somente na FIL é possível ouvir André Trigueiro, Leandro Karnal, Bráulio Bessa, Milton Hatoum, Jô Freitas, Márcia Kambeba, Maria Homem e, ainda, se emocionar com Chico César entoando com alegria: “Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa.”

Mas o mais surpreendente é também conhecer dona Joselita, que só pôde estudar após criar os quatro filhos e agora se auto intitula poeta, encantada pela descoberta da leitura e da escrita.

Na FIL também encontramos adolescentes trocando palavras e refletindo sobre os contundentes ensinamentos de Djamila Ribeiro, ou uma criança empunhando seu “cheque-livro” e experimentando a liberdade de escolher sua primeira obra literária.

Vários filhos desta terra foram surpreendidos ao aprender com “Histórias da Música em Ribeirão Preto” que nosso marco zero, nossa data de fundação, nosso primeiro nome e tantos outros dados tão celebrados estão incorretos. Circulando pela Praça XV de Novembro, encontramos doação de animais, distribuição de mudas arbóreas, apresentações de corais e danças, além de radialistas consagrados reunidos no grupo “Loucos por Rádio”, compartilhando segredos e bastidores de um universo radiofônico que marcou a cidade — pioneira no interior do Brasil em transmissões de rádio.

A juventude periférica também deixou sua marca, seja no Espaço Favela, seja no Slam das Manas em Libras, que deixou os ouvintes em silêncio diante de tanto talento e diversas outras atividades.

Falando em ocupação, até a jovem Rádio Nova Ribeirão ganhou espaço, transmitindo uma programação especial diretamente do Centro Cultural Palace, que também recebeu os Autores Locais. Em um ambiente surpreendentemente acolhedor, revelou-se uma vasta produção literária que não deixa nada a dever às centenas de autores consagrados expostos nos estandes.

No Salão Pedro Paulo, saraus memoráveis reuniram coletivos como a União dos Escritores Independentes, a Revista Ponto e Vírgula, a Casa do Poeta e do Escritor e a Academia de Letras e Artes, que ainda promoveu uma exposição sobre o Tempo. Esse tempo que não para, mas que, durante a Feira, conecta de forma perfeita o passado, o presente e o futuro.

Mais inclusiva do que nunca, a FIL abriu espaço para pessoas com deficiência, para a comunidade LGBTQIA+, para universidades, movimentos sociais, entidades artísticas e literárias, além de públicos de todas as idades.

Com criatividade, competência e expertise, a Fundação do Livro e Leitura conseguiu captar recursos públicos e privados e proporcionar um evento grandioso de educação, cultura, cidadania e economia criativa.

Depois de dez dias de profunda imersão cultural, fica a certeza de que um futuro melhor é possível, pois já temos em mãos as melhores ferramentas para construir uma sociedade mais justa, equânime e inclusiva. Agora só falta mais atitudes.

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