Por: Adalberto Luque
O promotor criminal de Ribeirão Preto, Marcus Túlio Nicolino, disse, em entrevista coletiva realizada no Ministério Público de São Paulo (MPSP), que o marido da professora Larissa Talle Leôncio Rodrigues, vai responder por mais um crime além de feminicídio.
Nicolino acredita que o médico ortopedista Luiz Antônio Garnica procurou esconder evidências na morte de sua esposa, na manhã de 22 de março, antes da chegada dos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ao apartamento do casal, no Jardim Botânico, zona Sul da cidade.
Assim, além de responder por feminicídio qualificado, ele vai responder também por fraude processual, por ter limpado e mudado a cena do crime. Segundo o promotor, Garnica produziu teatralidade após confirmar com a amante que a mulher estava morta.
O representante do MP acrescentou que a médica do SAMU não encontrou evidências de manobras cardíacas no corpo de Larissa, apesar de Luiz afirmar que teria feito.
O promotor pediu a conversão da prisão temporária para preventiva e aguarda a manifestação do juiz que vai apreciar o caso. Além do médico, sua mãe Elizabete Eugênio Arrabaça Garnica também foi indiciada. Ela por homicídio doloso qualificado.
Se tudo correr como o MP espera, é possível que o julgamento de mãe e filho ocorra em 2026. Ele conta que, se o juiz acatar a prisão preventiva, os advogados de defesa terão prazo para apresentar suas alegações iniciais, arrolar testemunhas, pedir laudos e exames, enfim, tudo o que for necessário para municiar as respectivas defesas.
Nicolino acredita que o caso possa até mesmo ser levado a júri popular. Mas tudo vai depender do andamento na Justiça. A defesa de Garnica mantém a alegação de que não há provas contra seu cliente e que ele poderia até ser a próxima vítima da mãe e que está convicto de sua inocência.
Elizabete investigada por outros crimes
Além do caso Larissa, Elizabete também é suspeita na morte de sua própria filha, Nathalia Garnica, ocorrido em 9 de fevereiro, em Pontal, região metropolitana de Ribeirão Preto. Após exumação de seu corpo, em 23 de maio, a perícia constatou que ela também foi morta por envenenamento.
O delegado responsável pela Divisão Especializada em Investigações Criminais (DEIC), José Carvalho de Araújo, informou que ela é a principal suspeita e a Polícia Civil investiga possíveis crimes pregressos.
Na tarde desta segunda-feira (30), uma amiga de Elizabete foi ouvida. Ela relatou que, há cerca de 8 anos, negociava para comprar um colar da investigada. Na hora, acabou desistindo da compra e disse para Elizabete que estava com dor de cabeça.
A amiga recebeu um comprimido para a dor e tomou. Antes que pudesse chegar em casa, passou mal e foi levada para um hospital em Pontal, sendo transferida para Ribeirão Preto, diante da gravidade de seu quadro. Ficou cinco dias na UTI do hospital.
Pelo menos outros cinco possíveis casos de envenenamento cometidos por Elizabete também são apurados. A defesa de Elizabete mantém que ela é inocente.
No caso da investigação da morte de Nathalia, a Polícia Civil investiga para saber se ela teria agido sozinha ou contou com a ajuda de outra pessoa.