Tribuna Ribeirão
Cultura

Grupo encena texto de Leskov

Em uma pequena cidade da Rússia, no século XIX, a histó­ria de Konstantin Pizónski vai ao encontro da de Platonida Andrêievna, em uma narrati­va que trata de temas polêmi­cos para a época e, ao mesmo tempo, tão atuais. Esta é tra­ma da peça “Ferramentas da casa quebrada”, do consagrado Grupo Fora do sériO, que após um ano em cartaz, uma turnê por seis cidades e um público de 4,2 mil pessoas, encerrará a temporada neste sábado, 27 de abril, às 20h30, no Teatro Mi­naz, em Ribeirão Preto.

A peça foi contemplada pelo Programa de Ação Cul­tural (ProAC) da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa. A iniciativa é da Casa da Arte Multi Meios e do gru­po de teatro Fora do sériO, que tem mais de 30 anos de realiza­ções artísticas. Na adaptação do conto “Kótin, o provedor e Pla­tonida”, do escritor russo Niko­lai Leskov (1831-1895), direção de Jonas Golfeto e fotografia do premiado Jair Correia, as atrizes Isabela Graeff, Míriam Fontana e Renata Martelli revezam-se entre narradoras e personagens para encenar esta obra do século XIX, em uma adaptação envol­vente que aborda temas como intolerância religiosa, machismo e misoginia, debate sobre gêne­ro, abuso e violência.

Para Míriam Fontana, que integra o grupo Fora do sériO desde sua fundação, o desenro­lar da trama teve um valor muito especial. “A história me causou um impacto tão grande pela concisão, contundência e bele­za da linguagem que me lancei ao trabalho de levar o conto ao público na expectativa de que a história também provocasse no espectador as emoções, senti­mentos e pensamentos que me povoaram”, comenta.

Jonas Golfeto acredita que a expectativa sobre a opinião dos espectadores é sempre inesperada nessa arte. “A rea­ção das pessoas é imprevisível, intangível, e esse mistério faz com que os artistas desfrutem intensamente da performance teatral no ato presente em que ela acontece”, explica.

Após passar no ano passado por Araraquara, Batatais, Fran­ca, Pontal e também por uma temporada em Ribeirão Preto, o grupo Fora do sériO encenou o texto em mais seis cidades em 2019: Pradópolis, São Joaquim da Barra, Bebedouro, São Car­los, Catanduva e Campinas. Na sexta-feira (26), um dia antes da apresentação, Miriam Fontana e o diretor da peça, Jonas Golfeto, realizarão um encontro artístico com roda de conversa no Teatro Minaz, das 19 às 21 horas. Os interessados podem comparecer no dia, local e hora marcados para participar gratuitamente e conhecer a linha de pesquisa adotada pelo grupo para a cria­ção do espetáculo.

A apresentação de 27 de abril (sábado) será às 20h30, no Tea­tro Minaz, na rua Carlos Chagas nº 273, no Jardim Paulista, Zona Leste de Ribeirão Preto. Mais informações pelo telefone (16) 3941-2722. O espaço comporta 266 pessoas e o espetáculo não é recomendado para menores de 14 anos. Os ingressos estão à venda no site www.ingressorapi­do.com.br (Ingresso Rápido) e na bilheteria do espaço cultural. Custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada) para ambos os setores – plateias A e B.

Sinopse – Numa pequena ci­dade da Rússia do século XIX a vida é determinada e conduzida pelo ódio alimentado por briga religiosa, pelo rigor do inverno, pelo esforço do corpo em busca da sobrevivência, pelas epide­mias, pelas guerras e pelo amor que brota em terras inférteis.

Fora do sériO – O Grupo Fora do sériO foi fundado em 1988, em Campinas, e está se­diado em Ribeirão Preto desde 1991. Quando chegou à cidade, montou sua primeira sede no histórico Edifício Diederich­sen e ocupou seu último andar, onde permaneceu por dez anos. Hoje as instalações ocupam um espaço mais afastado do Centro, construído segundo as necessi­dades técnicas específicas para a criação artística, chamado Casa da Arte/Fora do sériO.

Nikolai Leskov – Nikolai Se­meónovitch Leskov nasceu em 1831 no povoado de Gorókho­vo, província de Oriol, às mar­gens do Volga, na Rússia, em uma família de membros do cle­ro. Seu pai era funcionário pú­blico, e a certa altura mudou-se com toda a família para o cam­po. Após frequentar o colégio lo­cal, Leskov foi trabalhar, aos 15 anos, como escrivão no Palácio da Justiça de Oriol, transferindo-se depois para Kíev, onde traba­lhou no Fisco.

Oito anos depois deixou o emprego para trabalhar como ajudante de administrador de fazenda, viajando sem ces­sar pelo interior da Rússia, conhecendo lugares e gente das mais diferentes espécies e adquirindo uma experiência que estaria presente em todos os seus livros. Mestre da nar­rativa (Walter Benjamin lhe dedicaria o célebre estudo “O narrador”, de 1938), Leskov produziu uma obra vasta, mas foi predominantemente con­tista e novelista.

É autor de dois romances – “A lugar nenhum (1864)” e “Na ponta da faca (1871)” – e de obras-primas da novela e do conto como “O peregrino encantado (1873)”, “O canhoto vesgo de Tula e a pulga de aço (1881)” e “Lady Macbeth do dis­trito de Mtzensk (1865)”. Faleceu em 1895, em São Petersburgo.

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