Por: Adalberto Luque
Um suposto morador de rua morreu baleado pela Polícia Militar, na tarde de domingo, 5 de outubro, após resistir à abordagem, apesar de estar desarmado. Ele foi abordado na esquina das ruas General Osório e Amador Bueno, mas morreu nano cruzamento com a São Sebastião, no Centro de Ribeirão Preto. Este foi o nono caso de letalidade policial na cidade em oito ocorrências registradas em 2025.
Considerando o assalto a um empório localizado entre as ruas Prudente de Morais e Sete de Setembro, na região Central de Ribeirão Preto, quando o ladrão morreu após ser alvejado pelo filho do comerciante, um PM que estava de folga, são dez mortes em nove ocorrências.
No confronto de domingo, a Polícia Militar foi acionada por moradores da região. Eles denunciaram o homem em situação de rua porque ele estaria agitado, com sinais de que havia feito uso de substância entorpecente, segundo o BO.

Quando a viatura chegou, o suspeito continuava nervoso e saiu andando rapidamente pela Amador Bueno, da General Osório em direção à São Sebastião, balbuciando que não seria abordado. O sargento Igor Henrique Hernandez e o cabo Wellington Lopes Alves tentaram falar com o homem não identificado.
Porém, segundo o BO, ele desferiu um tapa no rosto do cabo. Diante da reação do morador de rua, os policiais tentaram conter o homem usando uma taser, arma não letal que dá choque e imobiliza o oponente. O taser não resolveu e o homem seguiu agressivo, desferindo arranhões e mordidas e ferindo o cabo Lopes durante embate corporal.
O cabo da PM acabou baleando o morador de rua no peito na tentativa de conter a agressão. Segundo o BO, foi efetuado um único disparo. Uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas os socorristas apenas constataram a morte do morador de rua. O local foi isolado e as Polícias Civil e Técnico-Científica foram acionadas para periciar o local.
Depois o corpo do homem foi levado para o Instituto Médico Legal (IML). As armas dos policiais militares foram apreendidas e passarão por perícia. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial e será investigado.

A reportagem solicitou informações da PM e da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), mas até a publicação da reportagem não recebeu retorno. Também pediu posicionamento do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Ribeirão Preto.
O MPSP respondeu por nota: “Relativamente ao fato mencionado, informamos que a Promotoria de Justiça Criminal de Ribeirão Preto, recebeu comunicação da Polícia Civil, por meio de e-mail, e será determinada a instauração de inquérito policial para apuração.”
A SSP-SP também se manifestou por nota: “As Polícias Civil e Militar investigam a morte de um homem, ainda não identificado, ocorrida na tarde de domingo (5) na Rua Amador Bueno, em Ribeirão Preto. Na ocasião, policiais militares realizavam patrulhamento quando suspeitaram do indivíduo e, na tentativa de abordagem, foram agredidos pelo homem. Durante as agressões, um dos policiais foi desarmado. Seu comparsa efetuou um disparo contra o agressor que foi atingido. O SAMU foi acionado e constatou o óbito no local. As armas foram recolhidas e a perícia acionada. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial e resistência pela CPJ da cidade.”
A OAB de Ribeirão Preto encaminhou nota da Comissão de Direitos Humanos onde informa que tomou conhecimento dos fatos ocorridos no Centro da cidade, onde uma pessoa em situação de rua foi morta em abordagem policial.
“É com profundo pesar que recebemos a presente notícia. Informamos que os fatos relatados estão sendo rigorosamente acompanhados por esta Comissão, que se mantém atenta e comprometida com a apuração e os desdobramentos necessários. Reiteramos, por fim, nosso compromisso com a proteção integral dos direitos humanos, ressaltando que esta Comissão compete, por ora, aguardar o desenvolvimento das apurações, colocando-se à disposição para auxílio e colaboração.”
Em ocorrências anteriores, a SSP-SP disse que “investe continuamente na recomposição e capacitação do efetivo, além da atualização de protocolos operacionais e na aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo visando à redução da letalidade.
Além disso, há comissões direcionadas para análise das ocorrências, visando ajustar procedimentos, revisar treinamentos e aprimorar as estruturas investigativas.
Todos os casos de Morte Decorrente de Intervenção Policial (MDIP) são apurados rigorosamente pela Corregedoria, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário. Comprovadas irregularidades, os envolvidos são responsabilizados nos termos da lei.”
Identificação
O homem morto foi identificado como Bruno Ferreira dos Santos, de 27 anos. Segundo o portal Guilherme Carvalho Notícias, ele é natural da Grande São Paulo e, ainda criança, veio morar em Ituverava, distante 100 km de Ribeirão Preto.
Ele teria se tornado dependente químico e passou a viver em situação de rua após o falecimento de sua mãe, em 2021. Viveu por alguns meses nas ruas de São Joaquim da Barra, vizinha de Ituverava e distante 70 km de Ribeirão Preto, onde veio também viver nas ruas.
Atualizado às 11h06, às 11h59 e às 16h53 de 06/10. Nova atualização em 08/10 às 10h27.

