Sou Giuliana, filha do Padre e da mulher do Padre — na verdade, do Padre casado com minha mãe há 55 anos.
Peço licença para fazer uma breve homenagem, como filha caçula, apaixonada e profundamente orgulhosa e grata.
Quando criança, eu dizia a todos:
— “Meu pai é alto, forte, tem olhos azuis e um Del Rey!”
Hoje, digo com o coração cheio: um homem honrado, bem-humorado, sábio e generoso, que vive uma vida de oração, serviço e meditação.
Minha mãe, por sua vez, é uma mulher guerreira, inteligente sempre me surpreende com soluções rápidas, sensitiva e forte — alguém que exala confiança, atitude e amor, sempre pensando no outro.
Meu pai é um imigrante italiano, nascido em Nápoles, em 25 de outubro de 1933. Viveu a Segunda Guerra Mundial. Ele lembra da escassez de alimentos, da família escondida com medo das bombas e das sirenes que rasgavam o silêncio. Conta sobre as orações de sua mãe, que rezava sem cessar, e do bom humor de seu pai, que mantinha a esperança viva.
Talvez por isso até hoje ele detesta desperdício e não gosta de jogar comida fora — carrega em si as marcas e as lições da guerra.
Aos 12 anos, foi para o mosteiro e só via a família nas férias, uma vez por ano. Formou-se em Teologia, em Roma, ordenou-se padre e foi encarregado dos noviços no mosteiro de Vallombrosa.
Mais tarde, foi convidado a vir trabalhar no Brasil, onde faltavam padres. Cruzou o oceano em 1964.
Chegou a Pirituba, em São Paulo, e logo se encantou com o povo acolhedor, generoso e alegre. Conta que havia paroquianos que, mesmo sem ter nada, ofereciam o que não tinham. E ele, sensato, muitas vezes os aconselhava:
— “Antes de doar à Igreja, cuide da sua família.”
Naquela época, as ruas do bairro eram de terra batida, sem esgoto; quando chovia, tudo virava lama. Foi o padre quem procurou o então prefeito Faria Lima para pedir o asfaltamento do local.
Até que conheceu uma linda moça — filha de Maria, “a mais bela flor do jardim”, como ele costuma dizer — Margarida, a paroquiana mais bonita, inteligente e atuante, tanto na igreja quanto em sua casa, mesmo sendo a filha caçula.
Foi o amor que transformou tudo.
Viveu, então, o momento mais difícil de sua vida: abandonar a batina para se casar, ou seguir padre e renunciar àquele amor.
Voltou à Itália, foi para a Bélgica, tentou esquecer… mas o amor foi mais forte.
Pediu licença ao Papa, deixou a vida religiosa e voltou ao Brasil decidido. E ainda bem! Porque graças a essa escolha, eu estou aqui: filha do padre casado e da mulher do padre — e disso tenho profundo orgulho.
Minha mãe, a mulher que encantou o Padre, é admirada por sua liderança, carisma e trabalho. Persistente e inteligente, sempre acreditou nos filhos e agora nos netos. Nunca deixou a bola cair. Com observações diretas e muita coragem, enfrenta a vida com determinação — um exemplo para toda a família.
Juntos, seguiram e seguem sua missão, envolvidos em obras sociais, e com muito trabalho, envolvendo os filhos, usando o lema ora et labora — reza e trabalha, unidos, nos Cursos de Parapsicologia, com as aulas, com a AFPESP, na Festa de San Gennaro, no Movimento dos Padres Casados, no projeto Adoção à Distância, na Obra Social Maria Morieri Palumbo, no CVV Centro de Valorização da Vida, e ainda hoje na Meditação com as publicações e com o Espaço de Espiritualidade @espacodeespititualidade.
Mesmo com o corpo apresentando sinais da idade, eles mantêm a mente lúcida e brilhante — melhor que a de muitos jovens!
Nossa família sente imensa honra e alegria em celebrar este aniversário de 55 anos de casamento, testemunhando um amor que atravessa o tempo, a fé e a vida. Vida Longa! Saúde e paz! Deus abençoe vocês sempre.
Obrigada, Nonno Mario Palumbo e Nonna Margarida.
Com todo o meu amor, orgulho e gratidão.
Giuliana
Filha do Padre e da mulher do Padre

