Conceição Lima *
Aconteceu! Na Albânia, que não é lá essas coisas de um país de primeiro mundo, mas ousou! O Partido Socialista ora no poder nomeou DIELLA (que significa “sol” em albanês), uma Inteligência Artificial, como ministra Anticorrupção, conferindo-lhe status de integrante do Gabinete do Primeiro Ministro.
Sua missão é supervisionar todos os concursos públicos, eliminando qualquer fraude ou prática clientelista e permitindo que eles sejam totalmente transparentes e 100% livre de corrupção. Que must. Imagine se a moda pegasse! Aliás, DIELLA, em seu traje tradicional de mulher albanesa (adorei esse detalhe de gênero!), tem-se mostrado muito comunicativa e prestativa com a população, aconselhando os cidadãos sobre como interagir com serviços públicos online e fornecendo informações práticas a respeito dos trâmites do governo.
E olha que a Albânia está mesmo precisando muito disso! (Aí é que olho para o meu umbigo e vejo que não é só ela! Ah! meu Brasil brasileiro…) O objetivo urgente daquele país é ingressar na Comunidade Europeia e Bruxelas exige reformas institucionais profundas, sobretudo na área da Justiça e combate à corrupção. Também, pudera!
A Albânia, nesses quesitos, ficou na 80ª posição entre 180 nações. Será que vai dar certo? A IA ainda não é lá essas coisas, em termos de confiança! Costuma alucinar, enviesar… Aliás, foi criada por humanos. Mas, Zuckerberg não tem dúvidas: “[…] a superinteligência será uma ferramenta de empoderamento pessoal ou uma força focada em substituir grandes partes da sociedade.
“De fato, aproxima-se uma nova fronteira, cujas máquinas superinteligentes serão capazes de aprender, adaptar-se e superar os seres humanos em praticamente todas as funções cognitivas, incluindo raciocínio lógico, resolução de problemas, tomada de decisão, criatividade e habilidades sociais. Pelo visto, competência política também.
Sempre se ouve falar do impacto da S-IA (Superinteligência Artificial) nas ciências, na economia, na medicina, na educação. Agora, devemos incluir um novo item, a política… Com certeza, decisões estratégicas, como negociações diplomáticas ou conflitos militares, poderiam ser delegadas a entidades não-humanas capazes de antecipar todas as ações com precisão matemática. Mas também é preciso lembrar que, com uma capacidade incomparável de aprendizado, adaptação e execução, a Superinteligência artificial pode ser tanto a maior ferramenta já criada pela humanidade quanto o seu maior desafio.
Tudo dependerá de como ela será desenvolvida, por quem e com quais propósitos. Na política (o nosso foco de hoje) e nas relações internacionais, o uso de Superinteligência poderia dar vantagem desproporcional a países ou corporações que dominassem essa tecnologia, levantando questões sobre soberania, segurança e poder. A Albânia, pelo visto, é bem esperta! Todavia, sempre imaginei que o último ato da IA seria substituir os políticos, mas vi que estou redondamente enganada, pelo menos quanto à Albânia.
Cá entre nós, tomara que funcione! Não custa sonhar que isso pode acontecer em todos os cantos do mundo. Na China… nos States… e principalmente no Brasil!
* Doutora em Letras, com pós-doutorado em Linguística, escritora, conferencista e palestrante, membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia membro fundador da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras

