Projeção para o primeiro trimestre de 2028, a última disponível, é de 3,1%, ainda 0,1 ponto acima do centro do alvo
O Banco Central (BC) informou nesta quinta-feira, 25 de setembro, que espera manutenção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima do centro da meta de inflação, de 3%, até pelo menos o primeiro trimestre de 2028, considerando o seu cenário de referência.
As informações constam do Relatório de Política Monetária (RPM) do terceiro trimestre. No cenário de referência, a inflação em doze meses passa de 5,4%, no segundo trimestre deste ano, para 5,3% no terceiro, e fecha 2025 em 4,8%.
Depois, o IPCA vai para 4,0% no primeiro trimestre de 2026, para 4,1% no segundo, cede para 4,0% no terceiro, e encerra o ano que vem em 3,6%. As projeções para os anos fechados já haviam sido divulgadas no comunicado do dia 17. O BC espera que a inflação acumulada em doze meses atinja 3,4% no primeiro trimestre de 2027, horizonte relevante da política monetária, e 3,4% no segundo. Em seguida, a autarquia estima que o IPCA desacelere a 3,3% no terceiro trimestre e a 3,2% no fim do ano.
A projeção para o primeiro trimestre de 2028, a última disponível, é de 3,1%, ainda 0,1 ponto acima do centro do alvo. Nas aberturas por categorias, o BC espera que a inflação de preços livres acumulada em doze meses some 5,0% no fim de 2025, 3,5% no fim de 2026, 3,3% no primeiro trimestre de 2027 e 3,0% no primeiro trimestre de 2028.
A projeção para os preços administrados é de 4,3% este ano, 3,8% no próximo e 3,8% no primeiro trimestre de 2027 e 3,4% no fim do horizonte de projeções. ”Na comparação com o relatório anterior, as projeções de inflação tiveram leve queda para 2025 e estabilidade para o horizonte relevante da política monetária”, diz o BC, no RPM.
“Entre os fatores que pressionaram a inflação para cima, destacam-se o dinamismo no mercado de trabalho, em contexto de hiato positivo, e o aumento da projeção de energia elétrica residencial, e, como fatores baixistas, destacam-se a redução das expectativas de inflação e a apreciação do real.” PIB – O BC ainda reduziu a sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025, de 2,1% para 2,0%. A previsão está abaixo da mediana do último relatório Focus, de 2,16%.
A autoridade monetária também divulgou, pela primeira vez, a sua projeção para o crescimento do PIB brasileiro em 2026, de 1,5%. Essa estimativa também está aquém da mediana do Focus, de 1,80%. A nova projeção para 2025 incorpora mudanças nas estimativas para o PIB agropecuário (8,0% para 9,0%), e industrial (1,9% para 1,0%) e mantém Serviços em 1,8%.
Pelo lado da demanda, a autoridade monetária ajustou as previsões para o consumo das famílias (2,1% para 1,8%) e do governo (1,2% para 0,5%), Formação Bruta de Capital Fixo (2,8% para 3,3%), importações (3,5% para 4,5%) e exportações (3,5% para 3,0%). Para 2026, o BC prevê altas de 1,0% para a agropecuária, de 1,5% para os serviços e de 1,4% para a indústria. Pelo lado da demanda, a autarquia estima altas de 1,4% no consumo das famílias, de 1,0% no consumo do governo, de 0,3% na FBCF, de 1,0% nas importações e de 2,5% nas exportações.
Na avaliação da autarquia, a forte base de comparação deve limitar o crescimento da agropecuária em 2026. “A safra recorde de grãos em 2025 contou com condições climáticas bastante favoráveis, que podem não se repetir em 2026”, diz “Além disso, o aumento nos preços relativos de defensivos e fertilizantes tende a reduzir o seu uso, com impacto negativo sobre a produtividade”, considerou, acrescentando que, na pecuária, o BC projeta moderação no abate de bovinos, reflexo da crescente participação de fêmeas nos abates dos últimos anos, fator que pode reduzir a disponibilidade de animais.
Para o setor de serviços, a autoridade monetária espera um “avanço robusto” no ano que vem, embora inferior ao observado em 2025. Já para a indústria, a avaliação é a de que vai se sobressair como exceção o setor extrativo, cuja previsão aponta para nova alta relevante, sustentada por prognósticos favoráveis dos principais produtores de petróleo e minério de ferro.
Do lado da demanda, ainda sobre 2026, o BC acredita que a desaceleração do consumo das famílias deve refletir, entre outros fatores, um menor ritmo de expansão da população ocupada. “Em contrapartida, a resiliência da renda disponível das famílias deve contribuir para mitigar, em parte, a perda de dinamismo do consumo.”

