Mário Palumbo *
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No dia 12 de julho celebramos a festa de São João Gualberto, conhecido como herói do perdão, pouco conhecido como lutador contra as investiduras imperiais, nada conhecido como padroeiro das florestas da Itália e do estado de São Paulo.
João Gualberto, herói do perdão. Membro da ilustre e nobre família dos Visdomini, vivia no feudo do pai, onde eram sancionadas as próprias leis. Um primo dele mata o irmão para depois se apoderar da herança do feudo. A esta altura, o pai Gualberto fez juramento junto com o filho João para vingar-se. João com seus soldados encontra o assassino inerme e no momento da vingança, diante da súplica do assassino que lhe pede o perdão em nome de Cristo, tocado pelo Espírito Santo, joga fora a arma e abraça o assassino.
João Gualberto e a luta contra as investiduras. Muitas vezes, na Idade Média, o imperador nomeava bispos e abades de mosteiros, para apropriar-se dos bens da Igreja.
Após João ter concedido o perdão, tornou-se monge. Acontece que o mosteiro São Miniato onde vivia e a diocese de Florença receberam abade e bispo nomeados pelo Imperador, os quais não tinham nada a ver com os valores religiosos cristãos. A isso, João se opôs e, para fugir da perseguição, refugiou-se na floresta de Vallombrosa, onde fundou um mosteiro dedicando-o à Virgem da Assunção. Isso por volta do ano 1050.
Pela luta contra as Investiduras, o Papa Gregório VII chama João de “pai na fé”. Para debelar o câncer das Investiduras, apelou à Santa Sé mas não foi bem aceito, então, contra o direito canônico, apelou à prova do fogo. Reuniu o povo frente a uma grande fogueira e mandou passar seu discípulo Pedro através das chamas que não atingiram nenhuma parte das vestimentas do discípulo. Frente a esse acontecimento, o povo expulsou o bispo e o abade hereges.
João padroeiro das florestas. Os monges são famosos pelo ditado “ora et labora”, nisso baseavam suas vidas de oração que continuava no trabalho dos campos. Além do trabalho manual, os monges nos transmitiram toda a cultura grega e latina através da cópia dos amanuenses. Assim civilizaram a Europa. O mosteiro de Vallombrosa teve o grande mérito de iniciar o estudo científico das florestas. Proprietária de uma grande floresta que se estendia até Florença em 1200, a abadia teve que vender uma parte de sua propriedade. Conta-se nos anais da abadia que o comprador começou a cortar árvores, então os monges, juntamente com o abade, dirigiram-se até àquela pessoa, e ajoelhados, imploraram que não cortasse as árvores!
Em 1951, o escrevente Mario Palumbo era noviço a Vallombrosa. O então abade, Dom Emiliano Lucchesi, para salvar as florestas devastadas pela guerra, iniciou um trabalho de plantio de árvores pelas montanhas, juntamente com escolares e conseguiu que Pio XII declarasse João Gualberto padroeiro das florestas da Itália, e do Estado de São Paulo.
O abade Lucchesi estendeu este trabalho de conscientização ecológica para o Estado São Paulo. Conseguiu do prefeito de Florença, Giorgio la Pira, uma estátua em mármore de Carrara que doou à cidade de São Paulo e que está agora no Horto florestal. Na ocasião proferiu um discurso profético. Contou do estado lastimável que a guerra provocou nas florestas da Itália. Disse que o Brasil estava em condições ecológicas excelentes, mas que deveria cuidar dos seus bosques, caso contrário haveríamos de nos arrepender. Frente à devastação das florestas devido ao aquecimento global causado pela ganância humana, pedimos a João Gualberto que nos ajude para a sobrevivência humana tão ameaçada.
Com João Gualberto aprendamos o valor libertador do perdão, a luta contra toda espécie de dominação e o amor pela natureza em nossa casa comum.
* Professor e padre casado
João Gualberto…herói do perdão, lutador contra investiduras e Padroeiro das Florestas
